Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, março 29, 2009

Bebés com 24 Meses

A minha sobrinha fez esta semana 24 Meses e eu como “tio babado” lá fui à procura de uma prenda para ela. Procurei um brinquedo ou um jogo didáctico indicado para esta idade. Procurei em várias lojas mas nada encontrei.

Resolvi então dirigir-me a uma grande superfície que, como catedrais do consumo que são, certamente teriam algo indicado para os 24 Meses.
Percorrendo as prateleiras, de alto a baixo e da esquerda para a direita, vi um infindável número de possíveis prendas para os 6 Meses, 9 Meses, 12 Meses, 18 Meses e …36 Meses.
Julgando que estava a ler mal voltei a ver todas as prateleiras, quase brinquedo a brinquedo pegando num sem número de caixas e lendo as indicações das idades e apenas reconfirmei os meus receios iniciais; não havia brinquedos indicados especificamente para a idade de 24 Meses.
Resolvi interrogar-me pela razão de tal facto mas não cheguei a conclusão nenhuma. Não sou pediatra mas já assisti ao crescimento de vários bebés e dá para entender que a evolução que eles demonstram é quase semanal.
Todas as semanas fazem algo de novo e as suas capacidades psico-motoras evoluem ao longo dos dias, semanas e meses. Se todos meses evoluem, certamente não irão parar essa evolução aos 18 meses para retomar o desenvolvimento aos 36 Meses.
Noutra secção lá encontrei um livro-brinquedo indicado para bebés a partir dos 18 meses e fui ainda à secção dos Dvd´s comprar 3 Dvd´s. A minha sobrinha vai certamente ficar contente mas eu continuo inconformado por não ter encontrado algo que dissesse “Para bebés com 24 Meses”.
Numa altura em que se fala tanto da crise e da necessidade de descobrir “nichos de mercado” aqui fica a indicação que talvez possa estar aqui um “nicho de mercado”, ou seja, vender prendas para bebés com 24 meses.

sexta-feira, março 27, 2009

O estado da banca,....


Regressei ontem á noite aos debates ao vivo do nosso FRES, e, acima de tudo, foi um prazer rever os jovens companheiros de reflexão.

Entre os inúmeros temas debatidos, também o "estado" actual da Banca, foi motivo de troca de ideias,pelo que, me veio á mente uma fotografia que tirei Dezembro passado em Aveiro.


sábado, março 21, 2009

O Marketing Internacional...mais uma vez


A propósito do tema redescobrir o Marketing e da internacionalização das empresas portuguesas tão bem descrito pelo Otávio, considero que há aqui um tema deveras importante e um longo caminho a percorrer.

No contexto actual em que nos encontramos, ainda não sabemos se saídos totalmente de uma crise financeira mas certamente sentindo a crise económica, as empresas nacionais vivem momentos de angústia. Porque o mercado nacional é exíguo, pequeno e limitado para a sua actividade, porque o consumo interno caiu e não se sabe por quanto tempo assim permanecerá, uma vez que o mercado interno não é elástico, seja qual for o sector de actividade não permitindo por isso crescimentos contínuos e sustentados da actividade das nossas empresas.

O que daqui resulta é que temos obrigatoriamente que nos virar para o exterior. E os mercados destino não são já apenas aqueles onde confortavelmente temos estado presentes no passado. O mercado da UE, destino principal das nossas exportações, está em recessão, os nossos principais parceiros económicos crescem menos que Portugal. O desemprego afecta-os de forma significativa o que tem reflexos na sua procura interna e logo na compra dos nossos bens e serviços.

O que nos resta então? Outros mercados? E quais? Simples, alguém se lembra do mercado lusófono? Das relações económicas, sociais, empresariais, familiares, históricas, culturais, linguísticas ou outras que temos historicamente estabelecidas com aqueles países?

Neste âmbito, instituições como a CPLP, no seio da qual a constituição de um conselho económico e empresarial a funcionar plena e eficazmente, seria um instrumento imprescindível para o fortalecimento e benefício mútuo para os empresários e empresas dos seus países membros. O mesmo se diria ao nível das parcerias para o desenvolvimento de projectos de investimento nos países necessitados, recolhendo fundos e financiamentos onde o capital fosse mais abundante e disponível trabalhando assim num quadro de uma visão de plena cooperação. Portugal precisa. Os restantes membros da CPLP também precisam.

E tal seria ainda justificável ao nível da cooperação universitária, com o desenvolvimento de actividades de investigação co-financiadas pelos vários países em conjunto com vista a acelerar a inovação. Na criação e reforço da universalização da língua portuguesa, afinal um dos maiores activos desta lusitana nação. NA criação de cursos com equivalência universitária de modo a que os futuros licenciados posam usufruir de um mercado de trabalho alargado não apenas a um mas a vários países que ainda por cima falam a mesma língua.

Também as Câmaras de Comércio e Industria, as Associações Empresariais ou a AICEP, para citar três exemplos importantes de instituições incontornáveis neste processo, terão aqui um papel preponderante e fundamental. No aconselhamento aos empresários tendo em vista a sua internacionalização, na troca de informações de carácter empresarial entre parceiros dos vários países, colocando-os em contacto, na orientação para mercados ou segmentos específicos onde estão detectadas necessidades e oportunidades; na orientação para os aspectos legais e jurídicos; na ajuda e esclarecimento sobre as etapas a cumprir neste processo ou das instituições a contactar num processo de investimento além fronteiras naqueles países; na clarificação dos riscos e esforço financeiro necessário.

Estas instituições terão ainda um papel incontornável na ajuda à criação ou reforço de uma marca (individual ou colectiva) e na projecção da mesma em termos internacionais, no contacto com os canais de distribuição ou finalmente no contacto com as instituições congéneres de modo a construir uma ponte entre países

Também aos bancos pode ser acometido o papel, de advisers, parceiros de internacionalização, financiadores, orientadores do investimento. Os nossos bancos estão nalguns destes países e conhecem os mercados.

Só com uma estratégia concertada entre todos os actores económicos será possível ajudar as nossas empresas e empresários a estabelecer uma adequada estratégia de internacionalização.
Muitas das s nossas empresas querem, precisam, mas a maior parte desconhece as etapas, os riscos, as oportunidades e ameaças, constrangimentos ou os recursos necessários e indispensáveis à sua internacionalização. E para uma grande parte delas, esta é uma estratégia de sobrevivência. Quando talvez nem 15% das nossas PME´s desenvolvem actividade internacional, na maior parte dos casos recorrendo apenas às actividades de exportação.

quinta-feira, março 19, 2009

Redescobrir o Marketing

O Marketing também pode ser definido como o conjunto de iniciativas que visam estabelecer uma comunicação eficaz entre as empresas e os seus clientes.

Esta frase ( ou este conceito ) levam-me a pensar se poderá ser a ausência de um bom Marketing o que estará na origem do não crescimento e da não notoriedade de muitas empresas.
Outra questão bem diferente ( e quiçá mais problemática ) seria reconhecer que as empresas não têm uma boa estrutura de produção de bens ou de prestação de serviços. Se assim fosse, não haveria Marketing que as salvasse.
Mas vendo muitos pequenos exemplos de ideias e projectos bem concebidos e empresas com bons níveis de estrutura produtiva ou de prestação de serviços, volto-me para a importância por vezes negligenciada de se ter uma ( boa ) estratégia de Marketing.
Ocorrem-me muitos exemplos para ilucidar a importância do Marketing, tendo um bem recente ocorrido há cerca de 15 dias na EXPORT HOME ( Feira do Mobiliário, Iluminação e Artigos de Casa para Exportação ), que decorreu na EXPONOR entre 3 e 7 de Março.
Fica aqui apenas a transcrição da opinião de uma dupla de compradores internacionais:
“ Tomas & Simon, dupla sueca apresentadora de um programa de entretenimento semelhante ao da versão portuguesa «Querido mudei a casa», proprietários da loja LondonW8, em Estocolmo e decoradores de interiores, ficaram «extremamente surpreendidos» com a qualidade dos produtos expostos na 21ª edição da EXPORT HOME. O desconhecimento do trabalho feito em Portugal intrigou os decoradores, uma vez que pouco ouvem falar no trabalho que é feito cá, apesar da qualidade da mão-de-obra, dos próprios materiais e dos acabamentos que viram nas peças.”
Se existem muitos mais casos de empresas de qualidade em Portugal, devemos continuar a fazer esforços para divulgá-las, fazendo com que alcancem os mercados internacionais.

domingo, março 15, 2009

EQUAÇÃO DA VIDA

Os anglo-saxónicos na gestão global adoram números, bases matemáticas da vida diária, cada vez existem menos especialistas em números, mas temos mais viciados nos mesmos. É necessário!

Somos diariamente bombardeados com os números: quantidades, percentagens, valores, cêntimos, no café, na bomba de gasolina, supermercado, lojas, sempre com a Grande Ciência que é a Matemática presente, X €´s; Y unidades; promoção de A% no dia W, etc…a matemática e os seus resultados fazem também parte da Grande Ciência que é a nossa Vida!

Deste modo gostaria de falar da Equação da Vida! Sim…, pois considero que a Vida “per Si”, não é constituída apenas e só por uma Variável, mas sim por um conjunto multidisciplinar de Variáveis, tal como nas equações matemáticas.

Equações essas, constituídas por várias variáveis, umas mais complexas e de difícil compreensão que outras, mas todas com um resultado, positivo, de preferência!

Isso não significa que nos restringimos apenas e só a uma variável, dedicando apenas a nossa taxa de esforço nessa, mas sim na complementaridade e interligação das mesmas.

Vejamos por exemplo a Realização! Refiro-me a qualquer uma, isto é, pessoal, profissional, emocional, etc. Dificilmente, arranjaremos uma definição clara e quantificável. Já Maslow não conseguiria explicar sem a sua famosa e brilhante pirâmide.

Realização Pessoal = Família + Trabalho + Saúde + …Amigos, etc…

Doutra forma,

RP = F + T + S + A +etc…

Não quero tornar a complexidade da vida, nesta pequena frívola equação, mas de facto, pode- nos ajudar!

Sendo mais minucioso, por exemplo, uma pessoa não depende apenas e só de uma variável, por exemplo da tarefa que desempenha. Seríamos apenas títulos formais tais como Técnicos, Ministros, no fundo seríamos estandardizados e rotulados.

Uma pessoa é em simultâneo, um agente social, um profissional, um sobrinho, um amigo, um colega, uma complementaridade, recorrendo à linguagem informática, um “Bundle” Social!

Dentro de cada um destes itens, variáveis, papéis, se formos mais precisos, assertivos, rigorosos, melhores resultados obteremos em toda a Equação Global que é a VIDA.

Ex: + + + = +

Assim bem como mais forte, positiva e sólida fica a nossa variável, na sua extensão, no seu Global, logo a probabilidade da mesma vir a ter um resultado positivo da nossa EV (Equação da Vida), aumenta.

Alguns exemplos:

C + A + D + T = G, i.e, Concentração+Aperfeiçoamento+Diário+Tempo = Génio

Deixo-vos este desafio, fazendo a anologia com uma ponte:
-

Atravessariam uma ponte A, tendo esta apenas um pilar de sustentabilidade?
- Ou optariam pela B com mais pilares na sua base?
- Qual das duas poderá perdurar e resistir a trepidação diária dos peões, automóveis, camiões, ou até mesmo às intempéries ou eventuais terramotos?

Como disse um Colega Fresiano, Food for Thought!

Alexandre Motty

terça-feira, março 10, 2009

CRISE ESTRUTURANTE

Que estamos mergulhados numa crise económica não é novidade para ninguém.
Agora o interessante é escrutinar quando passará esta crise.

No ano de 2007 ouvíamos dizer que esse seria um ano mau e que o próximo provavelmente não seria melhor, e na realidade não foi.
Em 2008 ouvimos dizer que esse seria um ano mau e que o próximo provavelmente não seria melhor, e na realidade não parece estar a ser.
Em 2009 ouvimos dizer que este será mais um ano mau e que 2010 provavelmente não será melhor.
Para além deste recorrente e brilhante vaticínio de muitos analistas ( economistas e não economistas ), de que este será um ano mau e o próximo não parece vir a ser melhor, pouco se tem ouvido ou lido de interessante ou relevante.
A verdade é que os anos vão passando e o discurso das perspectivas de saída da crise ou de crescimento económico, pouco se alteram.
Habituados a ciclos económicos de períodos curtos onde se alternavam cíclica e regularmente os bons e os maus anos económicos, estamos nos dias de hoje perante realidades tendencialmente diferentes.
Já não é líquido que a crise seja conjuntural. Arrastando-se por demasiados anos é mais provável que ela se torne estrutural. Mas o que de certeza esta prolongada crise está a ser é uma crise estruturante.
Durante muitos anos os sistemas económicos e financeiros viveram na ilusão de que o dinheiro circularia sempre com grande fluidez. O crédito parecia ser um recurso inesgotável mas não era e não o está a ser agora.
Quer para empresas, quer para particulares, a concessão de crédito tornou-se muito mais rigorosa e difícil. Os bancos alegam que os critérios de rigor são maiores e de facto são. Mas também não é menos verdade que eles próprios têm ( muito ) menos liquidez para emprestar às empresas e aos particulares.
Tornando-se a escassez de dinheiro uma dura realidade, forçosamente temos alteração de comportamentos das empresas e dos particulares, ou seja, há todo um novo redimensionar de prioridades, e toda uma nova reconstrução das estruturas das vidas das empresas e particulares.
Uma das características imediatas é a forte diminuição do consumo. Dirão muitos que isso não é bom porque o consumo equivale à procura e é a procura de bens e serviços que estimula a economia. Pois é, só que ao olharem para os seus bolsos, nem empresas nem famílias têm dinheiro para “fazerem flores”. A hora é de aperto e sobrevivência. A prolongada crise tornou-se de facto estruturante e teremos de ser criativos para conseguirmos ultrapassá-la.
Não acontecerá neste ano ou no próximo. Poderá até levar anos a ultrapassá-la.
No limite estaremos no inicio de uma nova era onde as novas regras a que estamos a ser habituados a viver, não serão regras temporárias.
Elas poderão vigorar por muitos anos pelo que não vale a pena estarmos sentados à espera que aconteçam milagres.

domingo, março 08, 2009

Diplomacia económica portuguesa no contexto da crise internacional

Li atentamente o post anterior do meu colega Fresiano Mário relativo a ajuda do Presidente da República na visita a Alemanha e na questão do dossier Quimonda.

Em primeiro lugar e em jeito de complementaridade ao que foi dito gostaria de salientar que uma das competências constitucionais do PR também o são no âmbito da politica externa. E o que é politica externa actualmente? É a defesa das questões domésticas no plano internacional com um grande enfoque na diplomacia económica.

Com a globalização o cruzamento das questões internas versus questões externas passam a ser relevantes e a a velha dicotomia politica interna versus politica externa em economias globalizadas é um modelo gasto há muitos anos como é consensual em todos os especialistas de politica internacional.


Portugal como Estado-Membro da União Europeia e com um parceiro comercial relevante como a Alemanha é consensual que a aproximação do Presidente da República a Alemanha seja feita num quadro normal das relações bilaterais. Quem o negar ou criticar em primeiro lugar:

Não conhece a História Diplomatica de Portugal nem conhece as nossas prioridades de politica externa.

A Alemanha sempre foi um parceiro estratégico de portugal muito antes da chamada têndencia Iberista que existe na mente de alguns meios politicos. Foi sempre um investidor de relevância em Portugal e onde as empresas alemãs mais importantes sempre tiveram um papel de estratégico no impulso da economia nacional e da formação de recursos humanos em sectores como: Automóvel, Farmacêutico, Turismo, Componentes Eléctricas entre outros.

A questão da Quimonda não é apenas uma questão portuguesa mas sim europeia e que tem que se contextualizar no âmbito da crise económica internacional e da perda de competitividade das economias europeias em relação a Ásia e as dificuldades que as empresas europeias têm no âmbito das vendas internacionais com a diminuição da procura dos seus produtos em vários mercados externos.

Relevante isso sim e Portugal já devia estar preparado há muito era termos uma máquina diplomática profissionalizada e experiente do ponto de vista internacional para estar mais atenta em termos de prospectiva estratégica das grandes têndencias dos mercados internacionais e das mutações dai decorrentes que permitissem uma maior diversificação de mercados para as empresas portuguesas.

Desculpem o meu realismo politico de espectador comprometido na senda do sociólogo francês Raymond Aron mas não acredito que a questão da Qimonda vai ser resolvida pelos politicos já que é uma decisão empresarial que apenas diz respeito a Casa Mãe do grupo Qimonda.

O habitual sebastianismo português que tem que ser sempre os de fora a resolver os nossos problemas nacionais já está desacreditado.

Neste tempo de crise nacional económica e acima de tudo de ausência de valores temos que ter uma estratégia nacional de desenvolvimento apartidária e consensual entre todas as forças politicas e enquadrando essa estratégia no Concerto Europeu e com os nossos parceiros internacionais. A Alemanha neste momento também está a resolver as suas questões internas e por questões de nacionalismo económico o empresariado alemão vai dar prioridade aos seu mercado interno em qualquer decisão de investimento.

Portugal se também tem os chamados campeões empresariais nacionais também o Estado deve apoiar essas empresas para criar riqueza e fomentar as redes de cooperação entre as PME nacionais. Este tema ninguém fala.

A crise económica internacional afecta todos os Países mas alguns vão dar a volta por cima mais depressa que nós porquê? porque estes já arrumaram a casa estrutural há muitos anos e têm vontade e capacidade para o fazer. Aqui ainda andamos a discutir os mesmos temas de há 20 anos....... sempre numa base conjuntural.........para os media.....

terça-feira, março 03, 2009

A Ajuda do Presidente


Devemos louvar a atitude e iniciativa do Presidente da Republica na decisão de tomar também como sua responsabilidade a tal iniciativa de levar, na sua visita à Alemanha, uma proposta para viabilizar o futuro da Qimonda.

Visão rara de um homem também raro nos dias de hoje. A visão de quem percebe que o caminho é a união de esforços entre orgãos de soberania e entre aqueles que têm responsabilidades no governo da nação. Só um espírito de plena cooperação e visão estratégica, de entendimento dos verdadeiros problemas do país, leva alguém como o Presidente e fora de qualquer contexto político-partidário, a tal iniciativa. Longe, muito longe da diplomacia do croquete.

Cavaco entende a importância da Qimonda para a economia do país, na defesa de milhares de postos de trabalho, altamente qualificados, na defesa de um centro de investigação, tecnologia e know how, concentrados em Portugal que podem representar uma bandeira para o país. Na defesa do maior exportador nacional (mais do que a Petrogal e a Auto Europa). Por isso leva consigo empresários. Já antes Sampaio o havia feito também.

E a visão de Cavaco permitiu-lhe agir. Quando está em causa o segundo principal país de destino das nossas exportações e o maior exportador nacional (oriundo desse mesmo país) o Presidente age e visita a Alemanha.

E segundo fontes jornalísticas terá até sido o governo a solicitar essa ajuda do Presidente a qual não a renegou e se dispôs a colaborar. Denunciando um verdadeiro pensamento de economista e de homem clarividente. Fazem falta em Portugal homens, muitos homens, deste calibre.

É necessário defender especialmente as PME´s. Mas não basta apenas defender as PME´s. Não basta apenas falar mal de governos e políticos. É necessário valorizar governos e políticos quando trabalham bem. Quem não vir isto, não percebe nada de história. Da nossa história económica.

domingo, março 01, 2009

Porque razão os Portugueses não votam?

Cada vez mais aumenta a abstenção, menos gente a votar, sem contar com os votos nulos. Então porque não se verifica uma redução de mandatos? Assim, imaginemos que um dia apenas votavam 250 eleitores ... teríamos 250 deputados? Parece-me que uma forma de obrigar os eleitos a respeitarem quem vota e a serem coerentes com as sua promessas, seria reduzir os deputados na proporção dos votos nulos e da abstenção. Se não votam os 100% de eleitores, porque razão se deve considerar 100% de porcentagem na contagem final? Será que os eleitores cada vez mais deixam de exercer o seu voto por serem iletrados? Apolíticos? Ignorantes? Claro que não!! Deixaram de acreditar e consequentemente de votar, só que esse seu gesto de protesto não tem efeitos práticos, é como se deixassem de existir. Deste modo a frase " o voto é uma arma" deixa de ter sentido!
Nos anos 70, estava eu a cumprir o serviço militar, assisti a uma discussão entre militares do quadro permanente em que falavam das suas competências e qualidades, quando um deles, já farto da conversa rematou " deixem-se de tretas, nós só estamos  cá porque, no nosso tempo, quando chegamos à idade de trabalhar, só tínhamos 3 alternativas : ou íamos para a CP (caminhos de ferro) para a Polícia/GNR ou para a tropa (serviço militar)". Pois é, lembrei-me dessa situação e deparo-me com o seguinte : agora parece que só há uma alternativa para eles "ser político". A ser assim, já compreendo a qualidade dos políticos que temos, contudo reconheço que são espertos (não confundir com inteligentes), mesmo que "as gentes" não votem, os restantes continuam a contar 100%, assim estão sempre legitimados. Se só votarem 60% dos eleitores ... os outros 40% (entre abstenções e nulos) não significam nada? Então para que serve o VOTO?? E como recuperamos estes eleitores? Como comunicar com os eleitores? A comunicação, como sabemos, poder ser Verbal e Não Verbal. A verbal pode ser manipulada, dizer uma coisa e sentir outra (preferencialmente usada pelos políticos), enquanto a não verbal (salvo representação teatral) é espontânea, mais sincera e informa-nos do aqui e agora. Uma das formas de o constatar é através da expressão facial, onde podemos perceber no outro, entre outras coisas, se está triste, alegre, satisfeito ou irritado. Neste âmbito, quando os políticos falam, para além da representação teatral, o que observamos? Faces crispadas, sobrolhos franzidos, olhos "esbugalhados", dentes cerrados quando se lhes pergunta o porquê das suas atitudes e/ou decisões. É assim que esclarecem os eleitores? Transmitem serenidade, à vontade , confiança? Obviamente que não, pelo contrário, geram desconforto, mal estar, sentimentos de culpa (por ter votado) e por isso deixam de votar. Só que se enganam quando pensam manifestar o seu descontentamento, pois a sua atitude não vale nada, são classificados como desinteressados da "coisa pública" e como tal sem direitos, É como se não existissem, mas têm de continuar a pagar impostos. E os que votam NULO ou BRANCO? Foram lá ... também não existem? É por essas e por outras que se devia reduzir o número de deputados em função dos descontentes ou enganados, talvez assim se preocupassem mais com a EDUCAÇÃO dos portugueses para deixarem de estar na cauda da Europa.

69999

Sessenta e nove mil novecentos e noventa e nove.
Sendo um número consideravelmente grande o que quererá dizer?

Esta semana ficamos a conhecer que inscreveram-se nos centros de emprego e durante o mês de Janeiro deste ano 70000 novos desempregados.
Naturalmente ficamos impressionados e chocados com a dimensão do número de novos desempregados.
Eu contribuí para esse número pois fui um dos 70000 novos desempregados que se inscreveram nos centros de emprego.
Mas se é certo que me inscrevi no dia 2 de Janeiro, também é verdade que menos de 15 dias depois já estava a trabalhar noutra empresa pelo que o meu caso já não é o de um dos 70000 citados. Se a esse número subtrairmos o meu caso que no mesmo mês de Janeiro encontrei um novo emprego, teríamos então, não 70000 mas sim 69999 novos desempregados.
Acredito que o meu caso foi em parte uma questão de sorte. Desejo sinceramente que muitos desses outros 69999 colegas de infortúnio, tenham também sorte em breve.
Mas o meu caso não foi só de sorte. Trata-se de uma adaptação à realidade.
Saí por minha iniciativa da empresa onde trabalhei anteriormente durante cerca de 14 anos.
Saí numa altura de crise em que praticamente todos consideraram a minha decisão quase um “acto de loucura”. E de facto, em parte foi. Tenho 41 anos e já estou numa altura da vida em que muitas portas se fecham no mercado de trabalho.
Não deixa de ser um contra-senso. As empresas necessitam de profissionais competentes, qualificados, experientes, sérios, responsáveis e algumas destas qualidades só se adquirem com alguns anos de experiência. O certo é que tendo ou não muita experiência, sendo ou não um candidato com elevado valor profissional, esses factores são ignorados ou substituídos pelo factor idade.
Felizmente não foi esse o meu caso. Aceitei a primeira oferta que me surgiu pois o meu principal interesse é trabalhar. Outras oportunidades de emprego surgiram, inclusive vinda do Centro de Emprego mas que tive de declinar pois cruzou-se com a minha informação ao Centro de Emprego de que já estava a trabalhar. Mas fiquei agradavelmente surpreendido pois nas notícias que vemos na televisão, temos só casos de pessoas que se inscrevem e não são chamadas para ofertas de emprego.

Não creio que o meu seja só um caso de sorte ou de sucesso. Trata-se antes de um caso de adaptação onde se aceita novos desafios a todos níveis, de funções, remuneratórios, etc.
Aqui ressalta-me também um dado curioso. Alguns desempregados ao ser entrevistados perguntam “ Quem é que vai dar-me emprego para o nível de qualificações elevado que eu possuo ? “. Julgo que aqui reside um erro dos desempregados. O mercado nem sempre pode oferecer-nos trabalho de acordo com as nossas qualificações máximas. Será então altura de ter alguma dose de humildade e aceitar funções eventualmente menos qualificadas.
Trabalhar de forma séria e honesta nunca será desonra para ninguém.
Também existe o caso de muitos desempregados que não aceitam trabalhos em que ganhem menos do que estão a receber do subsídio de desemprego.
O mundo do desemprego e dos desempregados tem pano para mangas, sendo difícil ouvirmos falar das questões verdadeiramente importantes. Estão todos descansados se o desemprego estiver nos 7,8% e preocupados se subir para 8,1%, esquecendo-se que em qualquer dos casos estamos a falar de milhares de famílias que estão a enfrentar situações muito difíceis.