Sessenta e nove mil novecentos e noventa e nove.
Sendo um número consideravelmente grande o que quererá dizer?
Sendo um número consideravelmente grande o que quererá dizer?
Esta semana ficamos a conhecer que inscreveram-se nos centros de emprego e durante o mês de Janeiro deste ano 70000 novos desempregados.
Naturalmente ficamos impressionados e chocados com a dimensão do número de novos desempregados.
Eu contribuí para esse número pois fui um dos 70000 novos desempregados que se inscreveram nos centros de emprego.
Mas se é certo que me inscrevi no dia 2 de Janeiro, também é verdade que menos de 15 dias depois já estava a trabalhar noutra empresa pelo que o meu caso já não é o de um dos 70000 citados. Se a esse número subtrairmos o meu caso que no mesmo mês de Janeiro encontrei um novo emprego, teríamos então, não 70000 mas sim 69999 novos desempregados.
Acredito que o meu caso foi em parte uma questão de sorte. Desejo sinceramente que muitos desses outros 69999 colegas de infortúnio, tenham também sorte em breve.
Mas o meu caso não foi só de sorte. Trata-se de uma adaptação à realidade.
Saí por minha iniciativa da empresa onde trabalhei anteriormente durante cerca de 14 anos.
Saí numa altura de crise em que praticamente todos consideraram a minha decisão quase um “acto de loucura”. E de facto, em parte foi. Tenho 41 anos e já estou numa altura da vida em que muitas portas se fecham no mercado de trabalho.
Saí por minha iniciativa da empresa onde trabalhei anteriormente durante cerca de 14 anos.
Saí numa altura de crise em que praticamente todos consideraram a minha decisão quase um “acto de loucura”. E de facto, em parte foi. Tenho 41 anos e já estou numa altura da vida em que muitas portas se fecham no mercado de trabalho.
Não deixa de ser um contra-senso. As empresas necessitam de profissionais competentes, qualificados, experientes, sérios, responsáveis e algumas destas qualidades só se adquirem com alguns anos de experiência. O certo é que tendo ou não muita experiência, sendo ou não um candidato com elevado valor profissional, esses factores são ignorados ou substituídos pelo factor idade.
Felizmente não foi esse o meu caso. Aceitei a primeira oferta que me surgiu pois o meu principal interesse é trabalhar. Outras oportunidades de emprego surgiram, inclusive vinda do Centro de Emprego mas que tive de declinar pois cruzou-se com a minha informação ao Centro de Emprego de que já estava a trabalhar. Mas fiquei agradavelmente surpreendido pois nas notícias que vemos na televisão, temos só casos de pessoas que se inscrevem e não são chamadas para ofertas de emprego.
Não creio que o meu seja só um caso de sorte ou de sucesso. Trata-se antes de um caso de adaptação onde se aceita novos desafios a todos níveis, de funções, remuneratórios, etc.
Aqui ressalta-me também um dado curioso. Alguns desempregados ao ser entrevistados perguntam “ Quem é que vai dar-me emprego para o nível de qualificações elevado que eu possuo ? “. Julgo que aqui reside um erro dos desempregados. O mercado nem sempre pode oferecer-nos trabalho de acordo com as nossas qualificações máximas. Será então altura de ter alguma dose de humildade e aceitar funções eventualmente menos qualificadas.
Trabalhar de forma séria e honesta nunca será desonra para ninguém.
Também existe o caso de muitos desempregados que não aceitam trabalhos em que ganhem menos do que estão a receber do subsídio de desemprego.
O mundo do desemprego e dos desempregados tem pano para mangas, sendo difícil ouvirmos falar das questões verdadeiramente importantes. Estão todos descansados se o desemprego estiver nos 7,8% e preocupados se subir para 8,1%, esquecendo-se que em qualquer dos casos estamos a falar de milhares de famílias que estão a enfrentar situações muito difíceis.
1 comentário:
Excelente Otávio.
Retrato frio mas sério, verdadeiro e honesto da situação do desemprego no país. Todos os problemas que afloras são de facto verdadeiros.
Pena é que entre aqueles que, desiludidos por não encontrarem emprego nem ofertas do mesmo há muito tempo, desistindo de manter a procura, simplesmente são abatidos do grupo de desempregados, ou seja, são abatidos à população activa!!
O que dizer disto? Que soluções? Creio que será aqui que o governo deverá investir toda a sua energia naquilo que se chama os verdadeiros apoios à economia real, i.e. motivar e incentivar, premiando, as empresas a criarem empregos.
O país precisa, as familias precisam, o povo agradece. Todos ganham.
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