Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, março 08, 2009

Diplomacia económica portuguesa no contexto da crise internacional

Li atentamente o post anterior do meu colega Fresiano Mário relativo a ajuda do Presidente da República na visita a Alemanha e na questão do dossier Quimonda.

Em primeiro lugar e em jeito de complementaridade ao que foi dito gostaria de salientar que uma das competências constitucionais do PR também o são no âmbito da politica externa. E o que é politica externa actualmente? É a defesa das questões domésticas no plano internacional com um grande enfoque na diplomacia económica.

Com a globalização o cruzamento das questões internas versus questões externas passam a ser relevantes e a a velha dicotomia politica interna versus politica externa em economias globalizadas é um modelo gasto há muitos anos como é consensual em todos os especialistas de politica internacional.


Portugal como Estado-Membro da União Europeia e com um parceiro comercial relevante como a Alemanha é consensual que a aproximação do Presidente da República a Alemanha seja feita num quadro normal das relações bilaterais. Quem o negar ou criticar em primeiro lugar:

Não conhece a História Diplomatica de Portugal nem conhece as nossas prioridades de politica externa.

A Alemanha sempre foi um parceiro estratégico de portugal muito antes da chamada têndencia Iberista que existe na mente de alguns meios politicos. Foi sempre um investidor de relevância em Portugal e onde as empresas alemãs mais importantes sempre tiveram um papel de estratégico no impulso da economia nacional e da formação de recursos humanos em sectores como: Automóvel, Farmacêutico, Turismo, Componentes Eléctricas entre outros.

A questão da Quimonda não é apenas uma questão portuguesa mas sim europeia e que tem que se contextualizar no âmbito da crise económica internacional e da perda de competitividade das economias europeias em relação a Ásia e as dificuldades que as empresas europeias têm no âmbito das vendas internacionais com a diminuição da procura dos seus produtos em vários mercados externos.

Relevante isso sim e Portugal já devia estar preparado há muito era termos uma máquina diplomática profissionalizada e experiente do ponto de vista internacional para estar mais atenta em termos de prospectiva estratégica das grandes têndencias dos mercados internacionais e das mutações dai decorrentes que permitissem uma maior diversificação de mercados para as empresas portuguesas.

Desculpem o meu realismo politico de espectador comprometido na senda do sociólogo francês Raymond Aron mas não acredito que a questão da Qimonda vai ser resolvida pelos politicos já que é uma decisão empresarial que apenas diz respeito a Casa Mãe do grupo Qimonda.

O habitual sebastianismo português que tem que ser sempre os de fora a resolver os nossos problemas nacionais já está desacreditado.

Neste tempo de crise nacional económica e acima de tudo de ausência de valores temos que ter uma estratégia nacional de desenvolvimento apartidária e consensual entre todas as forças politicas e enquadrando essa estratégia no Concerto Europeu e com os nossos parceiros internacionais. A Alemanha neste momento também está a resolver as suas questões internas e por questões de nacionalismo económico o empresariado alemão vai dar prioridade aos seu mercado interno em qualquer decisão de investimento.

Portugal se também tem os chamados campeões empresariais nacionais também o Estado deve apoiar essas empresas para criar riqueza e fomentar as redes de cooperação entre as PME nacionais. Este tema ninguém fala.

A crise económica internacional afecta todos os Países mas alguns vão dar a volta por cima mais depressa que nós porquê? porque estes já arrumaram a casa estrutural há muitos anos e têm vontade e capacidade para o fazer. Aqui ainda andamos a discutir os mesmos temas de há 20 anos....... sempre numa base conjuntural.........para os media.....

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Excelente reflexão Alfredo.

Tocas nos aspectos reais e nas fraquezas da diplomacia portuguesa, a qual, quero referir, tem vindo a inverter o rumo negativo do passado.

Ainda como dizes e bem, que os problemas empresariais devem ser resolvidos pelos empresários, a própria diplomacia politica na vertente económica tem que dar o seu contributo.