1. O Presidente da República denunciou boas intenções e percebe-se claramente o que pensa: não aceitou a recomposição do governo apresentada pelo Primeiro Ministro e pela coligação que lidera, nem aparenta confiar neste elenco governamental. Acredita que só com um pacto de regime o problema da ingovernabilidade e da instabilidade política se resolve e só assim se reforçará a credibilidade externa do país, claramente afetada, no seu pensamento, pela ação do governo em funções.
2. O problema é que o PR coloca todos os partidos do arco da governação entre a espada e a parede, deixando PSD, CDS e PS em certa desorientação. Os primeiros estão ainda atordoados e o PS refém da sua própria estratégia de oposição demonstrada nos tempos mais recentes porque não se quer associar a este governo e à sua imagem, correndo o risco de, daqui a 1 ano, estar a ser confundido e conectado com a atual coligação com o risco de vir a ser penalizado pelos eleitores.
3. Dito isto, o PR foi bem intencionado, pois não restam dúvidas que um pacto de regime é indispensável e o país reclama há muito por ele (o problema é que com estes protagonistas políticos a coisa não vai lá ou irá lá de forma muito difícil) acabou por gerar uma perigosa confusão e desnorte obrigando, e bem, a que os responsáveis dos principais partidos se atirem ao diálogo e à concertação partidária.
4. Há quem afirme que os mercados e a troika, conhecendo bem (ou não) a situação política, irão perder alguma da confiança restabelecida. Não sabemos. Nos dias que se seguiram à demissão do líder do CDS e Ministro dos Negócios Estrangeiros, os mercados reagiram negativamente. Hoje ainda, o país paga a fatura dado que as taxas de juros da dívida a 10 anos atingiram, de novo, os 8%. O futuro o dirá. Mas o futuro também nos diz que é indispensável um pacto de regime ou um governo que chame à responsabilidade os partidos com essa maior responsabilidade no sistema politico nacional.
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