Nem sempre se percebe a importância e o papel que desempenham as Instituições nas sociedades. Quer sejam boas ou más, não há sociedades sem Instituições (sejam elas bancos, ONG, associações públicas ou privadas, outras organizações da sociedade civil, clubes seja qual for a sua missão, sindicatos, o sistema de justiça ou educação, as ordens, empresas ou mesmo organizações como a máfia, os ecologistas, a Cosa Nostra ou o Ku Klux Klan).
E as Instituições têm hoje e tiveram sempre, um papel decisivo na construção da democracia (ou na falta dela), no progresso, no crescimento, na solidariedade, na evolução tecnológica, no bem estar e no avanço e desenvolvimento das sociedades. Daí muitos autores e investigadores sócio-económicos fazerem a destrinça entre Instituições Extrativas (que extraem a riqueza e os recursos da sociedade em prol de uma elite ou minorias - como aconteceu por exemplo no tempo da escravatura ou em muitos países subdesenvolvidos) e as Instituições Inclusivas (que fazem o oposto, i.e. redistribuem essa riqueza e os recursos em prol de toda a comunidade).
A tese destes investigadores é que estas últimas conduzem ao progresso e ao desenvolvimento humano, económico e social ao passo que as primeiras levam ao subdesenvolvimento, aos desvios civilizacionais, à corrupção e à pobreza.
A propósito desta ideia e situando esta tese apenas no contexto europeu, são inúmeras vezes apresentadas as comparações entre os países nórdicos, e os países do sul da Europa no que ao quadro institucional diz respeito. Os primeiros, são associados a países com uma forte estrutura Institucional, sólida, estável, equilibrada, eficiente e justa. A estes fatores são associados o que se costuma designar por uma forte componente de capital social (i.e. as pessoas, os seus comportamentos e as suas qualificações). Podemos identificar aqui países como a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia, a Noruega ou a Áustria, por exemplo.
Já aos do Sul, associa-se por vezes, uma fraca estrutura Institucional e uma mais fraca componente de capital social, o que seria o caso de Portugal, Grécia, Itália ou Espanha, por exemplo.
E é sobre as instituições cívicas das sociedades que incide esta reflexão. Estas, não só as publicas e oficiais (vistas como as governamentais) mas as cívicas e privadas, têm um papel cada vez mais importante. Esta é a opinião de muitos estudiosos e investigadores destas matérias. Quero salientar com o exemplo do FRES.
Neste grupo discute-se a politica económica e social do país, a educação, as leis, o sistema eleitoral, a economia e a justiça, a sociedade, a demografia e o que desejamos que seja o rumo do país no futuro. Ao discutir estas temas, aprofundamos, porque nos confrontamos com opiniões contrárias, a nossa própria visão sobre a sociedade, o país e o mundo. Confirmamos ou alteramos por vezes a nossa visão sobre a politica, a economia, a justiça, ou pelo menos, vincamos, nalguns casos, ainda mais a nossa visão.
Por isso nos tornamos cidadãos mais conscientes, informados, conhecedores e ativos, o que nos leva a estar mais atentos à politica e aos políticos, às decisões que estes tomam por nós, e assim, estamos mais conscientes e exigentes ao votar ou ao desejar associarmo-nos a outros grupos e movimentos. Este processo pode funcionar assim com outro tipo de ligações que possamos ter a outros tipos de Instituições. Se formos adeptos do desporto e formos sócios do Sporting ou do Benfica, estaremos mais informados sobre o desporto e as atividades desportivas. Se estivermos ligados ao grupo paroquial da nossa paróquia, estaremos mais atentos e participativos nas ações de carater social e humanitário deste grupo.
Quer estejamos ideologicamente mais inclinados à esquerda, ao centro ou à direita, tornamo-nos melhores cidadãos pois tomamos as nossas decisões mais conscientes e melhor informados estando mais aptos e dispostos à ação. Em suma, é isso que as instituições (como o FRES e outras) nos trazem e é esse o seu legado.
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