O Sociólogo António Barreto e cronista do Jornal Público, manifestou na rubrica com o título sugestivo “ Gostaria”, alguns dos seus desejos para 2009.
Começa por dizer que
“ Não vale a pena ter esperanças desmedidas para 2009. Mas podem formular-se votos modestos.”…acrescentando “Os meus votos são modestos. Não são excessivos, nem irrealistas. Custam pouco dinheiro ou nenhum.”
“ Não vale a pena ter esperanças desmedidas para 2009. Mas podem formular-se votos modestos.”…acrescentando “Os meus votos são modestos. Não são excessivos, nem irrealistas. Custam pouco dinheiro ou nenhum.”
Os votos que António Barreto expressa são o espelho do que muitos Portugueses anseiam ano após ano: Melhorias nos Sistemas Judiciais e Educativo; Melhor aplicação dos dinheiros públicos, sobretudo quando envolvem projectos de grandes dimensões como os projectos na Área dos Transportes e Comunicações, como são os casos do Novo Aeroporto de Lisboa, do TGV e das novas Auto-Estradas; um olhar mais próximo do Governo em relação às necessidades reais dos cidadãos e das pequenas e médias-empresas, dado os interesses das grandes empresas e instituições, bancárias ou de outros sectores, parecerem contar já com o apoio do Governo.
São legítimos os votos de António Barreto. Todos eles, se concretizados, poderiam trazer uma inversão nas tendências actuais, implicando melhorias significativas para um elevado número de Portugueses. Quanto a não serem excessivos ou irrealistas, as minhas certezas já não são tantas.
Os desejos concretizam-se quando há encontro de vontades. Se só uma das partes tem o desejo ( e nem sequer tem o poder para a concretizar ), dependendo da vontade de terceiros, tornam-se muito difíceis as concretizações desses desejos. Por muito simples e modestos que sejam, por muito pouco ou nenhum dinheiro que necessitem, eles serão sempre e apenas, desejos.
Num cenário de crise mundial, começam a multiplicar-se os apelos para a cooperação.
Um dos argumentos utilizados é o de que a crise é geral, a todos afecta e daí todos termos de unir esforços para a combater.
Um dos argumentos utilizados é o de que a crise é geral, a todos afecta e daí todos termos de unir esforços para a combater.
Estará porventura aqui uma das grandes falsidades que nos querem “impingir”.
A crise não é geral, nem afecta todas as empresas e todos os cidadãos da mesma maneira.
Aqueles que mais sofrem gostariam de contar com apoio e necessitariam de alguma real solidariedade dos que menos ou nada estão a sofrer. Mas se alguém está bem, porque irá prescindir da sua riqueza ou do seu bem-estar para ir em auxílio dos que estão piores e carentes de ajuda? Esse problema não é dos ricos, dos poderosos ou dos que não sendo ricos, estão consideravelmente melhores que uma crescente faixa da população que se vê mergulhada numa crise de dívidas, desemprego e total falta de perspectivas presentes ou futuras.
Aqueles que mais sofrem gostariam de contar com apoio e necessitariam de alguma real solidariedade dos que menos ou nada estão a sofrer. Mas se alguém está bem, porque irá prescindir da sua riqueza ou do seu bem-estar para ir em auxílio dos que estão piores e carentes de ajuda? Esse problema não é dos ricos, dos poderosos ou dos que não sendo ricos, estão consideravelmente melhores que uma crescente faixa da população que se vê mergulhada numa crise de dívidas, desemprego e total falta de perspectivas presentes ou futuras.
O que resta então aos que esperam uma melhor actuação dos Governantes e dos Ricos e Poderosos ? Muito pouco, resta-lhes sobretudo contarem consigo próprios, terem a coragem e a ousadia de buscarem nichos de mercados ou oportunidades. Mais do que nunca, as migalhas também são pão. É esse o pão dos mais necessitados, um pão formado de migalhas que terão de ser suficientes para garantir a sua subsistência.
Pouca coisa acontece na vida por desejos unilaterais. Para que as coisas aconteçam é necessário haver força de vontade, mas é ainda mais necessário que (todas) as partes envolvidas tenham vontade de fazer força, o que só acontece quando há benefícios mútuos.
2 comentários:
Estimado Otávio
É um facto que a crise não afecta todos. Pelo menos de igual forma. Se tal assim não fosse, talvez a união de esforços corresse num outro sentido. Mas gosto especialmente da ideia de que "as migalhas também são pão". Excelente.
Mas da parte de quem pode fazer mudar o conceito de solidariedade (Estado, governos, empresários )poucas migalhas se partilham por aqui neste rectângulo à beira mar plantado.
Abraço
Caro Otávio,
gostei particularmente da forma como terminaste a mensagem, de forma memorável e impactante, pelo menos para mim - só surgirá a vontade de fazer força quando existir benefício mútuo para ambas as partes - não será desta matéria de ideia que é feito o sucesso ou insucesso de qualquer economia, desde o nível mais macro (relação entre nações) ao nível mais micro (empresas e famílias)?
Abraço.
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