Porque choram tantas mulheres?
Porque não as escutamos?
Porque não as escutamos?
Porque muitos homens transformam as suas mulheres no escape para as suas frustrações e tratam-nas com tanta violência que até as matam?
O observatório das Mulheres Assassinadas da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) anunciou esta semana no Porto que o número das vítimas mortais da violência doméstica quase duplicou este ano em relação a 2007, tendo passado de 21 para 40 casos.
Para contrabalançar estes assustadores números, temos a boa notícia de que o Conselho de Ministros aprovou a Proposta de Lei que estabelece o regime jurídico aplicável à prevenção da violência doméstica e à protecção e assistência das suas vítimas.
Tarde demais para muitas mulheres, mas esperemos que a tempo de salvar muitas vidas, o Governo pretende assim reforçar a luta contra a violência doméstica. Teleassistência para vítimas, pulseiras electrónicas e prisão fora do flagrante delito para os agressores, são algumas das mudanças que se pretende introduzir.
Talvez esta nova lei não seja suficiente mas é importante. Como importante seriam campanhas de sensibilização aos homens para que tratem com respeito e dignidade as mulheres.
Enquanto os gritos das mulheres que sofrem, forem gritos surdos que não chegam aos nossos ouvidos, não serão demais as vozes dos que se levantam contra a violência doméstica.
Porque choram tantas mulheres?
Porque não as escutamos?
Porque não as escutamos?
O silêncio ouve-se quando nos calamos
3 comentários:
Infelizmente, os maus tratos não se cingem apenas aos físicos mas também aos verbais, psicológicos, emocionais, económicos, sociais, etc.
O silêncio pode dever-se a factores como por exemplo: se fizer algo, é mais maltratada, sente vergonha ou humilhação; pode também implicar uma mudança de casa com os filhos, processo que nunca é pacífico.
Presentemente existem recursos de apoio, como por exemplo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, mas todos os contributos serão importantes para combater o flagelo da violência doméstica.
O número de vitimas mortais de violência doméstica não pára de aumentar sendo hoje de 43 para os onze primeiros meses do presente ano.
Consultando a APAV verifica-se que a maioria das vitimas de violência doméstica é-o na sua própria residência, são casadas, a maior parte dos casos ocorre em Lisboa, depois Porto e logo a seguir Faro.
A maioria desta mulheres não sabe ler nem escrever porém este grau de violência é transversal a vários níveis de formação, desde o 1º,2º e 3º ciclo até ao ensino superior, sendo quase equivalente a percentagem de violência entre estes graus de escolaridade.
De facto, uma das sugestões apresentadas às mulheres vitimas é mesmo gritar como meio de denúncia destas agressões.
O problema é que o medo, as represálias e a vergonha as impede, na maioria das vezes, de agir, quanto mais de gritar.
Apenas chamaria a atenção para o facto de cada vez mais cedo entre os jovens (mesmo na fase de namoro ou pré-casamento, juntamento)se verificarem casos de extrema violência de cariza doméstico.
Serão estes sinais da já propalada disfunção das sociedades modernas, exigentes e competitivas?
Mário de Jesus
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