Os dias conturbados que vivemos marcados pelas mais recentes turbulências nos mercados financeiros, bem como alguns artigos de opinião aqui editados últimamente levaram-me a “regressar” a este espaço com algumas reflexões que gostaria de partilhar com a nossa comunidade.
Se uma coisa esta crise está a demonstrar é o facto de que a economia de mercado livre funciona, ou seja, assistimos ao rebentar de uma série de bolhas especulativas que vinham sendo criadas nos últimos tempos em volta do chamado mercado do sub-prime,... mas não só.
De seguida observamos a intervenção dos bancos centrais e dos governos de diversos países agindo de uma forma directa e mesmo, em alguns casos, no sentido da nacionalização de um conjunto de instituições ( “injecção de capitais nos mercados financeiros” ).
O plano Paulson ( 700 mil milhões de dolares ) de dinheiro vindo directamente do bolso dos contribuintes fizeram-me lembrar o economista norte americano Milton Friedman galardoado em 1976 com o prémio Nobel , numa das suas diversas teorias sobre as diferentes formas de “aplicar” dinheiro.
“Gastar” o dinheiro de terceiros em terceiros, é, regra geral, a forma mais despreocupada. “Ninguém gasta o dinheiro dos outros tão cuidadosamente quanto gasta o seu” dizia Friedman.
Ou seja durante anos um conjunto de “especialistas” financeiros investiram o dinheiro de terceiros em terceiros ( produtos ), que agora se constata, pouco sustentados do ponto de vista financeiro( “elevada exposição ao risco ), muitas vezes altamente recomendados pelas “agências” de rating estimulando uma procura desmedida (vendendo gato por lebre ) a estes “produtos tóxicos” que rápidamente se transformaram numa fonte de receitas lucrativa ,.... a velha máxima do aumento da procura a estimular a cotação em bolsa, só que a bolha rebentou e agora ninguém quer ficar com os outrora tão cobiçados “Produtos”....por que razão ?
De seguida vêm politicos de todos os quadrantes argumentar que se deve regulamentar mais os mercados financeiros através de uma supervisão mais apertada..... , mas regular o quê? E como ? estas medidas contrariam em tudo a teoria da economia livre de mercado que para funcionar deve ser “des-regulado” descongelado e livre de barreiras.
Acredito como Milton Friedman no sucesso de uma economia liberal , que, desafiando todas as teorias dominantes a respeito das causas da Grande Depressão de 1929, afirmou que foi o excesso e não a falta de intervenção governamental a responsável pela maior crise até então vivida pelo sistema capitalista. “A Grande Depressão nos Estados Unidos, longe de ser um sinal da instabilidade inerente do modelo de empresa privada, constitui testemunho de quanto mal pode ser feito por erros de um pequeno grupo de pessoas , quando estas, dispõem de poderes vastos sobre o sistema monetário de um país”, testemunhou Friedman cuja crítica generalizada ao intervencionismo governamental ( representada pelo Federal Reserve System que, no caso dos Estados Unidos corresponde ao Banco Central) foi sempre um dos seus alvos predilectos.
Até é possível que estes erros (cometidos pelo FRS no período da Grande Depressão) possam eventualmente ser desculpados na base do conhecimento disponível naquela ocasião – embora Friedman achasse que não.
Qualquer sistema que dê tanto poder a uma oligarquia e que podendo originar situações tão severas e amplas é um mau sistema.
Desafiando as correntes de opinião do momento e fazendo jus á memória de Milton Friedman ( brilhante mas também muito polémico ), lanço aqui um desafio á reflexão sobre se a saída da crise, porventura não estará tão mais na consciencialização individual dos agentes intervenientes na actividade de gerir/aplicar dinheiro ( próprio e de terceiros) como se do próprio capital se tratasse, investindo com prudência e ponderação travando assim a “ganância colectiva de um grupo de poucos movidos por interesses e estimulos pessoais de curto prazo?
E estes agentes, afinal, somos todos nós pessoas individuais que em maior ou menor escala aplicamos os nossos dinheiros quer directa quer indirectamente no “mercado”, procurando satisfações , explicações, juntando informação, criando uma opinião própria e , mais importante do que isso agir em vez de observar.
Se por um lado a situação é grave, por outro lado abriu-se uma janela de oportunidade, para investir,(de momento o mercado de capitais está interessante para quem queira comprar sensatamente), o mercado imobiliário apresenta agora casas a preço de saldo e mais do que nunca é necessário que se continue com um “padrão” de consumo saudável e “regrado” para que uma crise financeira não se torne também numa crise económica acabando por afectar de uma forma mais drástica toda a sociedade.
Se uma coisa esta crise está a demonstrar é o facto de que a economia de mercado livre funciona, ou seja, assistimos ao rebentar de uma série de bolhas especulativas que vinham sendo criadas nos últimos tempos em volta do chamado mercado do sub-prime,... mas não só.
De seguida observamos a intervenção dos bancos centrais e dos governos de diversos países agindo de uma forma directa e mesmo, em alguns casos, no sentido da nacionalização de um conjunto de instituições ( “injecção de capitais nos mercados financeiros” ).
O plano Paulson ( 700 mil milhões de dolares ) de dinheiro vindo directamente do bolso dos contribuintes fizeram-me lembrar o economista norte americano Milton Friedman galardoado em 1976 com o prémio Nobel , numa das suas diversas teorias sobre as diferentes formas de “aplicar” dinheiro.
“Gastar” o dinheiro de terceiros em terceiros, é, regra geral, a forma mais despreocupada. “Ninguém gasta o dinheiro dos outros tão cuidadosamente quanto gasta o seu” dizia Friedman.
Ou seja durante anos um conjunto de “especialistas” financeiros investiram o dinheiro de terceiros em terceiros ( produtos ), que agora se constata, pouco sustentados do ponto de vista financeiro( “elevada exposição ao risco ), muitas vezes altamente recomendados pelas “agências” de rating estimulando uma procura desmedida (vendendo gato por lebre ) a estes “produtos tóxicos” que rápidamente se transformaram numa fonte de receitas lucrativa ,.... a velha máxima do aumento da procura a estimular a cotação em bolsa, só que a bolha rebentou e agora ninguém quer ficar com os outrora tão cobiçados “Produtos”....por que razão ?
De seguida vêm politicos de todos os quadrantes argumentar que se deve regulamentar mais os mercados financeiros através de uma supervisão mais apertada..... , mas regular o quê? E como ? estas medidas contrariam em tudo a teoria da economia livre de mercado que para funcionar deve ser “des-regulado” descongelado e livre de barreiras.
Acredito como Milton Friedman no sucesso de uma economia liberal , que, desafiando todas as teorias dominantes a respeito das causas da Grande Depressão de 1929, afirmou que foi o excesso e não a falta de intervenção governamental a responsável pela maior crise até então vivida pelo sistema capitalista. “A Grande Depressão nos Estados Unidos, longe de ser um sinal da instabilidade inerente do modelo de empresa privada, constitui testemunho de quanto mal pode ser feito por erros de um pequeno grupo de pessoas , quando estas, dispõem de poderes vastos sobre o sistema monetário de um país”, testemunhou Friedman cuja crítica generalizada ao intervencionismo governamental ( representada pelo Federal Reserve System que, no caso dos Estados Unidos corresponde ao Banco Central) foi sempre um dos seus alvos predilectos.
Até é possível que estes erros (cometidos pelo FRS no período da Grande Depressão) possam eventualmente ser desculpados na base do conhecimento disponível naquela ocasião – embora Friedman achasse que não.
Qualquer sistema que dê tanto poder a uma oligarquia e que podendo originar situações tão severas e amplas é um mau sistema.
Desafiando as correntes de opinião do momento e fazendo jus á memória de Milton Friedman ( brilhante mas também muito polémico ), lanço aqui um desafio á reflexão sobre se a saída da crise, porventura não estará tão mais na consciencialização individual dos agentes intervenientes na actividade de gerir/aplicar dinheiro ( próprio e de terceiros) como se do próprio capital se tratasse, investindo com prudência e ponderação travando assim a “ganância colectiva de um grupo de poucos movidos por interesses e estimulos pessoais de curto prazo?
E estes agentes, afinal, somos todos nós pessoas individuais que em maior ou menor escala aplicamos os nossos dinheiros quer directa quer indirectamente no “mercado”, procurando satisfações , explicações, juntando informação, criando uma opinião própria e , mais importante do que isso agir em vez de observar.
Se por um lado a situação é grave, por outro lado abriu-se uma janela de oportunidade, para investir,(de momento o mercado de capitais está interessante para quem queira comprar sensatamente), o mercado imobiliário apresenta agora casas a preço de saldo e mais do que nunca é necessário que se continue com um “padrão” de consumo saudável e “regrado” para que uma crise financeira não se torne também numa crise económica acabando por afectar de uma forma mais drástica toda a sociedade.
Mais sobre o tema de uma “forma humoristica” em :
http://www.invertired.com/quimu/videos/25/34
6 comentários:
Estimado Henrique
em primeiro lugar estimo ter-te de novo por aqui entre nós fresianos. Já lá ia algum tempo deste a tua última presença. Muitos de nós temos perguntado por ti.
Depois para participar neste excelente artigo de reflexão.
Também eu acredito (como tu e Milton Friedman) e sou um defensor da economia liberal (que não significa o mesmo que capitalismo selvagem - que é o que temos assistido). Dizes e bem que, mais do que a falta de controlo e supervisão, foi a ganância a culpada destes erros e fracassos. Eu acrescentaria fraudes.
Porque é de fraudes que falamos. Os culpados foram todos identificados (as fotos e nomes vieram nos jornais). Os Administradores dessas grandes casas financeiras, permitiram que se desenvolvesse a crença que produtos "tóxicos" eram altamente rentáveis, para apresentarem lucros astronómicos e assim ganharem salários e prémios igualmente astronómicos.
Por isso ignoraram o risco dos mesmos e por isso permitiram que dealers um pouco por todo o lado ganhassem igualmente milhões (os verdadeiros e directos jogadores dessa roleta)pois era do seu interesse manter a manipulação do mercado. No mínimo deviam estar todos encarcerados.
A hipocrisia total é que são agora os contribuintes (os que já antes pagavam impostos) que mais cedo ou mais tarde pagarão ambém e ainda por cima, esta factura (Planos Paulson e outros um pouco por toda a Europa).
Porque aqueles senhores, com contas nos paraísos fiscais não as pagarão certamente.Nem tampouco as casas financeiras pagavam os impostos que lhes eram devidos, as quais, muitas delas refugiavam os seus gigantescos lucros em offshores. E a politica americana foi permitindo isto ao longo dos tempos. Porque seria?
Quem seria que pagou as campanhas politicas presidenciais e partidárias americanas?
E foi assim, como de nenúfar em nenúfar, que a estupidez do liberalismo americano infestou toda a Europa e quiçá o resto do mundo.
Um abraço
Estimado Mario,
è com todo o gosto que, de alguma forma, e sempre que possivel, estou disposto a colaborar com este NOSSO Forum . Muito Obrigado pelos teus comentários que subscrevo plenamente, sem dúvida que esta crise servirá para tirarmos uma série de lições, e, também haverá muito boa gente que terá de dar novo rumo profissional ás suas vidas, a última vitima é Fred Goodwin, CEO do Royal Bank of Scotland, todavia não creio que mudando uns quantos executivos de topo se posssa seguir com a postura "Business as ususal " sem uma mudança radical de consciência dos intervenientes em todo o sistema financeiro e aqui gostaria de incluir também o cidadão normal que fácilmente tem sucumbido á oferta tentadora de "produtos" com alta rentabilidade,.... a ganância não é apenas um fenómeno visivel no comportamento dos "traders" e CEO´s das instituições financeiras.
Estimado Henrique,
Obrigado pelo teu bom e desejado regresso.
Esta é a crise dos económico-financeiros liberais! E o Tombo geral prevê-se irreverssível no espaço de tempo de uma geração.
Em condições de bom juízo, seria razoável afirmar que nunca mais será possível inventar produtos "tóxicos" colocá-los no mercado, desenvolvê-los a nível global e tombar desta forma até que esta crise seja esquecida.
O problema é que não era necessário a crise acontecer para a prever, e ela aconteceu na mesma!
Ontem ouvi na TV: "...após estas nacionalizações todas, a China e a Russía devem estar a rir-se do mundo ocidental...". Após sentir um calafrio que me percorreu a coluna apeteceu-me reagir, mas dada as evidências tudo se apresenta para que seja essencial encontrar as virtudes de alguns regimes políticos abomináveis.
As empresas envolvidas na crise financeira estão entre as maiores do mundo e em cada País são da maior importância e relevãncia, apresentam resultados, orçamentos, planos de acção, trimestralmente/semestralmente e o POC anualmente. São escortinados pelos melhores economistas, jornalistas, accionistas, reguladores do mercado, académicos na área, etc. e possuem os designados "melhores quadros técnicos" a elite da elite na área técnica.
...aparentemente e infelizmente a crise é muito mais do que financeira...
Se os rotulados socialmente como os melhores falharam sucessivamente, afinal quem é que têm a moral, competência e clarividência para julgar e corrigir a situação?
Abraço,
Nuno Maia
Estimados
Já o disse antes e o Henrique já aqui a referiu. A palavra certa é: Ganância.
Foi na senda da Ganância que muito do que se passou encontrou espaço para fluir. De facto não bastará apenas mudar as pessoas se não se mudar o conceito, a forma e o conteúdo do que se chama hoje o sistema financeiro internacional.
Mas esta mudança já ocorreu. O fim da banca de investimento nos ultra-liberais?? EUA.
A integração destes "génios" do sistema financeiro - estes criadores de sonhos - no quadro regulatório da banca comercial.
um abraço
Estimados Nuno e Mario,
Muito Obrigado pelos vossos comentários e ideias é precisamente esse o objectivo deste blogue, a mudança de atitudes e aí parece que estamos de acordo, parece ser o elemento fundamental de mudança em toda esta crise, se calhar mais do que integrar os "génios criativos da banca de investimento " na banca de retalho parece-me ser interessante verificar se não está chegado o momento de se criarem, por exemplo, pequenos bancos privados impulsionado por grupos de investidores que a titulo individual, e cujo interesse seja o desenvolvimento sustentado, estejam interessados em investir nos projectos de retorno "real e moderado " com taxas de juro efectivas que possam traduzir um bom retorno do investimento a longo prazo, nas áreas da saúde, educação, ambiente, e na coluna vertebral de qualquer economia as PME, pelo menos aquelas que sejam impulsionadas por empreendedores visionários dispostos a seguir, muitas vezes o caminho menos fácil.
Como eterno optimista penso que esta crise nos vai trazer uma nova oportunidade de mudar as nossas atitudes e de redescrever as regras de um modelo económico em cujo funcionamento continuo a acreditar,..... de momento o que mais me preocupa, e aí partilho as duvidas de do novo Nobel da economia Paul Krugman são as intervenções estatais quer na Europa que nos EUA e no facto de não estarmos a injectar capital num barril sem fundo e que possa comprometer um futuro panorama acima mencionado.
Estimado Henrique,
Apesar do alerta geral e da especial atenção que o mundo Político-Ocidental está a dar à crise, resumido até à data a nacionalizações e garantias estatais. O modelo do sistema económico-financeiro existente nas sociedades ocidentais não mudou, nem em teoria e menos ainda na práctica. Portanto o dinheiro injectado está sujeito ao mesmo nível de risco que existia anteriormente.
Também ninguém garantiu que esta injecção de dinheiro iria debelar a crise!
"...aparentemente e infelizmente a crise é muito mais do que financeira..."
Logo o receio que apresentas, corroborando as duvidas do novo Nobel da economia Paul Krugman é bem real.
E se a ganância explica a origem dos produtos "Tóxicos" não explica as suas consequências.
Abraço,
Nuno Maia
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