Ainda a propósito dos artigos dos nossos amigos Otávio e João quero dizer que concordo em geral com as ideias gerais do artigo anterior do Joáo o qual classifico de fantástico, sendo que quero relevar em particular o último parágrafo.
Considero ser um facto incontornável considerar como opção correcta, quando e se for o caso, uma intervenção estatal (sob a forma de uma nacionalização ainda que parcial ou transitória) como processo de recuperação de uma instituição financeira relevante para o sistema financeiro do país e para a economia. Já o disse, a economia e a sociedade necessitam do crédito para evoluir. Não me choca esta intervenção pelo impacto que a sua ausência poderiam provocar em factores como o agravamento do desemprego, da quebra na produtividade, na redução da criação de riqueza, no agravamento, em suma, da qualidade e nível de vida das pessoas.
As sociedades modernas estão directamente dependentes do sistema financeiro que tem obrigatóriamente que ser acarinhado (refiro-me ao sistema financeiro que alavanca e apoia a economia real - a realidade em que vivemos - empresas, fábricas, estradas, hospitais, energia, saúde...).
Por isso classifico como decisões racionais e sustentadas (sei que algumas delas são concretizadas nalguns países como medidas de fuga ao desastre) a intervenção central (do tesouro e dos governos) aquelas que se têm dirigido à recapitalização dos bancos em situação de quase falência.
Como já referi, o que seria da vida dos cidadãos e das empresas sem as instituições que gerem as poupanças e apoiam os investimentos e que concedem crédito. É devido ao crédito que as pessoas viajam e adquirem conhecimento, que compram cultura, que compram as suas casas e os seus carros, que educam muitas vezes os filhos ou os mandam à escola, que investem e criam emprego e riqueza, em suma, este contribui para o bem estar geral.
Mas este crédito deve ser comprado (ou oferecido) na justa medida da sua razoabilidade e de acordo com a capacidade de reembolso dos adquirentes. Quando as instituições financeiras derivaram (e mal) para além da sua função genuína e central e as autoridades voltaram as costas à sua responsabilidade de supervisores e polícias do sistema, veio o desastre.
Sem comentários:
Enviar um comentário