Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sábado, setembro 27, 2008

Precisam-se Mentes Brilhantes

Para os que duvidam da profundidade da crise que se está a instalar em muitos países da União Europeia, aqui fica mais uma notícia:

“ O Produto Interno Bruto (PIB) irlandês registou uma quebra no segundo trimestre deste ano face ao anterior e pela segunda vez consecutiva, o que torna a Irlanda a primeira economia da Zona Euro a entrar em recessão técnica.
O PIB da Irlanda contraiu-se 0,5 por cento nos três meses terminados em Junho, face ao trimestre anterior, período em que recuara 0,3 por cento, anunciou hoje o departamento de estatísticas, COS. Em termos homólogos (face ao segundo trimestre de 2007), a quebra registada foi de 0,8 por cento.
O rebentar da bolha imobiliária que se formara nos últimos anos na Irlanda, juntamente com a crise global do crédito, forçou o governo a cortar nas despesas para manter o défice sob controlo e levou o mercado bolsista a cair mais do que em qualquer outro país da Europa ocidental este ano.
A contracção segue-se a uma década de boom económico sustentado pelo dinamismo das exportações em meados dos anos 90, e por um forte desenvolvimento do imobiliário.
A quebra da economia irlandesa poderá ser seguida por recessões na Alemanha e na Espanha, membros da zona euro e na Grã-Bretanha, segundo a Comissão Europeia, que reviu em baixa recentemente as previsões de crescimento na zona euro e na União Europeia. “
Fonte: Diário Digital/ Lusa
Mais uma vez não se trata de fomentar um alarmismo exacerbado.
Trata-se apenas de ir construindo o puzzle económico que nos rodeia. Os países acima referidos são importantes parceiros comerciais de Portugal sendo destino de muitas das nossas exportações. Se as economias desses países não s e encontram bem, os reflexos directos e indirectos na nossa economia não se fazem esperar.
São também destinos tradicionais de muita mão-de-obra nacional, que vendo esgotadas as possibilidades de trabalhar no nosso país, procuravam nesses países um refúgio mas que agora vêem mais difícil, o abraçar dessa hipótese.
Outra das consequências ( ainda pouco visíveis ) das tensões geradas pela falta de emprego, são o crescer do racismo e xenofobia em relação às comunidades imigrantes. De Itália, França, Espanha e Inglaterra têm vindo sinais de que estas tensões têm vindo a aumentar.
Os imigrantes tornam-se assim um alvo fácil da frustração de muitos que vêem neles, não aquilo que são, uma mão-de-obra útil e muitas vezes indispensável que vem colmatar funções que os locais não sabem ou não querem exercer, mas uma ameaça aos empregos que eles próprios nunca desejaram.
Se é certo que as tensões se atenuam ou resolvem no curto prazo havendo sensatez, não deixa de ser verdade que a médio e longo prazo, elas são difíceis de controlar. É necessário e urgente, inverter esta tendência de recessão que se verifica em tantos países.
A economia mundial e as economias europeias em particular, devem procurar de forma segura e inteligente, os remédios para crises que deixam marcas cada vez mais profundas. Também a economia americana está em grandes dificuldades e como se constatou nas duas últimas semanas, o tempo dos planos milagrosos já lá vai.
Ninguém espere que os americanos consigam com apenas um plano, debelar a grave crise em que a sua economia e as suas instituições financeiras em particular, mergulharam.
Há quem diga pura e simplesmente que as medidas que estão a ser tomadas, nada vão resolver, e que se seguirá uma crise ainda mais profunda.
Eu prefiro acreditar que as medidas que se estão a adoptar são importantes, mas outras terão de ser tomadas tendo em conta as enormes ramificações e consequências desta crise a nível planetário.
Está na altura de surgirem as Mentes Brilhantes.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Octávio,

Obrigado por esta reflecção.

Ainda à bem pouco tempo se ouvia alto e em bom som, de todos os que falam sobre assuntos de economia, do exemplo da Irlanda! Nessa altura ninguém questionava sequer a origem do seu desenvolvimento. Montes de "Mentes Brilhantes" a elogiar simplesmente o desenvolvimento astronómico do seu PIB e a recomendar a cópia dos seus métodos.
Aparentemente, a avaliar pelos tombos catastróficos, financeiros e económicos, sucessivos andámos a ouvir as “Mentes Brilhantes” erradas. O castelo era lindo mas as suas fundações eram fracas.
Será que as outras “Mentes Brilhantes” podem agora fazer alguma coisa a curto prazo!? Já são ouvidas, ou continuamos a ouvir os mesmos? Será que serão ouvidas? O cantar da cigarra faz esquecer o trabalho contínuo e meticuloso da formiga! ... Mas as formigas voltam no verão seguinte, e há sempre novas cigarras!

Abraço,
Nuno Maia

Mário de Jesus disse...

A Irlanda não deixa de ser um excelente e talvez o melhor exemplo da aplicação na Europa de uma boa política económica e de excelentes planos económicos de sucesso desde o início da década de 90. Por seu exclusivo merecimento.

Porém, aqui está o exemplo de que, mesmo as economias mais fortes e prósperas, sucumbem à grave dificil que alastra e que está dificil de controlar.

Não nos chegava já o fenómeno do 11de Setembro e da guerra no Iraque, ambos provenientes dos EUA de Bush, mas também em fim de mandato, para sair com chave de ouro, esta crise, para muitos estúpidamente americana. E que todos estamos a pagar...

Esperemos pelo brilhantismo das mentes dos senhores que se seguem (Obama ou Mcain).

Anónimo disse...

Caro Mário,

Sem querer fazer rétorica e percebendo as componentes de dependência e interdepêndia com os EUA, preferiria depender fundamentalmente do nosso "brilhantismo".

Abraço,
Nuno Maia