Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, agosto 12, 2008

Lágrimas de Pequim

Depois de uma surpreendente e maravilhosa cerimónia de abertura, começaram os Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
Mais uma vez estão reunidos atletas de todo o mundo que competindo em variadas modalidades sonham em honrar os seus países com boas prestações e as almejadas medalhas.
Sonhar com medalhas é bom, mas não deveríamos estar obcecados ou cegos por esse sonho.
Competir significa esgrimir argumentos com outros atletas que têm os mesmos sonhos, as mesmas ambições.
Talvez os atletas portugueses tenham colocado a fasquia demasiado alta.
Ainda não se iniciaram as provas de atletismo, e em algumas das outras modalidades, como o judo, a natação, as provas de tiro e esgrima, muitos foram os atletas lusos que sonhavam com melhores prestações e até mesmo, em trazer o ouro para Portugal.
Infelizmente a realidade é bem diferente e à excepção de recordes nacionais ou melhores marcas pessoais do ano, quase tudo o que trouxemos até agora resume-se a lágrimas de amargura e grande desilusão.
Para os atletas que mais sonharam e mais desilusões sofreram, fica a Lição de que competir não significa sempre ganhar. Para ganhar, é necessário competir ao melhor nível e superar outros atletas que têm os mesmos objectivos.
No atletismo residem agora as principais esperanças de ver a bandeira Portuguesa hasteada e de ouvir o Hino Nacional.
Nessa prova e noutras em que ainda participamos, como as provas de vela e remo, aqui ficam os votos de sucesso aos nossos atletas.
Que saibam competir bem e saibam ganhar ou perder.

2 comentários:

Mário de Jesus disse...

Competir. Eis a palavra. Eis o desafio. Eis a questão. Competir sempre. Saber ganhar e saber perder. O segredo da vida?!!!!E quando se ganha? E quando se perde? saber aceitar, querer participar. É a questão. Estar atento.Intervir, Lutar, querer ganhar.

Otavio Rebelo disse...

À Excepção de alguns records pessoais, continua fraca a prestação dos Atletas Portugueses. Muitos dos 77 atletas da comitiva portuguesa já fizeram as malas para o regresso a Portugal.
Quando as coisas correm menos bem, uma das tarefas a fazer é compreender as razões do insucesso para corrigir no futuro.
Ainda não sei como classificar as reacções de alguns atletas na hora da eliminação das respectivas provas. Serão reacções curiosas, intrigantes, preocupantes ? Talvez sim, mas são também reacções de uma tremenda ingenuidade, que demonstram que também nas participações em olimpíadas, ainda temos um longo caminho a percorrer. Aqui ficam algumas delas ( sem nomes, porque não se trata aqui de crucificar ninguém porque a vida não começa nem acaba com os Jogos Olímpicos ):
Reacção 1:
- Perdi porque as outras atletas tudo fizeram para me ganhar. Preocuparam-se muito comigo e estudaram a minha forma de combater, de modo a saberem como me derrotar.
Reacção 2:
- Entrei no estádio e fiquei deslumbrada com todo o ambiente. Senti-me mais como uma espectadora do que como uma atleta.
Reacção 3:
- A prova realizou-se muito cedo, foi de manhã cedo e de manhã estou bem é na camnha.

Para o final e embora seja extenso, transcrevo uma notícia que nos ajuda a perceber como no campo do desporto e noutros campos, devemos ser sobretudo realistas e trabalhar, trabalhar, trabalhar.
Pequim2008: Trampolins - Portugal brinca ao desporto, diz chefe de equipa
14 de Agosto de 2008, 10:46
** Rui Boavida, Agência Lusa **
Pequim, 14 Ago (Lusa) -- O chefe da equipa olímpica portuguesa de trampolins afirmou hoje que "em Portugal se brinca ao desporto" e que sem as mesmas condições dos outros países não é realista alimentar grandes expectativas quanto a resultados nos Jogos de Pequim2008.
"Em Portugal continuamos a brincar um bocadinho ao desporto. Continuamos a ter a sorte de ter uns cogumelos, como alguém disse, atletas que aparecem de vez em quando e que fazem resultados óptimos em alguns desportos", considerou Luís Nunes em conferência de imprensa na Aldeia Olímpica de Pequim.
"Em Portugal não há, por exemplo, uma carreira nacional de treinador. Seria impensável deixarmos de ser professores e deixar os nossos lugares nas escolas para nos dedicarmos exclusivamente aos trampolins. Só se fosse para rir", acrescentou.
Luís Nunes apelou também à calma e queixou-se das expectativas que nasceram em redor dos resultados e das possibilidades de medalhas da selecção portuguesa aos Jogos Olímpicos de Pequim.
"Foi escrito, foi dito pelos media que os trampolins são uma das modalidades que não se deve descartar em termos de atingir resultados de excelência. Quem escreveu, quem disse, quem inventou isso deveria ser responsabilizado", afirmou Luís Nunes, que treina também Ana Rente, que com Diogo Ganchinho representa Portugal em Pequim.
Na quarta-feira, em declarações ao jornal Público, o chefe da missão olímpica portuguesa, Manuel Boa de Jesus afirmou que "temos portugueses entre os 16 melhores do mundo, em masculinos e femininos. Qualquer um deles pode ir a uma final",
Luís Nunes pediu hoje calma e afirmou que o objectivo da participação portuguesa deve ser "exequível", realçando que com as condições de treino existentes, Portugal não é favorito em trampolins e que se os principais adversários "fizerem o seu melhor e nós fizermos o nosso melhor, eles ganham"
"É verdade que estamos entre os melhores do mundo, mas dentro do sistema que está implementado em Portugal estamos longe de ter as mesmas condições que os outros ginastas têm nos outros países", disse.
"Quando colocamos as fasquia lá em cima, a falar em números de medalhas a conquistar -- tudo bem, é um discurso ambicioso que fica bem - mas pode depois dar nisto", alertou ainda o chefe da equipa de trampolins.
No próximo sábado Diogo Ganchinho e Ana Rente disputam a qualificação às 11:00 locais (03:00 em Lisboa), com Ana Rente a admitir que sente alguma pressão face aos resultados globais da equipa olímpica portuguesa, que não conquistou ainda qualquer medalha.
Segundo Ana Rente, "o facto de muitos atletas terem vindo cá lutar por medalhas e não estar a correr bem para a equipa portuguesa" está a aumentar o espírito de união dos portugueses e "a dar-nos muito mais força para lutar".
"Sinto alguma pressão, mas é uma pressão boa que me vai deixar um pouco nervosa, naquele ponto de nervosismo que me faz bem, me faz estar mais alerta para poder na competição ter uma técnica mais aperfeiçoada, porque me sinto mais rígida e consigo saltar melhor", acrescentou a ginasta.
Diogo Ganchinho garantiu não sentir qualquer tipo de pressão, até porque "nunca vim lutar por uma medalha" e disse que o objectivo é sentir-se realizado com a sua prova, qualquer que seja o resultado.
"Existem poucos lugares disponíveis para um nível tão semelhante portanto é muito difícil atingir uma final", afirmou, acrescentando que o objectivo é dar o melhor nas duas séries que vai realizar e esperar depois "que os resultados apareçam, quer para mim, quer para a minha modalidade, quer para Portugal".
Gerindo expectativas, Luís Nunes afirmou ainda na conferência de imprensa que dos dois atletas portugueses "nenhum é o Nuno Merino", referindo-se ao ginasta que surpreendeu pela positiva nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, ao conquistar o sexto lugar nos trampolins.
"E o Nuno Merino foi o Nuno Merino há quatro ano atrás. Aqui é tudo diferente", disse Luís Nunes.


Cumprimentos,
Otávio Rebelo