Resido num dos chamados “bairros dormitórios” de Lisboa.
Afastado da azáfama da Capital e dos seus eventos culturais, este facto de residir perto mas, ao mesmo tempo, longe da capital, teria de ter algumas vantagens.
Uma das vantagens é a de a minha casa se situar mesmo no centro do Bairro, perto de todas lojas e serviços (Junta de Freguesia, Correios, Bancos, Farmácia e Centro de Saúde ) e perto do Mercado Municipal e da Feira Semanal.
Todas quartas e sextas vive-se na minha rua, um autêntico corropio de comerciantes e compradores, que na ânsia de ficar o mais próximo possível da feira e do mercado, estacionam em segunda-fila, dificultando a fluidez do trânsito.
Ontem a cena repetiu-se e fruto de tanto mau estacionamento o trânsito entpui nos dois sentidos. Vai dai, num instante acumularam-se veículos nos dois sentidos, sem que ninguém conseguisse avançar.
Primeira reacção dos automobilistas envolvidos, Buzinar.
Buzinando, pensaram, os outros haveriam de se mover, e conseguiriam seguir em frente.
Caminhando a pé , fui de encontro ao centro do entupimento do trânsito, verificando que os carros que se encontravam frente a frente, e os que os precediam imediatamente, pouco ou nada poderiam fazer porque não tinham margem de manobra. Reacção dos automobilistas que seguiam mais atrás nos dois sentidos ? Voltar a buzinar.
E a cena repete-se durante vários ( longos ) minutos.
Os automobilistas que seguiam mais atrás em cada um dos sentidos, sabiam que a solução passava por eles. Eles tinham margem para recuar e ajudar deste modo a que o trânsito fluísse. Mas se circular é viver, recuar é perder. Recuar, conforme diria o nosso estimado Ministro das Obras Públicas, jamais.
Nisto ficamos nós todos, perante um cada vez mais ensurdecedor barulho, até que fruto da insistência dos populares, uma das extremidades deste conflito bélico, resolveu seguir a única via possível, recuar. Assim o fez e em poucos segundos, o conflito que aparentemente não tinha saída, facilmente se resolveu.
Quantas vezes no nosso dia-a-dia, colocamos o nosso orgulho acima de tudo ?
Num mundo cada vez mais conflituoso, a única coisa que parece interessar é não nos deixarmos subjugar pelos outros. Recuar, não faz parte do nosso dicionário. Mesmo que recuar não signifique perder. Às vezes é preciso recuar inicialmente, para se poder avançar em seguida.
Mas isso para muitos que têm a mentalidade “tacanha” não é fácil de assimilar.
Vamos assim, de mesquinhice em mesquinhice, alancando pequenas vitórias, sem entender que na realidade estamos a perder.
Mais uma vez, temos de desenvolver um esforço básico de educação civilizacional, de modo a permitirmos que os nossos companheiros de estrada e da vida compreendam que nem sempre, recuar é perder.
Afastado da azáfama da Capital e dos seus eventos culturais, este facto de residir perto mas, ao mesmo tempo, longe da capital, teria de ter algumas vantagens.
Uma das vantagens é a de a minha casa se situar mesmo no centro do Bairro, perto de todas lojas e serviços (Junta de Freguesia, Correios, Bancos, Farmácia e Centro de Saúde ) e perto do Mercado Municipal e da Feira Semanal.
Todas quartas e sextas vive-se na minha rua, um autêntico corropio de comerciantes e compradores, que na ânsia de ficar o mais próximo possível da feira e do mercado, estacionam em segunda-fila, dificultando a fluidez do trânsito.
Ontem a cena repetiu-se e fruto de tanto mau estacionamento o trânsito entpui nos dois sentidos. Vai dai, num instante acumularam-se veículos nos dois sentidos, sem que ninguém conseguisse avançar.
Primeira reacção dos automobilistas envolvidos, Buzinar.
Buzinando, pensaram, os outros haveriam de se mover, e conseguiriam seguir em frente.
Caminhando a pé , fui de encontro ao centro do entupimento do trânsito, verificando que os carros que se encontravam frente a frente, e os que os precediam imediatamente, pouco ou nada poderiam fazer porque não tinham margem de manobra. Reacção dos automobilistas que seguiam mais atrás nos dois sentidos ? Voltar a buzinar.
E a cena repete-se durante vários ( longos ) minutos.
Os automobilistas que seguiam mais atrás em cada um dos sentidos, sabiam que a solução passava por eles. Eles tinham margem para recuar e ajudar deste modo a que o trânsito fluísse. Mas se circular é viver, recuar é perder. Recuar, conforme diria o nosso estimado Ministro das Obras Públicas, jamais.
Nisto ficamos nós todos, perante um cada vez mais ensurdecedor barulho, até que fruto da insistência dos populares, uma das extremidades deste conflito bélico, resolveu seguir a única via possível, recuar. Assim o fez e em poucos segundos, o conflito que aparentemente não tinha saída, facilmente se resolveu.
Quantas vezes no nosso dia-a-dia, colocamos o nosso orgulho acima de tudo ?
Num mundo cada vez mais conflituoso, a única coisa que parece interessar é não nos deixarmos subjugar pelos outros. Recuar, não faz parte do nosso dicionário. Mesmo que recuar não signifique perder. Às vezes é preciso recuar inicialmente, para se poder avançar em seguida.
Mas isso para muitos que têm a mentalidade “tacanha” não é fácil de assimilar.
Vamos assim, de mesquinhice em mesquinhice, alancando pequenas vitórias, sem entender que na realidade estamos a perder.
Mais uma vez, temos de desenvolver um esforço básico de educação civilizacional, de modo a permitirmos que os nossos companheiros de estrada e da vida compreendam que nem sempre, recuar é perder.
3 comentários:
Quando num automóvel, o português transforma-se. Para ele, definitivamente recuar é perder. Trata-se de um problema indiscutivelmente do foro psicológico(ou psiquiátrico não sei bem). O mesmo cidadão que cede amavelmente o lugar no autocarro ou a entrada no elevador ao seu semelhante, ao volante do seu automóvel transtorna-se e julga-se merecedor de toda a primazia e heroísmo. É ele o melhor, o mais veloz, o mais destemido e melhor piloto. É (in)Cultura? (falta de)Civismo? Ou simplesmente um caso sociológico agudo?
Caro Mário, o caso passou-se com automóveis pode ser fácilmente extrapolado para muitas situações conflituosas, veja-se por exemplo o braço de ferro entre o Ministério da Educação e os Professores na questão da avaliação de desempenho. A Ministra recuou, e os Professores tiveram uma pequena grande vitória. No entanto, esse recuo foi apenas uma maior ponderação, não inviabilzando a necessidade de avaliação de desempenho. Apenas este ano as regras serão diferentes ( bastante mais simples ). O importante nos confrontos e na negociação é que ambos ganhem. Diz-se na gíria empresarial que um negócio só é bom se for bom para ambas as partes. Ora qualquer confronto implica negociação onde recuar não significa forçosamente perder.
Caríssimos,
Existe algo nesta comunicação e nos seus respectivos comentários que não está focado no problema. Algo me escapa!?
Recuar para avançar pode até ser a solução indicada para resolver muitas situações, e foi aparentemente a mais adequada no caso em questão, dada a urgência evidenciada pelos envolvidos. Mas, neste caso, parece-me que buzinar e não querer recuar é legítimo. Mais do que isso, exige-se algo mais! O texto descritivo da situação apresenta-a como sistemática e consequência de estacionamento em segunda fila impedindo a circulação normal na via rodoviária. Parece-me evidente que ilegítimo é o estacionamento a impedir a circulação agravado pela sua repetição sistemática, logo com o conhecimento de que prejudicam outros.
Neste caso, Buzinar é muito civilizado, trata-se da apresentação de uma reclamação sonora em praça pública contra uma infracção grave sistemática, que representa também uma falta sistemática ao essencial respeito pelo seu semelhante, logo muito merecedora da sanção sonora e outras. Falta no entanto complementar esta atitude com algo mais que resolva efectivamente o problema num futuro próximo. Como 1ª medida, sugiro a recolha de assinaturas locais e a entrega da petição respectiva à junta de freguesia respectiva.
Nuno Maia
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