Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sábado, março 29, 2008

Batalha Naval

Lembrei-me de repente de um dos jogos favoritos da minha infância.

Longe das Playstations e outras tecnologias actuais, utilizávamos papel e caneta ou lápis.

Cada jogador dispunha em cada jogo de um papel quadriculado que simulava o mar e onde tinha de colocar a sua frota, desde os submarinos ao porta-aviões.

O jogo consistia então em escolher 3 tiros em cada jogada de forma a adivinhar a localização que o adversário tinha escolhido para a sua frota. Esses tiros ou acertavam em parte dos navios do adversário ou, eram tiros na água.

Era um jogo simples e muito divertido que misturava intuição e estratégia.

Lembrei-me dele a propósito dos muitos contributos que testemunhamos ao ler diversos jornais e revistas semana após semana.

Considerando os navios como problemas que temos de resolver no dia-a-dia, um objectivo poderia ser dar tiros nesses “navios”, de modo a afundá-los, leia-se, resolver os problemas.

Infelizmente, conseguimos atingir o paradoxo de ter um exército de pessoas a produzir bons artigos e a dar boas ideias mas que, ao não serem devidamente aproveitadas, representam tiros na água, perdendo-se ingloriamente essas mais valias.

É como se a vida não passasse de uma brincadeira, onde podemos pacificamente ignorar a urgência na resolução de problemas simples ou complicados.

Vivemos pois um tempo de desperdício. Desperdício de talentos, desperdício de recursos que assumimos como inesgotáveis.

Felizmente assistimos a um ressurgir de novos grupos e novos movimentos que insistem em “dar pedradas no charco”.

Resta-nos então acreditar no velho ditado:
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Caro Otávio

Brilhante a tua analogia estratégica e a forma(mais uma vez)em como está escrita. Concordo com quase tudo o que afirmas com a excepção de haver um exército de pessoas a produzir boas ideis e propostas. Se é verdade que existem em Portugal pessoas de grande qualidade criadoras de boas propostas para o país, muitas exequíveis outras nem tanto, elas não compõem um exército (na minha opinião).Isto porque também assistimos muitas vezes a algumas repetições de propostas para fórmulas já gastas sendo o único intuito do narrador apenas a sua projecção pessoal. Mas temos de facto que ser muito criticos sobre o que lemos. O problema é que as boas propostas muitas vezes implicam comprometimento politico e alteração de rumos que os decisores não estão dispostos a seguir. Como se resolve? Com a força e persistência das propostas da sociedade civil, repetindo e repetindo a indicação do rumo a seguir.

grande abraço