Mediado como sempre por Fátima Campos Ferreira, assistimos ontem na televisão a mais um programa Prós e Contras.
O programa de ontem foi sobre a Educação tendo entre os convidados a Ministra da Educação e Professores.
Entre as principais questões analisadas, estiveram a avaliação de desempenho dos professores e o modelo de gestão das escolas.
De parte a parte ( Ministra da Educação e Professores ) os argumentos foram sendo apresentados, embora nem sempre da forma mais clara.
Como também é apanágio do programa, muitos aspectos foram revelados, uns mais surpreendentes que outros.
Num ano em que todos se lembraram de falar da Educação, desde o Presidente da República ao Primeiro-Ministro, passando pelos partidos da oposição que apresentam continuamente uma série de propostas, até à própria sociedade civil, é importante manter o discernimento sobre este tema que é de facto relevante pela sua transversalidade a toda a sociedade.
Para quem não tem oportunidade de assistir a este programa, dada a hora tardia que começa e, pior ainda, a hora bem tardia a que acaba, o day-after noticioso, seria uma boa oportunidade de ter um resumo lógico e coerente das principais ideias expostas pelos dois lados da “barricada”.
Em vez disso e nos habituais Jornais da Noite dos 3 canais com maior audiência, o tema principal foi que, graças a recentes decisões favoráveis a acções interpostas por professores, as horas por estes dispendidas nas chamadas aulas de substituição até Janeiro de 2007, poderiam ser reclamadas em termos financeiros, podendo (segundo foi noticiado) os professores requerer o respectivo pagamento.
Este facto pode ter até uma grande relevância para os professores envolvidos.
No entanto, ele teve o efeito de mais uma vez ofuscar tudo o resto.
Como poderemos pretender ser um país sério e evoluído se continuamos a ter os detentores das principais shares televisivas a noticiar com grande relevo um facto que deveria ser uma notícia secundária ?
É importante que se volte a caminhar no sentido de um jornalismo mais sério.
Nem toda a população portuguesa dispõe de tv por cabo ou por satélite.
Para quem ainda está reduzido a 4 canais, resta o oásis de qualidade que é o Jornal 2 , da RTP2. Não quero ser utópico e pedir que RTP1 , SIC e TVI alcancem a qualidade jornalística do telejornal das 22,00 horas da RTP2. Mas não deixa de ser confrangedor que a tão prometida diversidade ( 3 canais a darem notícias às 20,00 Horas ) se reduza a um “copiar” de lógica de informação, em que muitas vezes, ao mudarmos entre os 3 canais, vemos as mesmas notícias, transmitidas com a mesma linguagem e a mesma sequência. Chamar a isto pluralismo é um puro exagero.
Com desinformações destas, perdemos todos. Hoje perdemos por numa questão tão importante como a educação, só ficarmos a saber que alguns professores vão poder reclamar o pagamento de “horas extraordinárias”. Para uma sociedade a quem se pede um papel mais esclarecido e interventivo, sabe a pouco.
Otávio Rebelo
O programa de ontem foi sobre a Educação tendo entre os convidados a Ministra da Educação e Professores.
Entre as principais questões analisadas, estiveram a avaliação de desempenho dos professores e o modelo de gestão das escolas.
De parte a parte ( Ministra da Educação e Professores ) os argumentos foram sendo apresentados, embora nem sempre da forma mais clara.
Como também é apanágio do programa, muitos aspectos foram revelados, uns mais surpreendentes que outros.
Num ano em que todos se lembraram de falar da Educação, desde o Presidente da República ao Primeiro-Ministro, passando pelos partidos da oposição que apresentam continuamente uma série de propostas, até à própria sociedade civil, é importante manter o discernimento sobre este tema que é de facto relevante pela sua transversalidade a toda a sociedade.
Para quem não tem oportunidade de assistir a este programa, dada a hora tardia que começa e, pior ainda, a hora bem tardia a que acaba, o day-after noticioso, seria uma boa oportunidade de ter um resumo lógico e coerente das principais ideias expostas pelos dois lados da “barricada”.
Em vez disso e nos habituais Jornais da Noite dos 3 canais com maior audiência, o tema principal foi que, graças a recentes decisões favoráveis a acções interpostas por professores, as horas por estes dispendidas nas chamadas aulas de substituição até Janeiro de 2007, poderiam ser reclamadas em termos financeiros, podendo (segundo foi noticiado) os professores requerer o respectivo pagamento.
Este facto pode ter até uma grande relevância para os professores envolvidos.
No entanto, ele teve o efeito de mais uma vez ofuscar tudo o resto.
Como poderemos pretender ser um país sério e evoluído se continuamos a ter os detentores das principais shares televisivas a noticiar com grande relevo um facto que deveria ser uma notícia secundária ?
É importante que se volte a caminhar no sentido de um jornalismo mais sério.
Nem toda a população portuguesa dispõe de tv por cabo ou por satélite.
Para quem ainda está reduzido a 4 canais, resta o oásis de qualidade que é o Jornal 2 , da RTP2. Não quero ser utópico e pedir que RTP1 , SIC e TVI alcancem a qualidade jornalística do telejornal das 22,00 horas da RTP2. Mas não deixa de ser confrangedor que a tão prometida diversidade ( 3 canais a darem notícias às 20,00 Horas ) se reduza a um “copiar” de lógica de informação, em que muitas vezes, ao mudarmos entre os 3 canais, vemos as mesmas notícias, transmitidas com a mesma linguagem e a mesma sequência. Chamar a isto pluralismo é um puro exagero.
Com desinformações destas, perdemos todos. Hoje perdemos por numa questão tão importante como a educação, só ficarmos a saber que alguns professores vão poder reclamar o pagamento de “horas extraordinárias”. Para uma sociedade a quem se pede um papel mais esclarecido e interventivo, sabe a pouco.
Otávio Rebelo
1 comentário:
Caro Otávio
Excelente exposição do tema. Lembro-me do que li há tempos no livro "Direitos e Responsabilidades na Sociedade Educativa" e do qual até falei numa das reuniões do FRES sobre a opinião do ex-Ministro da Educação, Marça Grilo, e penso ser m dos grandes especialistas sobre educação em Portugal: dizia o mesmo a propósito da questão da televisão que, com o tipo e com os canais de televisão que temos, de facto a maioria das pessoas está ainda condicionada pela possibilidade de ver apenas os 4 canais," a televisão é um factor perverso de deseducação, sobretudo dos mais jovens".
Impõe-se por isso parar para pensar.
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