Este é o título do livro que estou a ler e cujo autor é o ex-vice presidente americano Al Gore recentemente nomeado Prémio Nobel da Paz em 2007.
Diz Al Gore que “ Como cidadãos, se não estivermos bem habituados a usar as palavras e se não as soubermos utilizar correctamente como um meio de exercermos o nosso poder, isso reduzirá a nossa capacidade para manter a razão firmemente no seu lugar”.
Não só nos Estados Unidos da América obervamos que a razão está a faltar ao povo, nos EUA pelas razões descritas no livro, o qual a propósito recomendo aqui aos meus amigos fresianos, mas também no nosso país verificamos a ocorrência de fenómenos semelhantes de desnorte e perca da razão (nem tão pouco pela prevalência da fé sobre aquela uma vez que não me parece que seja a fé a mover e influenciar os nossos comportamentos e atitudes).
Já antes aqui referi a leitura de José Gil, segundo o qual os portugueses se demitem civicamente de todas as suas responsabilidades de cidadania, naquilo que classifica como uma sociedade da “não inscrição”. Ao ler Gore, verifico que este se encontra igual e sériamente preocupado com este fenómeno na sociedade americana e escreve um livro exactamente para dispertar as consciências (aquele que esteve muito perto de ser o homem mais importante do mundo em termos políticos – mas que foi já o segundo).
Digo isto a propósito dos mais recentes acontecimentos vividos em Portugal, os quais, apesar do mediatismo, passam ao lado da maioria dos cidadãos (é assobiar para cima ou para o lado ou chutar para canto – como dizemos na gíria). Fenómenos como o mais recente escândalo financeiro vivido no seio do maior banco privado nacional, do qual muitos de nós cidadãos anónimos sejamos talvez accionistas ou clientes, reflectem o estado da vivência a que assistimos no país, onde entidades de supervisão (não se entende muito bem) parece terem-se demitido de assumir as suas responsabilidades (pelo menos na sua quota parte de responsabilidades) e que nos confunde quanto ao nosso julgamento sobre a seriedade, verticalidade, racionalidade e confiança que sempre nos mereceram aqueles que o dirigiam (não nos lembrava qualquer coisa como Deus pátria e familia?).
Ou o fenómeno a que assistimos na televisão sobre as dezenas de camas nos corredores das urgências do hospital de Faro (o maior do sul do país e da região algarvia) onde, por falta de condições logísticas, de espaço, médicos ou enfermeiros (eu sei lá que mais) nos foi permitido assistir a um cenário típico do mais terciário dos países do chamado terceiro mundo. Falta de dinheiro para novos hospitais? Para alargamento dos actuais? Para contratar médicos?
Mas teremos o TGV (aquela alta velocidade) que sairá do bolso dos mesmos contribuintes que se encontram naquelas macas nos hospitais.
E temos o Sr. Vara que, fenómeno espantoso, se transfere de armas e bagagens como funcionário público do maior banco nacional, embarca no combóio da alta administração para a alta administração do maior banco privado português. Mas pretende-se que se mantenha no primeiro no regime de licença sem vencimento!!!. Funcionário assim de dois bancos directamente concorrentes. Algo sinistro.
Nada tenho a dizer sobre as listas de candidatos, pois é aos accionistas que compete mandar e decidir sobre quem querem a conduzir os destinos do banco (ou pelo menos dessa responsabilidade não se livram). Mas a todos aqueles que são profissionais na banca, lhes pergunto se tal lhes seria a si permitido tal qual se pretende permitir, como tudo leva a crer, no caso do Sr. Vara.
E não tenho visto grande debate e movimento ou pronunciamento sobre estes fenómenos. Estamos calados, julgamos que não é nada, estamos até de acordo e não estranhamos certos fenómenos ou se calhar pensamos “é o costume” encolhendo os braços.
O que fazer então perante fenómenos como estes, para além de debatê-los? Para já debatê-los e denunciá-los efectivamente. Aqui , no Blog, na imprensa jornalística. É assim o princípio democrático em qualquer sociedade desenvolvida e solidária, despertar consciências, apelar ao grito da sociedade civil.
Depois algo mais. Em termos práticos? Encerrarmos contas bancárias, vendermos acções, desligarmo-nos. Mudar de banco. Promover abaixo assinados para impedir fenómenos como o do hospital de Faro e lutar contra o TGV talvez mesmo com manifestações de rua, exigindo a transferência de fundos da UE e do Estado, de combóios vazios para hospitais cheios de gente.
Diz Al Gore que “ Como cidadãos, se não estivermos bem habituados a usar as palavras e se não as soubermos utilizar correctamente como um meio de exercermos o nosso poder, isso reduzirá a nossa capacidade para manter a razão firmemente no seu lugar”.
Não só nos Estados Unidos da América obervamos que a razão está a faltar ao povo, nos EUA pelas razões descritas no livro, o qual a propósito recomendo aqui aos meus amigos fresianos, mas também no nosso país verificamos a ocorrência de fenómenos semelhantes de desnorte e perca da razão (nem tão pouco pela prevalência da fé sobre aquela uma vez que não me parece que seja a fé a mover e influenciar os nossos comportamentos e atitudes).
Já antes aqui referi a leitura de José Gil, segundo o qual os portugueses se demitem civicamente de todas as suas responsabilidades de cidadania, naquilo que classifica como uma sociedade da “não inscrição”. Ao ler Gore, verifico que este se encontra igual e sériamente preocupado com este fenómeno na sociedade americana e escreve um livro exactamente para dispertar as consciências (aquele que esteve muito perto de ser o homem mais importante do mundo em termos políticos – mas que foi já o segundo).
Digo isto a propósito dos mais recentes acontecimentos vividos em Portugal, os quais, apesar do mediatismo, passam ao lado da maioria dos cidadãos (é assobiar para cima ou para o lado ou chutar para canto – como dizemos na gíria). Fenómenos como o mais recente escândalo financeiro vivido no seio do maior banco privado nacional, do qual muitos de nós cidadãos anónimos sejamos talvez accionistas ou clientes, reflectem o estado da vivência a que assistimos no país, onde entidades de supervisão (não se entende muito bem) parece terem-se demitido de assumir as suas responsabilidades (pelo menos na sua quota parte de responsabilidades) e que nos confunde quanto ao nosso julgamento sobre a seriedade, verticalidade, racionalidade e confiança que sempre nos mereceram aqueles que o dirigiam (não nos lembrava qualquer coisa como Deus pátria e familia?).
Ou o fenómeno a que assistimos na televisão sobre as dezenas de camas nos corredores das urgências do hospital de Faro (o maior do sul do país e da região algarvia) onde, por falta de condições logísticas, de espaço, médicos ou enfermeiros (eu sei lá que mais) nos foi permitido assistir a um cenário típico do mais terciário dos países do chamado terceiro mundo. Falta de dinheiro para novos hospitais? Para alargamento dos actuais? Para contratar médicos?
Mas teremos o TGV (aquela alta velocidade) que sairá do bolso dos mesmos contribuintes que se encontram naquelas macas nos hospitais.
E temos o Sr. Vara que, fenómeno espantoso, se transfere de armas e bagagens como funcionário público do maior banco nacional, embarca no combóio da alta administração para a alta administração do maior banco privado português. Mas pretende-se que se mantenha no primeiro no regime de licença sem vencimento!!!. Funcionário assim de dois bancos directamente concorrentes. Algo sinistro.
Nada tenho a dizer sobre as listas de candidatos, pois é aos accionistas que compete mandar e decidir sobre quem querem a conduzir os destinos do banco (ou pelo menos dessa responsabilidade não se livram). Mas a todos aqueles que são profissionais na banca, lhes pergunto se tal lhes seria a si permitido tal qual se pretende permitir, como tudo leva a crer, no caso do Sr. Vara.
E não tenho visto grande debate e movimento ou pronunciamento sobre estes fenómenos. Estamos calados, julgamos que não é nada, estamos até de acordo e não estranhamos certos fenómenos ou se calhar pensamos “é o costume” encolhendo os braços.
O que fazer então perante fenómenos como estes, para além de debatê-los? Para já debatê-los e denunciá-los efectivamente. Aqui , no Blog, na imprensa jornalística. É assim o princípio democrático em qualquer sociedade desenvolvida e solidária, despertar consciências, apelar ao grito da sociedade civil.
Depois algo mais. Em termos práticos? Encerrarmos contas bancárias, vendermos acções, desligarmo-nos. Mudar de banco. Promover abaixo assinados para impedir fenómenos como o do hospital de Faro e lutar contra o TGV talvez mesmo com manifestações de rua, exigindo a transferência de fundos da UE e do Estado, de combóios vazios para hospitais cheios de gente.
1 comentário:
Caro Mário,
Muitos parabéns pelo teu artigo sobre o ataque á razão. De facto Portugal está sem norte e tudo aquilo que julgamos imoral e que não é ético parece que é aceite como lógico, moral e consensual pelas elites. Quando o sistema democrático está fraco e as elites nacionais não possuem rumo orientador para o Pais tudo o que é imoral, sem ética passa a ser aceite como válido. Thomas Hobbes tinha razão quando criou a teoria do Estado Selvagem.Um abraço,alfredo
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