Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, dezembro 01, 2013

A Língua Portuguesa


1.Realizou-se em finais de outubro passado em Lisboa a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, organizada pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, pela CPLP, pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa e pelas Universidades de Lisboa, Coimbra, Porto e Nova. Tratou-se de uma iniciativa de destaque porque, sendo partilhada pelo conjunto de países que compõem a CPLP, fez destacar o facto de não se tratar apenas de uma iniciativa de carácter patriótico ou nacional.
2. Parece-me de enorme relevância iniciativas desta natureza, não só para manter vivas as atenções na língua portuguesa e relembrar o seu grande valor como símbolo vivo da Nação ou o seu potencial de crescimento, mas também pelo facto de ajudar a tornar mais forte a já rica, universal e dispersa língua de Camões.

3.A dimensão real dos números não deixa espaço para equívocos: a língua portuguesa tem atualmente 250 milhões de falantes; é a 3.ª mais usada nas redes sociais e também nos negócios do petróleo, a seguir ao inglês e ao espanhol; é a 3.ª língua europeia mais falada no mundo, a seguir ao espanhol e inglês; é a 5.ª língua mais falada na internet a seguir ao inglês, ao mandarim, ao espanhol e ao japonês. São dados recolhidos da Lusa e do Instituto Camões que não nos deixam dúvidas.
4.Segundo a revista Monocle na sua edição de outubro de 2012, a língua portuguesa tem cada vez mais influência no mundo sendo a «evolução dessa influência uma das tendências a seguir de muito perto nos próximos anos». Esta revista britânica descreve mesmo a língua de Camões como «a nova língua do poder e dos negócios», já que se tornou a mais usada no hemisfério sul. Razão pela qual se estima que seja uma das línguas que mais rápido crescimento registará nos próximos anos. Daqui resulta que seja estimado que em 2050 existam 335 milhões de falantes do português.

5.Um dos fatores que tem contribuído de forma significativa para a projeção da língua portuguesa no mundo e que tem ajudado a destacá-la no contexto internacional é a comunicação pela forma digital. Sendo uma língua antiga não deixa de ser curiosa a forma em como esta tem sido utilizada e divulgada através das novas formas de comunicação via redes sociais, como o Facebook ou mesmo o Twiter. Estamos por isso perante uma conclusão inevitável: a internet tem evidenciado a importância da língua nacional e a sua afirmação no mundo ajudando à sua disseminação por um número cada vez mais significativo de falantes. 
6. Um outro papel tem que ser atribuído às iniciativas relativas ao ensino da língua portuguesa. Segundo a presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho, está a ser desenvolvido um trabalho de introdução do português na Namíbia, onde a nossa língua passou a ser introduzida no ensino secundário como língua estrangeira. Para além deste país, também em Espanha tem vindo a ser introduzido o ensino do português em especial nas regiões próximas de Portugal ou ainda em países de língua espanhola como é o caso da Argentina.

7.Finalmente há a destacar a responsabilidade que as universidades, em especial aquelas dos países da CPLP, na divulgação e promoção da língua portuguesa. Quer no ensino quer na investigação, o papel dos professores, dos investigadores e dos alunos torna-se assim essencial para fazer crescer o uso da nossa língua a nível académico, fazendo um esforço significativo para que a língua de Camões seja um veículo de comunicação entre todos os pares, em vez de se optar por línguas estrangeiras. Estas práticas levam não só a um reforço da internacionalização da nossa língua pelo intercâmbio existente entre todos os atores da ciência e da academia mas também nos vários campos da ciência propriamente dita e da investigação elevando assim a imagem da mesma junto de outras instituições fora do contexto da CPLP.

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