1.Realizou-se
em finais de outubro passado em Lisboa a II Conferência Internacional sobre o
Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, organizada pelo Camões –
Instituto da Cooperação e da Língua, pela CPLP, pelo Instituto Internacional da
Língua Portuguesa e pelas Universidades de Lisboa, Coimbra, Porto e Nova.
Tratou-se de uma iniciativa de destaque porque, sendo partilhada pelo conjunto de
países que compõem a CPLP, fez destacar o facto de não se tratar apenas de uma
iniciativa de carácter patriótico ou nacional.
2.
Parece-me de enorme relevância iniciativas desta natureza, não só para manter
vivas as atenções na língua portuguesa e relembrar o seu grande valor como
símbolo vivo da Nação ou o seu potencial de crescimento, mas também pelo facto
de ajudar a tornar mais forte a já rica, universal e dispersa língua de Camões.
3.A
dimensão real dos números não deixa espaço para equívocos: a língua portuguesa
tem atualmente 250 milhões de falantes; é a 3.ª mais usada nas redes sociais e
também nos negócios do petróleo, a seguir ao inglês e ao espanhol; é a 3.ª
língua europeia mais falada no mundo, a seguir ao espanhol e inglês; é a 5.ª
língua mais falada na internet a seguir ao inglês, ao mandarim, ao espanhol e
ao japonês. São dados recolhidos da Lusa e do Instituto Camões que não nos
deixam dúvidas.
4.Segundo
a revista Monocle na sua edição de outubro de 2012, a língua portuguesa tem
cada vez mais influência no mundo sendo a «evolução dessa influência uma das
tendências a seguir de muito perto nos próximos anos». Esta revista britânica
descreve mesmo a língua de Camões como «a nova língua do poder e dos negócios»,
já que se tornou a mais usada no hemisfério sul. Razão pela qual se estima que
seja uma das línguas que mais rápido crescimento registará nos próximos anos.
Daqui resulta que seja estimado que em 2050 existam 335 milhões de falantes do
português.
5.Um
dos fatores que tem contribuído de forma significativa para a projeção da
língua portuguesa no mundo e que tem ajudado a destacá-la no contexto
internacional é a comunicação pela forma digital. Sendo uma língua antiga não
deixa de ser curiosa a forma em como esta tem sido utilizada e divulgada
através das novas formas de comunicação via redes sociais, como o Facebook ou
mesmo o Twiter. Estamos por isso perante uma conclusão inevitável: a internet
tem evidenciado a importância da língua nacional e a sua afirmação no mundo
ajudando à sua disseminação por um número cada vez mais significativo de
falantes.
6.
Um outro papel tem que ser atribuído às iniciativas relativas ao ensino da
língua portuguesa. Segundo a presidente do Instituto Camões, Ana Paula
Laborinho, está a ser desenvolvido um trabalho de introdução do português na
Namíbia, onde a nossa língua passou a ser introduzida no ensino secundário como
língua estrangeira. Para além deste país, também em Espanha tem vindo a ser
introduzido o ensino do português em especial nas regiões próximas de Portugal
ou ainda em países de língua espanhola como é o caso da Argentina.
7.Finalmente
há a destacar a responsabilidade que as universidades, em especial aquelas dos
países da CPLP, na divulgação e promoção da língua portuguesa. Quer no ensino
quer na investigação, o papel dos professores, dos investigadores e dos alunos
torna-se assim essencial para fazer crescer o uso da nossa língua a nível
académico, fazendo um esforço significativo para que a língua de Camões seja um
veículo de comunicação entre todos os pares, em vez de se optar por línguas
estrangeiras. Estas práticas levam não só a um reforço da internacionalização
da nossa língua pelo intercâmbio existente entre todos os atores da ciência e
da academia mas também nos vários campos da ciência propriamente dita e da
investigação elevando assim a imagem da mesma junto de outras instituições fora
do contexto da CPLP.
Sem comentários:
Enviar um comentário