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«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quinta-feira, outubro 03, 2013

A democracia e os independentes


Não só o crescimento do número de candidaturas independentes foi uma das marcas destas eleições autárquicas como as conquistas destes mesmos independentes são igualmente merecedoras de grande destaque.
Atendendo aos resultados que nos são divulgados à hora da redação deste texto, no total, os grupos de cidadãos independentes que se lançaram nesta batalha eleitoral conquistaram 14 autarquias o que corresponde a cerca de 340 mil votos, estes subtraídos aos dois principais partidos, primeiro ao PSD, rotundamente derrotado nestas eleições e depois ao PS, ainda que vencedor destacado das mesmas.

Trata-se portanto de um notável crescimento quando em 2009 as candidaturas independentes haviam conquistado 9 autarquias. O país assiste também neste campo a uma viragem nas intenções de voto, a qual pode querer dizer várias coisas mas que revela os sinais de um desencanto com as atuais estruturas partidárias e com quem as representa ao nível do poder local, mas não só.
E digo não só porque, atendendo ao quadro atual da política nacional e à forma de condução das políticas públicas, estou em crer que o voto nestas eleições locais representou mais do que uma mera escolha local, antes evidenciou, diria como nunca, o sentimento dos portugueses no que concerne à política governamental e ao papel dos partidos políticos, transmitindo um grito de revolta e de descontentamento face ao rumo seguido nos últimos anos. 

Atingindo uma marca nunca vista, a percentagem dos votos em candidatos independentes representou cerca de 6,6% dos votos nacionais, segundo os dados disponíveis. Dito isto, algo poderá estar a mudar na sociedade portuguesa, até aqui toldada e adormecida às iniciativas provenientes da sociedade civil e dominada por uma espécie de partidocracia vigente.
E é curioso salientar que estes votos não apareceram nuns locais quaisquer mas antes em autarquias importantes: Porto, Matosinhos e Oeiras, com vitórias significativas, depois Portalegre, Estremoz, Borba e Redondo, com vitórias menos expressivas, e finalmente Sintra, num renhido segundo lugar. Estará algo para mudar na sociedade portuguesa?

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