Não só o crescimento
do número de candidaturas independentes foi uma das marcas destas eleições
autárquicas como as conquistas destes mesmos independentes são igualmente
merecedoras de grande destaque.
Atendendo aos
resultados que nos são divulgados à hora da redação deste texto, no total, os grupos de cidadãos independentes que se lançaram nesta batalha eleitoral conquistaram
14 autarquias o que corresponde a cerca de 340 mil votos, estes subtraídos aos
dois principais partidos, primeiro ao PSD, rotundamente derrotado nestas
eleições e depois ao PS, ainda que vencedor destacado das mesmas.
Trata-se portanto de
um notável crescimento quando em 2009 as candidaturas independentes haviam
conquistado 9 autarquias. O país assiste também neste campo a uma viragem nas
intenções de voto, a qual pode querer dizer várias coisas mas que revela os
sinais de um desencanto com as atuais estruturas partidárias e com quem as
representa ao nível do poder local, mas não só.
E digo não só porque,
atendendo ao quadro atual da política nacional e à forma de condução das
políticas públicas, estou em crer que o voto nestas eleições locais representou
mais do que uma mera escolha local, antes evidenciou, diria como nunca, o
sentimento dos portugueses no que concerne à política governamental e ao papel
dos partidos políticos, transmitindo um grito de revolta e de descontentamento
face ao rumo seguido nos últimos anos.
Atingindo
uma marca nunca vista, a percentagem dos votos em candidatos independentes representou
cerca de 6,6% dos votos nacionais, segundo os dados disponíveis. Dito isto, algo
poderá estar a mudar na sociedade portuguesa, até aqui toldada e adormecida às
iniciativas provenientes da sociedade civil e dominada por uma espécie de partidocracia vigente.
E é
curioso salientar que estes votos não apareceram nuns locais quaisquer mas antes
em autarquias importantes: Porto, Matosinhos e Oeiras, com vitórias
significativas, depois Portalegre, Estremoz, Borba e Redondo, com vitórias menos expressivas, e finalmente Sintra, num renhido segundo lugar. Estará algo para mudar na sociedade portuguesa?
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