São tantos os nomes dos políticos, alguns deles governantes, que nesta jovem democracia têm feito o que querem e lhes apetece, com a colaboração ou o beneplácito dos deputados, perpetuando este atual sistema, provavelmente porque acreditam que amanhã poderão estar no lugar daqueles que não cabe aqui enumerar.
É por isso que falam mas não mexem na lei eleitoral, é por isso que falam mas pouco fazem contra o enriquecimento ilícito, é por isso que falam mas pouco fazem para erradicar a corrupção, pois sabem que só eles poderão alterar as leis, pelo que a impunidade se mantém intocável e não há responsabilização pelos erros, ocasionais ou propositados, com dolo para os portugueses.
Mas será que realmente o problema reside nos políticos do país? Ou estará algures entre a passividade e o comodismo dos portugueses?
É natural que nos sintamos revoltados, que critiquemos estas atitudes e tenhamos necessidade de exprimir essas emoções e sentimentos, de as exteriorizarmos para aliviar a tensão intrapsíquica. Porém, há os que o não conseguem fazer e vão acumulando tensão interior até que, como diz o povo, o copo transbordou e chega um momento em que a explosão dessa tensão acumulada é inevitável. Contudo, nestes casos, é comum serem produzidos atos de enorme violência, situações em que se ouve afirmar a estupefação dos vizinhos ou amigos, uma vez que sempre os conheceram como alguém pacífico e tolerante.
Todavia, a maioria de nós, não é assim, vai efetuando a sua catarse, vai limpando a tensão acumulada, de uma forma mais cómoda ainda que por vezes ofensiva. E, como ainda vamos usufruindo de alguma liberdade de expressão, desde que não se ofenda publicamente os nossos governantes, podemos encontrar nesta atitude uma forma de catarse. Nos cafés, nas mensagens por correio eletrónico, nas ruas, nos transportes, no barbeiro, no futebol, etc., é comum aproveitarmos para projetar toda a nossa revolta contra aqueles que não são responsáveis pelo nosso mal-estar, pois são tão vítimas quanto nós, mas tudo é válido para despejarmos o saco e assim o podermos voltar a encher, aceitando de novo e passivamente os atos de alguns destes que se governam em vez de nos governarem.
Será por isso que não têm acontecido revoltas violentas, à semelhança de outros países menos pacientes com os seus políticos e alguns usurários?
Será que estamos a necessitar de um saco menor que não esteja roto e coloque limites aos abusos de que temos vindo a ser alvo? Ou esperaremos, passivamente, que transborde e que haja alguém que limpe os cacos, a sujidade acumulada, e se inventem ou apareçam novos políticos, diretamente responsáveis por quem os elege, com moral e ética, preferencialmente mais ecológicos e que não façam tanto lixo?
É que para tudo há um limite e parece que nos esquecemos que a fome, o desemprego, a revolta latente e o mal-estar geral estão à mão de semear e constituem, por si só, um terreno fértil para um qualquer Hitler, Mussolini, Salazar ou Franco surgir do nada. E nessa altura, os que agora não respeitam o povo, a democracia, irão chorar lágrimas de crocodilo, assumindo um papel de vítimas, esquecendo-se da sua responsabilidade, das vítimas que eles próprios fizeram e dos ventos que semearam para agora colherem a tempestade.
Mas teremos que ser passivos e ficar acomodados? Se não nos resta outra forma de protesto, de expressão da nossa indignação, que não seja a do VOTO, pergunto: mas que fariam todos estes políticos se os portugueses acordassem desta letargia e decidissem não atribuir o voto a nenhum deles? Convém referir que a maioria esmagadora dos eleitores não está inscrita em qualquer partido político e, não se revendo nestes políticos, um dia pode decidir não votar ou não atribuir o seu voto.
Antes que algum tumulto ou agitação social grave aconteça, seria benéfico que se apresentassem novos partidos, com novas pessoas, com outras ideias e valores, porque a ideia ou solução de alguém se infiltrar nos partidos e os tentar mudar por dentro não me parece ter grande futuro, basta sabermos um pouco de dinâmica de grupo para perceber que aqueles seriam expulsos do partido antes mesmo de conseguirem mudar o que quer que fosse.
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