O problema da natalidade, a evolução do Homem, o equilíbrio e sustentabilidade da nossa espécie, leva-me a socorrer da Teoria de Darwin que, entre outras questões, refere que as espécies sofrem mutações ao longo da sua existência no sentido de se adaptarem ao meio envolvente e consequentemente sobreviverem. Por exemplo, pode-se questionar da razão de só existirem ursos brancos nos polos. Mas, como é do conhecimento geral, a neve é o elemento predominante naquele espaço e assim, muito provavelmente terão existido ursos de outras cores, mas apenas os brancos terão sobrevivido por terem escapado aos predadores pela sua cor lhes permitir uma camuflagem natural. É apenas um exemplo simples e banal, mas que pode servir de trampolim para abordarmos a evolução e seleção natural do Homem. Como sabemos, graças à sua adaptação, mas sobretudo à posição ereta e oposição do polegar, foi conseguindo um certo ascendente no seu meio envolvente e, desta forma, colocar-se numa posição dominante face a outros seres.
A sua evolução, no domínio dos conhecimentos científicos, projetou-o para conquistas impensáveis, conseguindo em muitas circunstâncias manipular a sua própria natureza.
Estes domínios permitiram-lhe aumentar a esperança de vida, o controle sobre os outros animais, a manipulação da própria espécie, nomeadamente pelo processo de clonagem. No caso dos humanos, os clones naturais são os gémeos univitelinos, seres que compartilham do mesmo DNA, material genético, a partir da divisão do óvulo fecundado. No processo de clonagem artificial, é possível clonar um animal a partir de óvulos não fecundados. Inicialmente estes processos foram praticados pelos horticultores, que através de uma planta matriz obtinham novas plantas geneticamente idênticas ou iguais, mas a apetência do Homem pelo domínio do desconhecido não parou, e este processo nos humanos tem sido abordado mas refreado por questões de ética. No entanto, os avanços da ciência não pararam, de tal modo que se chegou ao ponto de controlar e retardar a própria morte, prolongando a vida através de técnicas e processos inovadores. Assim, hoje, confrontamo-nos provavelmente com excesso de população e, quiçá, por medo, ou por incapacidade de controlar este fenómeno se procura encontrar mecanismos para minimizar os impactos. Para além dos atuais paradigmas sociais de «viver a vida», a criação dos contracetivos, não será uma forma velada de controlar a natalidade e equilibrar a natureza? Claro que este processo pode ter consequências para as gerações, nomeadamente o seu envelhecimento. Alguns dizem que, no futuro, a guerra não será pelo petróleo, mas pela água, cada vez mais escassa face ao aumento populacional. Neste sentido, ou se cria mais água ou se consegue um equilíbrio dos que dela vivem. Poderá vir a ser pela via do equilíbrio dos que dela necessitam ou então o Homem consegue evoluir para um nível de não dependência desse elemento da natureza, criando mecanismos de adaptação fisiológicos, sobrevivendo, como no passado, os mais bem apetrechados para o efeito ou, como já se vai fazendo em alguns locais, pelo processo de dessalinização da água do mar.
Qual a melhor solução? Será que a diminuição da natalidade, aliada a uma mortalidade infantil cada vez mais reduzida e um aumento da mortalidade dos mais velhos, fará com que o equilíbrio se reestabeleça? Ou seja, nascendo menos mas, dado o envelhecimento populacional, invertendo-se a relação com o número de mortos, como se pôde constatar já este ano em Portugal, a pirâmide etária tenderá a estabilizar? Como os recursos naturais, eventualmente, não poderão continuar a suportar um aumento descontrolado da população, talvez reduzindo a população se chegue a uma situação mais favorável. Noutros tempos as guerras assumiram, de certo modo, um papel importante no controle populacional e apesar de hoje em dia ainda subsistirem, estas são mais de cariz político e não têm os efeitos devastadores das de outrora.
Neste sentido, seja qual for o modelo encontrado, o controle da natalidade e o envelhecimento das populações pode levar a um reequilíbrio natural do índice populacional. E como a vida é cíclica, um dia, este processo se inverterá e teremos um novo aumento populacional até que o problema se coloque de novo às gerações vindouras.
Concluindo e provocando, será que a natalidade é, de facto, um problema real? Talvez se possa equacionar o facto de a História se repetir e o homem regressar ao seu passado nómada, com as devidas adaptações, e deslocar-se entre os diversos continentes, povoando-os de acordo com as suas necessidades e conveniências. Afinal neste «jardim à beira mar plantado» nem sempre viveram os lusitanos, outros povos por cá já passaram.
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