Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, dezembro 07, 2010

A EDUCAÇÃO COMO VECTOR DE EFICIÊNCIA, PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE


2. MAS A REALIDADE ECONÓMICA E SOCIAL DA INDIA...

Se é um facto que a Índia desenvolveu um enorme esforço, com sucesso, na criação de cérebros brilhantes e pessoas de elevados conhecimentos e potencial criativo, o facto é que o desenvolvimento de um sistema de educação e ensino voltado para a excelência, sendo fundamental para o desenvolvimento, não é condição suficiente. Apesar dos IIT´s e dos IIG´s, apesar do crescimento do conhecimento, apesar das melhorias na formação, a Índia é ainda um país subdesenvolvido. Factores políticos, sociais, ambientais, demográficos e outros, contribuem, como se sabe, para o baixo nível de desenvolvimento registado. Numa população de mil milhões de pessoas, há muitos pobres e grande desigualdade social. O fosso entre ricos e pobres é muito grande.

A Índia é um país de contrastes. Segundo um artigo no Diário Económico de Rahool Pai Panandiker – consultor da BCG, o país tem 23 bilionários na lista Forbes mas ao mesmo tempo 35% dos pobres do Mundo, isto é, mais de 350 milhões de pessoas (quase a população total da Europa a 15) – que auferem menos de 80 cêntimos por dia.
É um dos maiores produtores mundiais de trigo e arroz, mas 47% das crianças sofrem de subnutrição.
Os seus 3 estados mais ricos têm um PIB per capita de 1.200 € a que corresponde 200 € nos estados mais pobres.
Tem 17.000 universidades e faculdades e no entanto 13 milhões de crianças não vão à escola.

É certo que as grandes conquistas no que diz respeito ao crescimento verificado na educação e conhecimento obtido nos últimos 50 anos, contribuíram positivamente para a economia e sociedade indianas e os conhecimentos ao nível da administração de empresas tiveram um papel importante na melhoria de franjas do tecido empresarial. Contudo os reflexos deste esforço são ainda muito ténues no crescimento e desenvolvimento do tecido empresarial e muito poucos ainda usufruíram destes impactos positivos. No entanto, na Índia de hoje, há já fenómenos de democratização recentes, como um conjunto significativo de ONG´s que trabalham no sentido reduzir as desigualdades sociais, procurando influenciar os governos locais para uma melhor governação, chamando a atenção para a corrupção, laxismo e fuga fiscal. Estas organizações procuram, em conjunto com os poderes locais, trabalhar para uma distribuição da riqueza de forma mais igualitária, melhorar o sistema público de educação, saúde, saneamento básico, abastecimento de água ou justiça.

Mas apesar do percurso seguido pela Índia no que diz respeito à aposta no conhecimento, nas ciências e na alta tecnologia, estas áreas têm ainda um reduzido impacto na criação de emprego neste país. Um valor que se situa entre os 1% e 2% do total do emprego. Há ainda um longo caminho a percorrer.

A 1ª conclusão que podemos retirar deste exemplo é que, se é verdade que a educação, a formação e o conhecimento, são essenciais para o crescimento, desenvolvimento e competitividade, não são por si só suficientes para atingir tal desiderato. A Índia continua a ser um país pobre em muito devido aos factores de natureza demográfica. Certamente que a Índia é hoje um país mais produtivo e competitivo do que era há 50 anos, antes da criação deste Institutos e da formação desta classe de cientistas. No entanto o caso da Índia é paradigmático: tal grau de exigência na admissão dos futuros licenciados, na sua formação e qualificação, mas sem uma estratégia e esforço na sua retenção, levaram à grande fuga de cérebros para os EUA, daqui resultando que o investimento em capital humano pago pelos contribuintes indianos, constituiu um esforço inglório dado que estes activos foram colocar os seus conhecimentos em benefício de outra nação.

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