Fórum de Reflexão Económica e Social

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domingo, dezembro 05, 2010

A EDUCAÇÃO COMO VECTOR DE EFICIÊNCIA, PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE


Agora que estamos em vias de encerrar o nosso Paper sobre a Educação na sequência do Workshop realizado no ISCTE, dou início à apresentação por partes de um conjunto de reflexões que fazem parte de um artigo cujo tema é “A educação como vector de eficiência, produtividade e competitividade”.


1. O EXEMPLO DA INDIA

A India é muitas vezes designado como um país de cérebros ou de “software intelectual”. Não é pouco comum falar da India simbólicamente como a origem do software mundial. A história deste país no campo académico surge a partir de 1951 quando o primeiro ministro na época, Jawaharlal Nehru, lançou o primeiro dos futuros 7 Institutos Indianos de Tecnologia (IIT). Esta iniciativa permitiu que desde então e nos 50 anos seguintes, centenas de milhares de indianos viessem a frequentar inúmeros cursos universitários e se formassem nos ramos das ciências da computação, engenharia e software. Por outro lado a criação de seis Institutos Indianos de Gestão (IIG) onde se ensina administração de empresas, permitiu que centenas de milhares de jovens tivessem acesso livre a um elevado e ímpar nível de conhecimentos e desenvolvimento pessoal assentes na meritoracia. A India transformou-se assim numa enorme fábrica de capital humano de elevado potencial e conhecimento passando a ser um exportador de talentos ao nível das ciências, matemáticas, engenharias e administração de empresas.


Segundo o economista Viassa Monteiro num artigo publicado no Expresso de 5 de Agosto de 2006, a India possui uma mão de obra altamente qualificada composta por cerca de “3 milhões de cientistas dos variados ramos do saber. Graduam-se actualmente, em estudos superiores, 3 milhões, dos quais 300.000 em engenharia e 200.000 em cursos técnicos”.

Não sendo, por razões políticas e sociais, um país atractivo para trabalhar e reter os seus cérebros, daqui resultou uma grande vantagem para um outro país, os EUA. Estes foram os compradores de uma enorme massa cinzenta talentosa, com elevado nível de instrução. Segundo Thomas L. Friedman no seu livro “ O Mundo é Plano”, nos últimos 50 anos perto de 30 mil licenciados das melhores escolas indianas transferiram-se para os EUA para trabalhar e desenvolver as suas carreiras e conhecimentos, o que contribuíu para enriquecer o saber, a inovação e o conhecimento na América.

Segundo fontes jornalísticas nacionais, há na índia 7,7 milhões de profissionais nas áreas tecnológicas e científicas, dos quais 970 mil são engenheiros licenciados. No entanto a fuga para o exterior é ainda elevada. Até 1977 cerca de 35% dos estudantes dos IIT iam para o estrangeiro. Hoje apenas 15% dos cérebros o fazem.

Segundo ainda Thomas L. Friedman no mesmo livro e citando o The Wall Street Journal de 16 de Abril de 2003, referindo-se à qualidade dos Institutos Indianos de Tecnologia e ao nível de excelência e exigência na admissão dos mesmos, através do testemunho de um estudante Indiano, dizia este que “ Não havia forma de subornar a entrada num IIT... Os candidatos apenas são aceites se passarem num difícil exame de admissão. O governo não interfere com o currículo e a carga horária é exigente... Embora seja discutível, é mais difícil ser admitido num IIT do que em Harvard ou no MIT...”.

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