Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, novembro 10, 2009

“ Condenados à Diferença ? “


Assinalaram-se esta quarta-feira os 20 anos da queda do Muro de Berlim.

Foi sem dúvida um dos grandes acontecimentos do Século XX, que teve como impulsionador indirecto o então Secretário Geral do Partido Comunista Soviético.

Mikhail Gorbachev anunciou em 1988 que a União Soviética abandonava oficialmente a Doutrina Brejnev, ao admitir que a Europa de Leste adoptasse regimes democráticos, se desejassem.

Isto levou à corrente de revoluções de 1989, nos países de leste, através das quais o comunismo “colapsou”. Revoluções essas que se realizaram de forma pacífica, como na Alemanha, com a queda do muro de Berlim.

À queda do muro sucedeu-se a reunificação das 2 Alemanhas ( Oriental e Ocidental ) e a promessa de uma vida melhor para os Alemães de Leste.

Apesar dos empolgantes discursos ( como o de Gordon Brown ) na cerimónia de comemoração dos 20 anos da queda do Muro de Berlim ( alguém sabe dizer-me porque Obama não foi tendo-se feito representar por Hillary Clinton ? ), apesar destes empolgantes discursos dizia eu, a verdade é que as diferenças entre os cidadãos da Alemanha de Leste para os seus compatriotas da parte Ocidental continuam vincadas.

Os jornalistas diziam que bastava olhar para o modo como as pessoas se vestiam para saber se eram de Berlim Ocidental ou de Berlim Oriental. Isto e o facto de se ouvir dizer que “ O Muro ainda não caiu”, refrearam-me um pouco o entusiasmo nestas comemorações, apesar da simbologia e beleza estética da queda de um muro feito por infindáveis peças de dominó.

Muitos habitantes de Berlim Oriental e muitos habitantes da antiga RDA em geral continuam passados 20 anos, a ter más condições económicas e fraco acesso a emprego.

Não pretendo aqui cavar mais um discurso pessimista. Pretendo apenas referir que mudanças tão profundas como esta, que as duas alemanhas estão ainda a atravessar, levam muitos , muitos anos a efectuar, ultrapassando gerações. Não é fácil a gestão de expectativas.

Muitas vezes, lá como cá, palavras como igualdade de oportunidades soam muito bem, mas têm pouca tradução prática e compete a cada um de nós, não baixar os braços e lutarmos por vencer batalha a batalha, a luta contra as diferenças.

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Otávio

Mas li e tive a oportunidade de saber que é do lado de Berlim leste que existe maior vida cultural expressa por mais movimentos de cultura, mais eventos temáticos, maior animação teatral, pintura e literatura...

Talvez os berlinenses de leste não estejam assim tão adormecidos