Dois casos diferentes motivam esta reflexão.
1º Caso – Filho de Durão Barroso apanhado com haxixe
2º Caso – Ladrões furtam portátil de Miguel Sousa Tavares
O 1º caso relata que um dos filhos do actual Presidente da Comissão Europeia foi detido na passada quinta-feira em Lisboa, quando estava a enrolar um charro. Tinha na sua posse 6,37 grs de haxixe, o que, de acordo com a lei é considerado tráfico, pois a quantidade permitida para o consumo médio individual durante o período de 10 dias parece estar fixado em 5 grs.
Estamos sempre a ver pessoas condenadas antecipadamente, em privado, ou na praça pública.
E logo nos apressamos a perguntar: será que ele não sabia que não podia fazer isto ou aquilo?
Temos também a convicção de que só os menos inteligentes, ou os menos avisados é que erram. Pergunto-me então se o filho de Durão Barroso estará numa destas situações. Talvez não e, tendo os pais que tem, ele está naquele grupo de pessoas que supostamente não deveria errar, mas errou, porque errar é humano.
Também se erra muitas vezes por distracção ou falta de uma reflexão mais profunda sobre as implicações nos actos cometidos. Penso que se erra sobretudo por se ter uma visão parcial das situações.
Poderá Durão Barroso ser acusado de não dar a devida atenção ao seu filho, ele que tem a preocupação de dar a atenção a mais de 300 Milhões de pessoas? Talvez sim, de qualquer modo o seu filho Guilherme, que tem 22 anos de idade, saberá certamente assumir o erro que cometeu e mais do que uma condenação severa por apresentar 1,37 grs a mais do que é permitido, julgo que o mais indicado será a adopção de medidas que o façam reflectir nos perigos que o consumo de drogas apresenta. Quando as pessoas estão dispostas a distinguir o certo do errado, deve-se sempre apoiá-los e não condená-los.
O 2º Caso relata o incidente verificado em casa de Miguel Sousa Tavares, ou seja o assalto que fizeram à sua casa na Lapa, tendo-lhe furtado o computador portátil, que continha o único exemplar do último livro que estava a escrever.
Diante da perda de «um ano de trabalho» Miguel Sousa Tavares faz um apelo a quem lhe roubou o computador para lho devolver. «Trocava qualquer coisa pelo meu disco rígido. Até era capaz de dizer ‘venha cá e escolha o que quiser, mas devolva-me o meu trabalho!’».
Esta já não é a primeira vez que Miguel Sousa Tavares é assaltado. Uma casa que o escritor teve no Campo de Santana, em Lisboa, também foi assaltada, mas dessa vez levaram tudo o que tinha de valor. Miguel Sousa Tavares declarou ao jornal 24 horas que depois dos acontecimentos do fim-de-semana, já está a instalar um alarme de segurança e vai mandar montar grades nas janelas.
Perante o infortúnio de Miguel Sousa Tavares não posso deixar de questionar:
- Porque será que uma pessoa tão inteligente e tão culta como ele, não se lembrou de fazer uma cópia de segurança do seu trabalho?
- Porque será que uma pessoa tão inteligente e tão culta como ele, não se lembrou de fazer uma cópia de segurança do seu trabalho?
Custa-me sinceramente ver milhares de pessoas inocentes, cultas ou incultas a serem tão castigadas pelos erros que cometem. Se Errare humanum est, não deveríamos ser tão punidos pelos erros que cometemos.
O caso do ano de trabalho roubado de Miguel Sousa Tavares é sobretudo confrangedor. Não será certamente por dificuldades financeiras que ele não se lembrou de comprar um disco externo, ou um gravador de dvd´s ou de cd´s, ou qualquer outro meio que lhe permitisse ter uma cópia do seu trabalho.
Parece-me demasiada ingenuidade, confiar tanto num portátil. Eu não confio a minha vida no meu portátil. O portátil ou um computador pessoal são apenas um meio de trabalho ou de lazer, mas não podemos depositar neles demasiada confiança ou informação demasiado importante.
Com estes dois casos, pretendi chamar a atenção de que os avisos e a prevenção nunca são demais. Estamos sempre a errar e embora isso não nos torne mais humanos, não podemos ser penalizados em demasia por esses erros. Também não acredito que quem não erra, não é humano.
Julgo que o erro é uma tendência e é nosso dever partilharmos conhecimentos e informações que nos permitam, como comunidades interligadas de uma sociedade livre e moderna, errar tendencialmente menos.
Só a minimização dos erros, traz a minimização de dissabores.
1 comentário:
Caro Otávio
Erra é humano. Mas há erros e há...erros. Se nos casos que te referes, ambos os intervenientes(directos e indirectos) merecerão uma oportunidade de corrigir as falhas, já outros casos existem em que, nada mais do que a punição, poderá resolver o problema. Lembremo-nos por exemplo dos crimes de sangue...
Um abraço
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