Não param de chegar à imprensa ecos da crise internacional. Descrevo aqui dois casos com forte ligação a Portugal e aos trabalhadores portugueses:
1. Reino Unido enfrenta «risco grave» de recessão
A economia do Reino Unido enfrenta um «risco grave» de entrar em recessão, adverte um relatório da BCC (British Chambers of Commerce) divulgado na imprensa britânica esta terça-feira.
O mais recente inquérito da confederação de câmaras de comércio sublinha que as empresas de serviços, sector que pesa três quartos do produto, detectaram sinais «alarmantes» de deterioração no segundo trimestre.
As perspectivas de deterioração da conjuntura são acentuadas pelo aumento dos custos de factores de produção na indústria e aperto nas condições de acesso ao crédito bancário.
De acordo com a BCC, 45% das empresas espera um decréscimo de encomendas superou. Este número supera, pela primeira desde 1990, o universo daquelas que projectam aumento de pedidos.
De acordo com a BCC, 45% das empresas espera um decréscimo de encomendas superou. Este número supera, pela primeira desde 1990, o universo daquelas que projectam aumento de pedidos.
O relatório realizado com base em inquéritos a cerca de 5.000 companhias refere que, além do abrandamento da actividade, as dificuldades financeiras do próprio Tesouro britânico complicará ainda mais a vida das empresas, acentuando a falta de confiança das famílias e o consumo.
2. A economia espanhola, liderada por Zapatero, enfrenta riscos crescentes de recessão em paralelo com uma inflação ao ritmo mais elevado num quarto de século,
A inflação anual da Espanha aumentou para 5% em junho, seu mais alto patamar em uma década, puxada pela alta dos preços internacionais do petróleo.
Os preços ao consumidor subiram na Zona do Euro nos últimos meses, devido à alta dos preços do petróleo e dos alimentos. O efeito tem sido especialmente agudo na Espanha porque os alimentos têm um grande peso no índice de preços ao consumidor do país e porque a Espanha tem uma grande dependência das importações de petróleo.
Muitas vezes se diz que “com o mal dos outros podemos nós bem”.
Mas nem sempre assim acontece. A boa saúde das economias do Reino Unido e da Espanha muito interessa aos portugueses. A Espanha é um dos principais destinos das nossas exportações e ambos os países têm sido na última década, locais de acolhimento de dezenas milhares de portugueses que procuram nesses dois países o trabalho que não encontram em Portugal.
Com ambos países a ameaçarem seriamente entrar em recessão, poderemos assistir ao regresso forçado dessas dezenas de milhar de emigrantes que chegarão ao nosso país com partiram, ou seja, sem nenhuma perspectiva de poder exercer um dos direitos mais básicos de qualquer cidadão, o direito ao trabalho.
Com a dificuldade do Governo Português em promover uma criação líquida de emprego positiva, estas más notícias externas vêm em má altura. Tornam ainda mais difícil a nossa tarefa e a dos nossos Governantes.
Pode estar na hora de pensarmos em desenvolver uma estratégia forte, consistente, duradoura e global com Africa, um dos últimos possíveis refúgios para contrariar esta crise generalizada.
Com os países africanos de Língua Oficial Portuguesa pode e deve ser efectuado um trabalho a dois níveis: um primeiro nível de cooperação directa promovendo o seu desenvolvimento assente sempre que possível na exportação de nossos produtos e serviços. E um segundo nível, que seria a utilização desses países como plataformas de fomento de relações com os outros países africanos.
Dada a importância desta questão, espero voltar a ela em breve, aguardando entretanto que outros Fresianos, partilhem as suas opiniões e experiências sobre a viabilidade ou não deste caminho.
1 comentário:
Excelente artigo
De facto uma recessão no Reino Unido e na Espanha certamente afectarão a nossa economia.E directamente. Senão vejamos: ordem de prioridades e intensidade das nossas exportações:
Espanha
Alemanha
França
Reino Unido
Angola
Significa isto que qualquer recessão naqueles dois países terão um efeito negativo nas nossas empresas exportadoras e no emprego (directa e indirectamente). Directamente pela quebra da actividade que provoca aumento de desemprego, indirectamente pelo factor do regresso da emigração que tão bem referiste.
Quanto à África Lusófona, apenas digo isto: é talvez actualmente, o melhor (se não o único) caminho.
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