Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, julho 13, 2008

Proliferação de armas ilegais e insegurança

A semana que agora terminou trouxe de novo às primeiras páginas vários cenários de violência urbana.
A insegurança foi desde as praias, onde na praia da Torre em Oeiras se vêm repetindo com demasiada frequência, cenas de pancadaria entre gangs rivais, até à Quinta da Fonte no Concelho de Loures, onde assistimos a cenas dignas de um qualquer filme de cowboys americano, onde em pleno dia e na rua principal do referido bairro, demasiadas pessoas disparavam tiros, numa luta entre grupos rivais.
Comum a estes e a outros cenários, está a presença de um incrivelmente levado número de armas ilegais. Em Portugal, excluindo as forças armadas e as restantes forças de segurança, a maior parte das armas legais encontra-se na mão dos caçadores que desenvolvem nos períodos e locais estipulados por lei a sua actividade de caça.
No entanto e apesar de já se estarem a fazer esforços no sentido de diminuir e controlar o número de armas ilegais, ninguém sabe com rigor, quantas armas ilegais existem em Portugal e na posse de quem é que estão.
Ouve-se também dizer que não é muito difícil adquirir armas ilegais em Portugal, o que parece ser verdade a avaliar pela quantidade de armas que só nos confrontos da Quinta da Fonte foram utilizadas.
Vamos a meio do ano e já tivemos as notícias mais incríveis.
Foi o caso de Moscavide onde uma pessoa que foi assaltada e estava a ser agredida pelos seus assaltantes, decidiu, imagine-se lá porquê, refugiar-se na esquadra da polícia, acabando por ser perseguida até ao seu interior, tendo continuado a ser agredido e agora com a companhia do único policia que se encontrava na esquadra e que acabou também por ser agredido.
Foi o caso de 2 assassinatos no espaço de uma semana, um em Sacavém e outro no Centro Centro Comercial Oeiras Parque.
Foi ainda o mais recente caso também completamente inqualificável da agressão aos juízes em Santa Maria da Feira, tendo representado um ataque também ele inadmissível num Estado de Direito.
Estes são apenas alguns dos casos mais mediáticos e estão longe de representar todos os casos de violência que varrem o país de norte a sul. Nem as ilhas escapam, vendo por exemplo o caso da Madeira onde grupos de jovens entretêm-se a agredir pessoas só com o intuito de filmar as agressões e colocá-las na internet.
Disse num comentário recente que questões como a da segurança, acabam por ficar para segundo plano quando estamos perante questões graves de ordem económica. No entanto devo voltar um pouco atrás e admitir que devemos todos esperar que os nossos governantes façam mais pela segurança de todos nós inclusivé pela segurança dos próprios polícias.
Este fim-de-semana vimos uma grande presença do corpo de intervenção na Quinta da Fonte.
Parece que só uma força dessa natureza consegue desmotivar os grupos rivais.
Que dizer ou fazer então com outras centenas de ocorrência onde apenas 2 ou 3 ou 4 policias, sem qualquer outro tipo de apoio ou protecção, avançam para tentar controlar situações igualmente explosivas nesses e em tantos outros bairros problemáticos dos grandes centros urbanos ?
Precisamos mesmo de ver reforçadas as medidas no campo da segurança, para que todos possamos andar de dia e dormir de noite, mais descansados.

1 comentário:

Mário de Jesus disse...

Um verdadeiro Estado de Direito e uma verdadeira democracia sã e robusta passa por um papel do Estado interventor nas seguintes principais áreas:
saúde
educação
justiça/segurança física e cívica

Tudo o resto pode(e deve) ser liderado pela iniciativa privada. É assim nos países onde mais invejamos (e copiamos)o modelo económico e social (leia-se países escandinavos por exemplo).

Posto isto, tal significa que o estado está a falhar pelo menos neste capítulo que referes neste artigo (e sobre os outros dois campos nem me pronuncio pq não vêm agora ao caso).

Solução: mais polícias formados e preparados na rua. Melhor funcionamento dos tribunais e celeridade dos julgamentos e decisões judiciais. Acerto na política de justiça é indispensável e fundamental para que um país ou uma economia/sociedade mereçam o apreço dos outros, concorrentes ou parceiros.