Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

segunda-feira, julho 07, 2008

Aprendendo com os verdadeiros especialistas

No passado dia 18 de Maio, a nossa colega Cecília Santos escreveu aqui no blogdofres um brilhante artigo intitulado “As razões da fome”.

Volta este tema a ser notícia agora a propósito do início de mais uma reunião do G8, alargada a membros convidados
Do seguinte link retirei alguns dos seguintes parágrafos.
“ A alta dos preços dos alimentos ameaça inverter todos os avanços globais em termos de desenvolvimento e levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo abaixo da linha de pobreza, advertiram hoje o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
A declaração de ambos foi feita na ilha de Hokkaido, no Japão, onde decorre a cimeira anual do G8, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.
Ambos haviam participado antes numa reunião com os líderes do G8 e oito chefes de Estado ou governo africanos.
Ban e Zoellick pediram aos países do G8 uma acção urgente para combater a actual crise e para prevenir futuras altas nos preços dos alimentos.
Segundo o secretário-geral da ONU, o mundo enfrenta três crises simultâneas e interligadas - dos alimentos, do clima e de desenvolvimento - para as quais são necessárias soluções integradas.
«Os nossos esforços até agora têm sido muito divididos e esporádicos. Agora é a hora de termos uma abordagem diferente», afirmou Ban.
«A ONU está pronta para ajudar com todos esses desafios globais», disse, acrescentando que «cada dólar investido hoje equivale a 10 amanhã ou a 100 no dia seguinte».

O presidente do Banco Mundial afirmou que a actual crise é uma oportunidade para que o mundo consiga alcançar um caminho de desenvolvimento a longo prazo, mas que para isso é necessário um comprometimento dos países ricos em mais investimentos.
Acrescentou que investimentos em projectos como irrigação podem ajudar a expandir as colheitas, principalmente em África, e ajudar a combater a escassez global de alimentos.
«Só 4,9% das terras aráveis de África são irrigadas, contra 40% no Sudeste Asiático», disse, salientando que os caminhos para possíveis soluções para os problemas actuais já são conhecidos, mas faltam mais recursos.”
Nota: Fim das frases retiradas do link acima indicado.
Sempre que há uma reunião ou cimeira importante, os participantes manifestam o desejo de que dela resultem mais do que declarações de intenções. Actualmente vivemos um problema vincado de falta de recursos. George Bush diz que a América já não está nos seus melhores momentos, indicando claramente que os mais países ricos e poderosos, já não são ( estão ) tão ricos e tão poderosos.

Que sorte terão então milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza ?
Eu não participo no G8, mas gostava de lhes dizer que aos pobres e aos que têm poucos recursos financeiros ou naturais, resta-lhes a astúcia.
“Quem não tem cão, caça com gato” diz o ditado
Pois bem nada melhor do que exemplos concretos.
Se o problema é escassez de água, porque não aprendemos com países como Israel e Omã ?
Julgo que há 2 anos atrás estiveram em Portugal, alguns peritos Israelitas em aproveitamentos hídricos. Estiveram em Bragança, uma região onde os agricultores se queixam de falta de água para regadio. Deixaram muitos conselhos mas ficaram surpresos ao verem que ao mesmo tempo que nos queixamos de faltas de faltas de recursos, administramos de forma bastante errada os recursos disponíveis, conduzindo inevitavelmente a grandes desperdícios.
Exemplos como este podem multiplicar-se por outras áreas. Se os problemas se tornam maiores e não há tempo a perder, aumentemos a nossa astúcia a combatê-los, sobretudo aprendendo com os verdadeiros especialistas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Existe mesmo muito a discutir sobre este assunto mas pelas suas particularidades e falta de tempo vou focar-me apenas no seguinte.

Que diria D. Afonso de Albuquerque (Alhandra, 1462 — Goa, 16 de Dezembro de 1515) ao ler a sugestão de seguir os exemplos de Omã na forma de gerir recursos hídricos e da queixa da sua escassez em território Nacional?

É ridículo que no nosso País nos queixemos de falta de água! Convinha mesmo mudar definitivamente de atitude relativamente aos problemas que nos afectam. A título de exemplo: temos por certo que a barragem de Alqueva esteve em projecto 30 anos! O que seria deste País se a barragem tivesse sido realizada após o seu projecto?

Do ponto de vista conjunto dos recursos hídricos, agrícola, e vegetal, existem poucas zonas no globo tão ricas como o nosso País (ilhas incluídas). Convinha mesmo perceber que o problema está na atitude, na falta de aplicação do engenho humano na sua plenitude, na procura de formas simples e casuísticas de enriquecer <> crescimentos sustentados e seguramente que não na falta de recursos nem na "pequenez no País".

Já agora, quem é que lançou o boato de que Portugal é um País pequeno!? Isto deve ter sido algum reflexo de complexo de inferioridade relativamente aos vizinhos!

MC
Nuno Maia

Nuno Miguel de Jesus disse...

Bastou que na India, na China e no Brasil, alguns (poucos) milhões comecassem a comer como seres humanos de pleno direito para o mundo tremer quanto à disponibilidade de alimentos e com o disparar dos seus preços. E Este fenómeno só agora começou.

É efectivamente um problema mas com possibilidade de ser combatido. Quando em África, quase nada está a ser produzido com os milhões de hectares disponíveis em terra arável na Ásia apenas uma pequena parte da terra disponível é produtiva, não falando no Brasil, verificamos que parte da resolução do problema está ao alcance da humanidade.

Quanto a Portugal, a água, talvez o maior bem e recurso da humanidade, está por cá bem disponível. Temos reservas fluviais, humidade q.b. e uma costa vasta com uma Zona Económica Exclusiva (ZEE) das maiores do Mundo. Sou, já o disse aqui antes e no último post, completamente favorável ao desenvolvimento de um bom plano hídrico nacional. Importa investir nas barragens e nas mini-hídricas. Importa investir e apostar num dos pontos fortes do país.

Nota: quando o país tem discutido de forma interessada o Estado da Nação, e quando o país tanto precisa de o discutir,estamos de parabéns pelos interessantes debates que temos mantido por aqui. Sinal de que estamos atentos e conscientes das nossas responsabilidades cívicas enquanto cidadãos igualmente responsáveis.

Um abraço a ambos

Mário de Jesus disse...

O comentário anterior foi meu e não, como está por lapso, do nuno Miguel.

Lá chegará o tempo em que ele haverá de participar (o que aliás já me tem pedido).