Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sábado, abril 12, 2008

O Silêncio dos competentes

Destruir sempre foi mais fácil e mais rápido do que construir.

O ser humano é um sonhador e um construtor por natureza. Ao longo da evolução da sua espécie foi, ano após ano, década após década, século após século, construindo cada vez mais, guiado pelo seu espírito empreendedor.

A arte, o engenho e o mérito da construção não são contudo extensíveis a todos os seres humanos. Muitos descobriram que esse caminho nem sempre é o mais fácil. Outros descobriram que não se trata apenas de ser mais difícil; ele é virtual impossível para quem apresenta limitações ao nível das suas capacidades intelectuais. A este grupo (que infelizmente é maioritário) resta o caminho da crítica destrutiva e do lamento constante.

As suas palavras e acções são dominadas por atitudes e pensamentos mesquinhos, em que o mais importante é enaltecerem o pouco mérito que têm e denegrirem ou ocultarem o mérito dos que realmente demonstram capacidades e atitudes positivas e construtivas.

Vêm estas palavras de encontro a um sentimento generalizado de insatisfação de uma faixa importante da sociedade.

Falo concretamente das pessoas competentes. Excelentes profissionais, que com brio e dedicação, laboram diariamente pelo bem da sua empresa ou instituição. O seu trabalho é absolutamente vital.
Nada preocupados com mesquinhices ou jogos de interesse, esses profissionais, demonstrando elevado sentido de responsabilidade, resolvem diariamente um sem número de questões e tarefas mais ou menos complicadas. E fazem-no quase sempre “na sombra”. Na sombra dos seus colegas que se entretêm com “fogos de artifício” (bons para os olhos das chefias), e na sombra dos próprios chefes, quando também eles demonstram limitações na capacidade de avaliação correcta e isenta do trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores.

Numa altura em que cada vez mais se fala na promoção do mérito e na importância da avaliação de desempenho, é importante chamar a atenção dos nossos líderes e chefes, para olharem com atenção para o trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores.

Fica aqui uma dica. O trabalhador que executa bem apenas uma tarefa, tem “pressa” que o seu chefe reconheça o mérito do seu trabalho. Pelo contrário, o trabalhador que executa bastantes tarefas bem, com ritmo elevado e com regularidade, tem como principais preocupações que os trabalhos sejam feitos, bem e com competência, mantendo-se todavia em silêncio relativamente aos seus méritos.

Qual destes dois caminhos será o mais correcto?
A história tem teimosamente demonstrado que é o primeiro.
A bem do aumento da competitividade das nossas empresas e instituições e do reconhecimento dos que querem fazer um trabalho positivo, era bom que os chefes apreciassem mais o segundo.

5 comentários:

alfredo motty disse...

Octávio,
Excelente artigo. Parabéns. Infelizmente é este o cenário tipo das organizações portuguesas onde o mérito não impera mas sobressaem o "polidor de chefes". Chefes há muitos. Lideres com visão é que não. Precisamos de lideres visionários com forte componente de gestão de RH e menos chefes.

Mário de Jesus disse...

Caros amigos

O problema sábiamente aqui colocado pelo Otávio, reflecte o que se chama o problema da liderança. Vamos chamar o João Mateus a este debate pois este é um tema que o interessa e do qual é estudioso. Penso que o pensamento do Otávio está correcto mas o problema é mais profundo. Tem a ver com as próprias competências dos líderes. Estes devem perceber a diferença entre os seus colaboradores e conseguir entender/perceber/aferir sobre os diferentes graus de competência das suas equipas. E devem promover um ambiente de verdadeira frontalidade premiando o mérito, corrigindo, orientando, clarificando. Um bom líder não se deixa intimidar nem enganar com falsas conversas. Um bom líder distingue os valores, os pontos fortes e fracos, ajuda os seus colaboradores a melhorar/reforçar os seus pontos fracos e a combater e eliminar os seus pontos fracos.

Depois avalia e premia os melhores de forma diferente.
Um abraço

Mário de Jesus disse...

Desculpem, pretendia dizer que o bom líder ajuda os seus colaboradores a melhorar e reforçar os seus pontos fortes e a combater e eliminar os seus pontos fracos.

Abraço

Anónimo disse...

Parabéns pelo artigo.

Nem todos chefes desenvolvem as capacidades de ser lider.
Fazem falta mais verdadeiros lideres.

Mário de Jesus disse...

Caro anónimo

O seu comentário é bem vindo, em especial pela sua pertinência. De facto um chefe não é por si só um bom líder (muitas vezes é exactamente o contrário). Um líder afirma-se pela sua personalidade e impõe-se quase sempre naturalmente. Um chefe, muitas vezes é imposto. O líder afirma-se espontâneamente e é reconhecido como tal. Um chefe muitas vezes tem que ser reconhecido como quem manda.
Chefes há muitos bons líderes escasseiam.