Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

terça-feira, abril 15, 2008

Não esquecer de (con) viver

Nos dias de hoje uma das frases que mais ouvimos é:

“ Agora não tenho tempo “

Não deixa de ser irónico, controlarmos tanta coisa e não termos tempo para controlar o nosso tempo.

Não se iludam amigos, o tempo que hoje têm é precioso.
Deixar que obrigações impostas por nós mesmos ou obrigações vindas do exterior, preencham a totalidade do nosso tempo, é e será sempre um erro.

Curioso é verificar que muitos de nós nem terão tempo, para se aperceberem que desperdiçaram a maior parte do tempo das suas vidas com futilidades.

É preciso acontecer algo bastante forte, por vezes até dramático, para que sejamos obrigados a sair da nossa “loucura diária” e paremos um pouco para ver e escutar o que está em nosso redor.

Dentro do realismo de que as obrigações aparecem em primeiro lugar, tenhamos coragem para ser simples de vez em quando.

Não menosprezemos as nossas capacidades e a importância das nossas palavras e dos nossos actos. Uma palavra dita ou escrita por nós, pode parecer algo irrelevante, mas não o é, antes pelo contrário.

Queremos sempre que sejam os outros a ter tempo para fazer mais e melhor.
Sim porque nós não temos tempo. Temos coisas importantes e inadiáveis para fazer e essas tarefas vão ocupando diária, semanal, mensal e anualmente o nosso dia-a-dia.

Entretanto, os anos vão passando e nós protestando.
Protestamos contra os governos, protestamos contra as oposições, protestamos contra tudo e contra todos. Apesar de não termos muito tempo, existe sempre tempo para protestar e criticar os outros. Esses outros são aqueles que muitas vezes estão usando o seu tempo para nos criarem melhores condições de vida.
“Mas estão a fazê-lo mal, seguindo os caminhos errados, dizemos nós “

E qual é então o caminho certo ?

Nós sabemos mas não temos tempo para o dizer.

Talvez se chame a isto hipocrisia.

Eu prefiro chamar-lhe desperdício de recursos e talentos.

Não se pede nenhum milagre a ninguém, quando se solicita que dentro dos seus saberes e da sua experiência, nos transmita algo de relevante e produtivo para a comunidade.

Talvez ainda exista outro factor que se esconde por baixo da desculpa do tempo. Esse factor é o egoísmo. Preferimos por egoísmo manter todos os nossos trunfos do nosso lado.

Ainda bem que quem inventou a roda, os post-its, o rádio, a televisão e os telemóveis não foram egoístas.

O mundo pode ser um local maravilhoso se nós tivermos do nosso lado uma série de “trunfos”.

Mas se tivermos a coragem ( e o tempo ) para fazer multiplicar esses trunfos, o mundo pode ser ainda um local muito mais maravilhoso.

Administrem o vosso tempo da melhor forma que souberem, mas não se esqueçam de ( con ) viver.

2 comentários:

Cecília Santos disse...

Reflexão filosófica esta. Profunda e introspectiva. Muitas vezes a fiz. Faz bem e sabe bem (embora nem sempre nos apercebamos). Foi e tem sido contra o argumento da falta de tempo que me tenho igualmente batido no seio do FRES, porque factor inibidor de uma maior participação. Vale sempre a pena esta introspecção. Sem o domínio do tempo(que nos domina) nunca nada faremos.

Um abraço

Mário de Jesus disse...

Otávio

O comentário anterior foi meu embora aparecesse com o nome da Ceci.

Abraço