Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quinta-feira, novembro 08, 2007

Reformas no Sistema Nacional de Saúde - III


3.Que investimentos alternativos?

Em face das limitações orçamentais onde é que se torna prioritário investir? Em megaestruturas como o novo aeroporto na OTA ou no TGV? Numa nova cidade aeroportuária? Ou em novos hospitais e centros de saúde adequados às características demográficas de uma população cada vez mais envelhecida? Se o país não apresenta capacidade financeira para abraçar todos os grandes (e importantes não temos dúvidas) projectos, terá que fazer escolhas e opções. E estas parecem-nos claras. Não há estado de direito verdadeiramente solidário e social que não proporcione aos seus concidadãos a dignidade de uma saúde tendencialmente gratuita mas onde se favoreça de igual forma um serviço de saúde privado, visando este naturalmente o lucro, como uma qualquer outra actividade económica mas exigindo-se dele a melhor qualidade.

O que terá maior impacto na competitividade, notoriedade ou reputação do país face ao exterior? Aquelas infra-estuturas ou uma rede de hospitais e unidades de saúde do melhor nível, com profissionais de saúde altamente motivados e dedicados, que sirva não só os cidadãos nacionais mas todos aqueles que nos visitam (temos uma população europeia igualmente envelhecida) tornando assim o país apelativo e atractivo a quem nos pensa visitar? Não será o turismo uma das apostas estratégicas de Portugal para o futuro?

Pensamos que para a coexistência de um bom serviço de saúde público com um privado de elevado nível podem adoptar-se nalguns casos o modelo das parcerias público-privadas, do qual resultará, se desenvolvido de forma correcta e eficaz, uma solução favorável à população. Parece-nos lógico combinar a experiência pública e a capacidade financeira do estado na área da saúde, com os meios e experiência de gestão que alguns operadores privados podem trazer para esta relação. Há na Europa bons exemplos destas parcerias, que funcionam com benefícios e custos equivalentes para ambas as partes ( à parte o modelo de saúde nórdico que privilegia o papel e a responsabilidade social do estado nesta área e que é no entanto um modelo de sucesso).

1 comentário:

Anónimo disse...

O aeroporto da Portela auxiliado por um outro, que poderia muito bem ser a base aérea do Montijo, transformada em 2.º aeroporto de Lisboa para voos de 'baixo custo', serviria muito bem e até ficaria muito mais barato.

O dinheiro que se pouparia era muito melhor aplicado, melhorando os cuidados de saúde dos portugueses que se encontram nas 'ruas da amargura', e não será de admirar a redução da 'esperança de vida' que melhorou apenas como efeito do 25 de Abril de 1974 e da criação do Serviço Nacional de Saúde e estendeu a toda a população os cuidados de saúde.

Eis serviços que precisam de melhoria urgente e onde o dinheiro poupado seria muito melhor aplicado do que para a construção de raiz de um novo aeroporto:

Resolvam os problemas das crescentes dificuldades em se conseguir uma consulta nos Centros de Saúde? Muitos doentes têm que ir de madrugada para obterem uma consulta e por vezes nem a conseguem.

Admitam médicos para que todos os doentes tenham um médico assistente ou de família.

Os médicos de família não estão a mandar fazer os exames de rotina, conforme se aconselha na própria televisão. Até parece que estão sujeitos a cotas que não podem ultrapassar e que por isso estão impedidos de os prescrever.

Facilitem a marcação de consultas nos Hospitais públicos. A consulta da especialidade tem que ser prescrita pelo médico de família, que é por vezes muito difícil convencer. Por não ser uma área do seu conhecimento não conhece por vezes os sintomas que apontariam uma consulta da especialidade. Depois da marcação dessa consulta há que esperar por vezes meses e frequentemente anos pela dita, a qual chega às vezes por isso depois do doente ter já falecido.

Finalmente, depois do médico especialista confirmar sobre a necessidade de uma intervenção cirúrgica há fazer demoradamente mais exames e ser incluído numa lista de espera, a qual pode demorar anos. O doente é frequentemente convocado para a operação só depois de ter morrido.

Aumentem ou, pelo menos não reduzam a comparticipação na compra dos medicamentos.

Reabram os Centros de Saúde, Serviços de Atendimento Nocturno, Hospitais e Maternidades que foram fechados pelo Governo.

Contratem médicos, enfermeiros e demais funcionários para substituir os que se reformaram ou que abandonaram a Função Pública.

Os doentes são encaminhados para suas casas muito antes da sua recuperação enquanto que os Centros de Saúde têm cada vez menos enfermeiros para o apoio domiciliário. Os doentes ficam em convalescença cada vez com menor apoio. Reforçem o apoio nessa área em vez de o reduzir.

Criem Hospitais de Retaguarda para os doentes sem recuperação possível e que são entregues aos cuidados da família, que tem que trabalhar e que por isso é obrigada a deixá-los abandonados durante todo o dia à sua sorte, como que se os familiares não trabalhassem ou tivessem capacidade económica de pagar a alguém para cuidar do familiar doente. As famílias nestas condições são muito poucas.

Não reduzam o apoio aos jovens deficientes, baixando o número de técnicos que apoiam a sua aprendizagem e integração social.

Muito mais poderia dizer sobre a área da saúde, onde até cabem os casos de pessoas a quem é recusada a reforma, apesar da óbvia incapacidade para o trabalho, conforme se tem visto na TV. Como que se incentivasse o livre abandono do trabalho sem qualquer reforma.

Zé da Burra o Alentejano