O país está em suspenso e a discussão a um nível demasiado forte. Será por causa do pequeno crescimento económico? Da tímida reforma da Administração? Da discussão sobre o QREN? Da bondade do “Novas oportunidades”? Da solução aeroportuária? De se é com PME’s ou apenas com multinacionais que recuperamos a economia?
Não, regressado de mais uma viagem ao estrangeiro, esperava encontrar um clima mais positivo. Que se discutisse o importante. Que não caíssemos no lamaçal. Que houvesse mais bom-senso e respeito pelas instituições – respeito que nos últimos anos se perdeu totalmente.
Não. Venho encontrar um país com o seu mais alto Executivo de cócoras perante uma sociedade pobre, medíocre, invejosa e mesquinha. Está a ser julgado pelo que fez no seu alto cargo? Está ser escrutinado por não ter baixado os impostos? Não, estão a encurralar o CEO do país, aproveitando para o julgar não pelo desempenho, mas pela “mentira”, pelo carácter.
Este episódio caracteriza o verdadeiro estado de guerra civil em que vive este país. Destroem-se projectos, pessoas e julgam-se acções e caracteres na praça pública, sem o menor discernimento e respeito. O que o povo inteligente mas ignorante pede é sangue, e é com sangue que os media servem o CEO do país. Em nome do valor supremo do direito à informação.
O problema é que o direito à informação se tem transformado neste país num verdadeiro massacre de personalidades e instituições. Qualquer coincidência é complicada, qualquer acto privado é à partida criminoso e de desconfiar. E, quem tem estatuto público está sujeito a ser arrastado para o lamaçal em que se tornou a vida pública nacional.
As cabalas que se inventam e que derrapam para títulos tão fáceis como criminosos e mentirosos do género “judiciária investiga”, tomaram conta do espaço publicado. Hoje qualquer indigente que não goste do vizinho ou do patrão faz queixa dele, da queixa feita faz uma notícia fácil e irresponsável. E a imprensa mesmo aquela que se dizia de referência, publica com muito gosto!
O estado das coisas faz-me aliás recordar uma célebre e hoje cada vez mais actual frase de Guterres, quando se demitiu. Fazia-o para evitar que o país se transformasse num pântano político. Pois é, foi em 2001, mas em 2007 ainda dele não saímos. E porquê?
Porque na minha opinião – e felizmente sei distinguir a minha opinião dos factos – no espaço público se perdeu totalmente o nível e o respeito. Não se respeita um empresário, não se respeita um Primeiro-Ministro, não se respeita ninguém. Para gáudio de periodistas de secretária, para quem um título justifica todos os meios, e por culpa de quem na política, vive de dinamitar os adversários e não discutir ideias e práticas, perdeu-se o respeito, perdeu-se o nível e se calhar perdeu-se o país.
Assim, logo a seguir a Guterres, Durão foi na primeira oportunidade para fora, ou para cima, só voltando um dia para o supremo cargo de corta-fitas. Seguiu-se Santana, que não foi vítima de julgamento do seu mandato, mas daquilo que se dizia do seu carácter, conduta e vícios, na praça pública ou nos seus amplos bastidores! Valeu tudo, com o apoio dos correligionários, e Santana saiu demolido, não pelo que fez ou deixou de fazer, mas por aquilo que dele se dizia – e quem o demitiu explicitamente omitiu essas razões.
Agora, não contentes com termos tido dezanove Governos, a política e os media estão a cozinhar o CEO do país em lume brando. Tudo em nome do supremo dever de informar e para julgar o carácter do homem!
Perdeu-se assim uma enorme oportunidade para em vez de destruir, escrutinar o que importa. Não se o CEO está ou não inscrito na Ordem. Mas, se faz aquilo para que foi eleito, se é eficaz e se de facto reforma.
Infelizmente, o circo em que este país se tornou, a chacota que na política e nos media se geram, perante um país inculto e crente, não deixa surpresa para que se elejam homens radicais e providenciais como as melhores personagens de sempre.
Como quem escrutina nunca pecou, como somos todos honestíssimos e como os que atacam o CEO não têm nada a esconder, como os periodistas não têm declarações de interesses e de património, tudo vale.
Não se admirem, é que de destruição em destruição de pessoas e caracteres, a má moeda substitua de vez a boa moeda que exista. Ficaremos então com os puros, os virgens, ou os vegetais e burocratas, aqueles que nunca erraram porque nunca fizeram. Ou de tão puros, tão virgens, serão beatificados nalgum plebiscito e transformados nos melhores portugueses de sempre.
Não, regressado de mais uma viagem ao estrangeiro, esperava encontrar um clima mais positivo. Que se discutisse o importante. Que não caíssemos no lamaçal. Que houvesse mais bom-senso e respeito pelas instituições – respeito que nos últimos anos se perdeu totalmente.
Não. Venho encontrar um país com o seu mais alto Executivo de cócoras perante uma sociedade pobre, medíocre, invejosa e mesquinha. Está a ser julgado pelo que fez no seu alto cargo? Está ser escrutinado por não ter baixado os impostos? Não, estão a encurralar o CEO do país, aproveitando para o julgar não pelo desempenho, mas pela “mentira”, pelo carácter.
Este episódio caracteriza o verdadeiro estado de guerra civil em que vive este país. Destroem-se projectos, pessoas e julgam-se acções e caracteres na praça pública, sem o menor discernimento e respeito. O que o povo inteligente mas ignorante pede é sangue, e é com sangue que os media servem o CEO do país. Em nome do valor supremo do direito à informação.
O problema é que o direito à informação se tem transformado neste país num verdadeiro massacre de personalidades e instituições. Qualquer coincidência é complicada, qualquer acto privado é à partida criminoso e de desconfiar. E, quem tem estatuto público está sujeito a ser arrastado para o lamaçal em que se tornou a vida pública nacional.
As cabalas que se inventam e que derrapam para títulos tão fáceis como criminosos e mentirosos do género “judiciária investiga”, tomaram conta do espaço publicado. Hoje qualquer indigente que não goste do vizinho ou do patrão faz queixa dele, da queixa feita faz uma notícia fácil e irresponsável. E a imprensa mesmo aquela que se dizia de referência, publica com muito gosto!
O estado das coisas faz-me aliás recordar uma célebre e hoje cada vez mais actual frase de Guterres, quando se demitiu. Fazia-o para evitar que o país se transformasse num pântano político. Pois é, foi em 2001, mas em 2007 ainda dele não saímos. E porquê?
Porque na minha opinião – e felizmente sei distinguir a minha opinião dos factos – no espaço público se perdeu totalmente o nível e o respeito. Não se respeita um empresário, não se respeita um Primeiro-Ministro, não se respeita ninguém. Para gáudio de periodistas de secretária, para quem um título justifica todos os meios, e por culpa de quem na política, vive de dinamitar os adversários e não discutir ideias e práticas, perdeu-se o respeito, perdeu-se o nível e se calhar perdeu-se o país.
Assim, logo a seguir a Guterres, Durão foi na primeira oportunidade para fora, ou para cima, só voltando um dia para o supremo cargo de corta-fitas. Seguiu-se Santana, que não foi vítima de julgamento do seu mandato, mas daquilo que se dizia do seu carácter, conduta e vícios, na praça pública ou nos seus amplos bastidores! Valeu tudo, com o apoio dos correligionários, e Santana saiu demolido, não pelo que fez ou deixou de fazer, mas por aquilo que dele se dizia – e quem o demitiu explicitamente omitiu essas razões.
Agora, não contentes com termos tido dezanove Governos, a política e os media estão a cozinhar o CEO do país em lume brando. Tudo em nome do supremo dever de informar e para julgar o carácter do homem!
Perdeu-se assim uma enorme oportunidade para em vez de destruir, escrutinar o que importa. Não se o CEO está ou não inscrito na Ordem. Mas, se faz aquilo para que foi eleito, se é eficaz e se de facto reforma.
Infelizmente, o circo em que este país se tornou, a chacota que na política e nos media se geram, perante um país inculto e crente, não deixa surpresa para que se elejam homens radicais e providenciais como as melhores personagens de sempre.
Como quem escrutina nunca pecou, como somos todos honestíssimos e como os que atacam o CEO não têm nada a esconder, como os periodistas não têm declarações de interesses e de património, tudo vale.
Não se admirem, é que de destruição em destruição de pessoas e caracteres, a má moeda substitua de vez a boa moeda que exista. Ficaremos então com os puros, os virgens, ou os vegetais e burocratas, aqueles que nunca erraram porque nunca fizeram. Ou de tão puros, tão virgens, serão beatificados nalgum plebiscito e transformados nos melhores portugueses de sempre.
Artigo publicado no Semanário Económico de 20 de Abril de 2007
Joaquim Rocha da Cunha
Joaquim Rocha da Cunha
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