Estava a ler atentamente um e-mail de um colega Fresiano que nos alerta para a perda de competitividade da região norte de Portugal em relação a região de Lisboa. É um facto que o norte de Portugal tem perdido competitividade no contexto nacional e internacional o que é perigoso para a coesão de Portugal como estado uno e indivisível e com capacidade de projecção internacional.
Há quem tenha apenas uma visão economicista da questão e afirme: a Espanha também tem regiões pobres como Galiza e Andaluzia e Itália também tem um norte pujante e desenvolvido e um sul pobre e com problemas de competitividade. Será que assim? será que não é motivo de preocupação? Eu julgo que sim e porquê?
- O norte de Portugal representa o modelo empreendedor privado português cuja estrutura económica é baseada em empresas de origem familiar e de pequena e média dimensão com capacidade exportadora. Claro que existem grandes grupos económicos mas esses são excepção nesse contexto geral.
- As PME do Norte de Portugal como geradoras de emprego e riqueza têm um papel estabilizador nas economias regionais onde estão localizadas e constituem pólos de desenvolvimento.
- Estas empresas actuam maioritariamente em sectores tradicionais de mão de obra intensiva fortemente expostos a concorrência internacional e dependentes de compradores/importadores internacionais que estão a comprar os mesmos produtos em mercados concorrentes dos nossos.
É necessário que os decisores políticos desenvolvem um esforço concertado de apoio as empresas com capacidade internacionalização e com gestão profissionalizada de forma a estas puderem competir nos mercados internacionais com produtos de valor acrescentado e controlarem os canais de distribuição no exterior. Para além disso deverá haver um maior esforço de cooperação inter-empresas dos mesmos sectores e sectores complementares através da formação de consórcios de exportação e de investimentos conjuntos em termos de identificação de áreas na cadeia de valor de possivel outsourcing de produção e enfoque nas áreas de maior valor acrescentado.
Gostaria de salientar também que a aposta na formação e desenvolvimento, requalificação dos recursos humanos locais dessas regiões com perda de competitividade deverá constituir uma prioridade dos poderes centrais e locais, associações de empresários e empresários no geral.
Se não colocarmos estas prioridades na agenda corremos o risco de assistirmos a um Portugal dual com um Litoral rico e de nível europeu e regiões do norte e interior com graves problemas económicos e sociais em que a única saida possivel para essas populações é ir a salto para a outra Europa ou migração para o Litoral Sul. Este cenário nota-se que cada vez mais está a acontecer em Portugal (um Portugal dual) e que nos faz lembrar o modelo económico e de assimetrias regionais que existem em alguns países da América latina.
1 comentário:
Caro Alfredo. O FRES (que somos nós)agradece a tua clarividência. Há já infelizmente um Portugal dual- é um facto. O litoral é mais desenvolvido que o interior e a grande Lisboa tem e gere mais riqueza que o resto do país. Mas são as empresas que criam riqueza, especialmente as PME's e são estas que criam emprego. Pena é a falta de cooperação empresarial de que bem falas. É o cerne do problema e poderia ser a resolução do mesmo.
Enviar um comentário