Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quinta-feira, setembro 07, 2006

Como promover Portugal

Portugal tem em curso um plano estratégico de promoção do país no estrangeiro, designado por “Programa Marca Portugal” gerido pelo Ministério de Economia e Inovação e operado pelo ICEP em colaboração com vários organismos públicos. Tendo em vista a necessidade do país em captar mais investimento estrangeiro, aumentar as exportações e atrair um maior número de turistas, tais metas só serão alcançadas se o país apresentar uma imagem positiva e de confiança no exterior, aliada a uma reputação de qualidade.

Este programa insere um conjunto de iniciativas desenvolvidas segundo 7 eixos de acção com objectivos específicos:

Eixo 1 – Padrão Portugal

Eixo 2 – Clube de Marcas Portuguesas

Eixo 3 – Difusão Portugal

Eixo 4 – Acções de Portugal Marca nos Mercados

Eixo 5 – Portugal Acolhe

Eixo 6 – “Prefiro Portugal”

Eixo 7 – Medir para Gerir

Tendo em vista o programa acima referido, Portugal deve aproveitar o marketing “Word of Mouth” como ferramenta para divulgar e promover o país no exterior. É opinião dos profissionais do sector, dos governantes e aceite por muitos portugueses, que o turismo é um dos vectores em que o país mais deve apostar, dada a qualidade de factores como a beleza natural, o clima, o mar, as praias, a gastronomia, a segurança, sem esquecer a riqueza histórica e a amabilidade intrínseca de um povo de brandos costumes. Os predicados estão cá todos. Como fácilmente percebemos, este conceito de marketing será especialmente eficaz ao nível dos eixos 5 e 6 deste programa.
Que melhor forma existe para divulgar o país que não seja pela própria palavra e através daqueles que todos os anos nos visitam? Portugal recebe todos os anos mais de 27 milhões de visitantes. Só de Espanha vêm mais de 20 milhões de visitantes - que de norte a sul do país conhecem a nossa história, cultura, lugares, sabores, tradições, gostos e simpatia. Veja-se a amplitude que pode tomar a promoção do nosso país através destas pessoas. Quem melhor do que eles para falar de nós, se puderem retornar ao seu país para contar os bons momentos e experiências aqui passadas? Mas para que isso aconteça têm que ser bem recebidos e tratados, servidos de forma ímpar e profissional, acompanhados nas suas necessidades, demonstrando-lhes interesse no seu bem estar, superando as suas expectativas ao nível da qualidade dos serviços prestados.

5 comentários:

Henrique Abreu disse...

Estimado Mario,

Excelente tópico, é de facto vital promover e projectar Portugal como marca " chapéu", como marca inovadora com uma imagem profissional que engloba todos os sectores de actividade, e não apenas aqueles mencionados no artigo.
Mas acima de tudo está nas mãos de todos os profissionais portugueses, sobretudo aqueles que têm intervenção internacional para em todas as ocasiões( reuniões, apresentações , seminários, congressos, palestras, projectos ) representarem Portugal com brio, profissionalismo, dinâmica e acima de tudo de uma forma inovadora capaz de fazer a diferença na forma como "somos" vistos .
Para que deixemos de ser considerados os " coitadinhos " da Europa , para passarmos a ser olhados com admiração e como exemplos a seguir.

Anónimo disse...

Concordo, mas o trabalho é longo e há muito a fazer.
Contudo, não deixa de ser curioso que o trabalho desenvolvido pelos nossos mui estimosos responsáveis políticos e por quem pode tomar decisões referentes a esta matéria, se confronte precisamente com a burocracia e nas Instituições criadas para o efeito. Alguem me pode explicar como pode existir uma política convergente e coordenada quando temos, e se a memória não me atraiçoa, cerca de 24 (!!!) "zonas turísticas oficiais"? Para um país enorme como Portugal não deixa de ser curioso. A ver:
Algarve, Alto Minho, Alto Tâmega e Barroso, Centro, Dão-Lafões, Douro Sul, Évora, Leiria-Fátima, Nordeste Transmontano, Oeste, Planície Dourada, Ribatejo, Rota da Luz, São Mamede, Serra da Estrela, Serra do Marão, Setúbal (Costa Azul), Templários (Floresta Central e Albufeiras), Verde Minho, Turismo de Lisboa, Turismo do Porto, Açores e Madeira.
Paralelamente existem ainda 4 Institutos ou Direcções Gerais com pelouro interventivo: Instituto de Turismo de Portugal (ITP), Direcção Geral do Turismo (DGT), Instituto de Formação Turística e Inspecção-Geral de Jogos.
Se cada um destes organismos tiver uma Direcção Geral ou Secretariado com cerca de 5 pessoas com poderes executivos ou consultivos, estas 29 "instituições" possuem 145 pessoas que têm uma palavra a dizer. Acrescente-se a Secretaria de Estado do Turismo, o ICEP (agora chama-se outra coisa qualquer) e outros que tais e pensem no ridículo da situação. Imaginem quanto tempo leva a acatar uma decisão e a implementar estratégias e definir objectivos.
Tudo isto é muito bonito mas há que dar o exemplo de cima. Em Portugal falamos muito, criticamos ainda mais, mas agimos pouco. As estruturas não são eficientes e a produtividade nem sequer é nula, porque pura e simplesmente não existe. Levam-se anos a fazer o que seria exequível num par de meses.
Portugal tem potencial. É preciso acordar e agir. Aproveitar sinergias, vislumbrar oportunidades e não esperar pelo tão ansiado subsídio ou pelo "depois vê-se". O diagnóstico não é difícil ou alguem tem dúvidas de que o caminho é este? Será que alguem discorda que é necessário apostar num branding forte? Que a formação profissional dos intervenientes do turismo é necessária? Que Portugal tem condições naturais únicas para fazer do Turismo a base de sustentação do crescimento económico? Importa é agir não na forma (como fazer ou onde fazer) mas no conteúdo (quem faz e quando faz).

Henrique Abreu disse...

Concordo plenamente com o conteúdo do seu comentário, estaria muito interessado em ouvir algumas sugestões concretas em relação a ...(quem faz e quando faz).

Anónimo disse...

Caro Henrique Plöger Abreu

A questão do turismo, tal como como outros temas vitais para o nosso desenvolvimento tem de ser analisada num prisma colectivo e numa óptica funcional das nossas instituições.
Ao olharmos para trás (e por muito que não queiramos, não conseguimos vislumbrar o futuro se não percebermos o passado) vemos demasiadas indefinições políticas.
Remetendo-nos ao último século, desde a Implantação da República em 1910 que verdadeiramente nunca conseguimos alcançar uma estabilidade política que permitisse o desenvolvimento não só económico, mas acima de tudo cultural. Ao golpe de 5 de Outubro seguiram-se anos de instabilidade política e económica, com uma pequena guerra civil pelo meio, que levou à tomada de poder pelo exército em 28 de Maio de 1926. Surgiu então o Estado Novo com o isolacionismo sobejamente conhecido e com o perfeito desprezo pela cultura e pelo desenvolvimento socio cultural da população. O 25 de Abril, trouxe-nos de novo anos de instabilidade e uma constituição perfeitamente desajustada com todos os desiquilíbrios que se conhecem, que só agora timidamente começam a ser corrigidos. Desde a junta de salvação nacional em 74 tivemos 17(!!!) Primeiro-Ministros. Dá uma média de 1 ano e 10 meses para cada Primeiro-Ministro. Definitivamente nunca tivemos um verdadeiro espírito de unidade nacional. Sempre defendemos os interesses corporativos e passámos muito tempo a discutir questões mesquinhas sem nenhum benefício para a Nação.
Posta esta "pequena" introdução, tento responder-lhe à sua sugestão: quem faz e quando faz.
A organização institucional das estruturas em Portugal peca por uma intervenção estatal demasiado pesada. Como vimos anteriormente é impossível fazer o que quer que seja de forma eficiente e coordenada quando temos mais de 20 instituições com "voto na matéria".
Penso que poderíamos obter muito mais resultados se se implementassem as seguintes medidas:
1. Dissolução de todos os Organismos, Instituições, Direcções-Gerais, Caciques, Barracas de Praia e afins, ligados ao turismo;
2. Criação de uma unidade independente, e quando digo independente quero dizer isso mesmo, que seja nomeada por um grupo de trabalho conjunto entre o Governo e os parceiros (operadores turisticos, consumidores, partidos políticos, consultores, investidores, etc.), mas independente de eleições ou de favorecimento pessoal. Esta unidade teria por missão: Elaborar um Plano Nacional de Turismo, desenhar as estratégias do sector, acompanhar o plano elaborado, fazer o elo de ligação entre o sector e o Governo de forma a ajustar as directrizes e a política externa de promoção do turismo, coordenar a colaboração entre os agentes e o plano nacional de turismo, coordenar a política nacional com as diferentes regiões, fazer a ligação entre o sector e os diferentes orgãos executivos necessários ao cumprimentos das estratégias definidas (Ministério do Ambiente, Ministério de Ordenamento do Território, Ministério da Economia, etc.), ligação com as Instituições Internacionais reguladoras do Sector, captar investimento estrangeiro e apoiar os investidores nacionais, gerir um fundo público para formação e incentivos à criação de postos de trabalho;
Esta equipa de trabalho teria uma estrutura de decisão semelhante a qualquer empresa privada. Uma Direcção-Geral e Directores departamentais para uma melhor coordenação nacional.
3. Esta unidade (em regime de exclusividade) seria remunerada por objectivos de acordo com a estratégia definida. A verba a pagar a esta unidade estratégica resultaria do inevitável aumento de receita fiscal do próprio sector;
4. Estabelecer prazos temporais para a execução das tarefas propostas responsabilizando os responsáveis por eventuais atrasos nos cumprimentos das tarefas. A responsabilização poderia passar por impedimento de exercer cargos "públicos" ou no sector por um determinado período de tempo;
5. Acompanhamento e fiscalização das políticas estruturais penalizando os agentes que não cumprissem com o estabelecido (civil e criminalmente);

A responsabilização é um processo chave nas tomadas de decisões à semelhança de qualquer empresa privada. Os responsáveis políticos não se podem desresponsabilizar dos seus actos e passar incólumes.

Muito mais poderia ser dito, mas o meu intuito era só comentar o post anterior.

Henrique Abreu disse...

Estimado Comentador,

Agradeço as Suas excelentes sugestões e contribuições intelectuais , que, em muito podem contribiur para o debate de ideais que pretendemos estimular dentro e fora do nosso forum, é gratificante ouvir outras opiniões ,daí, eu ter "lançado" este repto, no sentido de serem desenvolvidas mais algumas ideias.
Em nome do FRES, Muito Obrigado