Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, março 17, 2006

E os desafios para Portugal ?

Os desafios para as empresas portugueses que pretendem celebrar sucesso em mercados cada vez mais globais, são muitos e difíceis.
Todavia as empresas são constituídas por pessoas e são estas que estão por detrás de cada caso de sucesso ou insucesso.
A esmagadora maioria das empresas portuguesas são PME´s, cujos destinos, ou melhor dizendo, a responsabilidade da delineação do rumo estratégico a seguir se encontra, muitas das vezes, concentrada nas mãos de uma só pessoa.
Por razões históricas essa pessoa, regra geral, foi o fundador da empresa, esteve na origem da ideia inicial e no desenhar do primeiro plano de negócios, e assim se manteve. Todavia, as empresas vão evoluindo, mas, a organização delas e a capacidade de decisão nem sempre sofreu grandes alterações ao longo dos tempos.
Num mundo complexo, recheado de incertezas, enquadrado num cenário de mudança os nossos empresários necessitam urgentemente de planear estrategicamente. O que significa isso?
Bem, o tema tem sido objecto de constantes debates, inclusive nas campanhas eleitorais, mas existe alguma confusão na interpretação do mesmo.
A essência do Planeamento estratégico para as empresas resume-se, na minha opinião, no colocar de, e responder a, 3 questões chave;
1.) Descobrir o posicionamento em de uma empresa dentro do seu mercado, e qual a Sua competência “core (Missão dessa empresa) ,2.) definir o espaço de negócios que ela pretende vir a ocupar no futuro ( que tipo de oferta ( produtos e/ou serviços) ela pretenderá vir a oferecer e que nichos de mercado ela deverá vir a servir. ( testemunho de visão ). 3.) a forma de como ela pretende vir a atingir esses objectivos ( Plano de negócios ), para isso os lideres dessas PME´s deverão ter a capacidade de conduzir a sua organização através de todo o processo de mudança condicionado por um ambiente Macroeconómico bastante diferente daquele que tínhamos há uns anos atrás.
Existem algumas ferramentas de análise que podem ajudar (ex: SWAT) mas a competência mais importante para vencer este desafio é, na minha opinião, a capacidade de liderança.
Uma liderança que tenha um estilo marcadamente participativo, ou seja uma liderança que tenha por base a capacidade do gestor em inspirar e motivar os seus colaboradores no atingir dos objectivos propostos, aprendendo a delegar, incentivando a iniciativa individual, envolvendo os colaboradores na definição de objectivos e estratégias criando uma cultura empresarial que seja caracterizada por um novo estilo, mais transversal do que vertical ou seja contrário ao modelo tradicional do: “ quero, posso e mando, e quem está mal… muda-se.”
A minha visão é a de que podemos fazer a diferença no nosso país e nas nossas empresas, se “educarmos” os nossos gestores para um novo estilo de liderança que seja inovador e criativo, precisamos de instituir, comunicar e partilhar novos valores corporativos, os nossos gestores necessitam de espelhar uma imagem de entusiasmo, paixão, inspiração, ambição e uma vontade inabalável de vencer.
Criar um ambiente empreendedor dentro das empresas é acima de tudo viver, acreditar e partilhar em todas as situações um sentimento de que vale a pena apostar numa formação profissional adequada e contínua adaptada e desenhada de acordo com as necessidades pessoais de CADA colaborador. A Formação contínua deve ser como uma ida ao alfaiate; cada funcionário deve ter acesso a um pacote de formação individual “feito à medida”.

2 comentários:

Anónimo disse...

Um artigo interessante que levanta o véu da formação nas empresas, ou a ausência desta. Como me considero um indivíduo pragmático, como empresário pergunto-me - onde é que vou arranjar alguém que me dê formação a mim e aos meus colaboradores? Onde, a um preço "suportável" pela minha empresa, existem esses serviços de formação?
Serão os cursos "relâmpago" oferecidos por algumas internacionalmente renomeadas consultoras que já me tentaram vender os seus serviços dignos dos objectivos que se propõem (e dos preços que reclamam)?
Se as formações de temporalidade limitada que é possível adquirir avulso ou à medida custam o que custam, o que custará a tal formação ideal "contínua" (entenda-se - que não acaba), com custos igualmente "contínuos"?
Sinceramente compreendo e gosto de me colocar do lado dos que defendem a formação ao longo da vida, e vejo-me perfeitamente no papel do empresário incentivador de uma atitude de constante e permanente aprendizagem. Sempre fui e serei conivente com o erro como forma de aprendizagem e seria francamente feliz enquanto líder do tipo de empresas que contribuem para a formação da sociedade do "conhecimento".
Uma vez mais, como tendo a ver as coisas como elas são, vejo colaboradores que só "de empurrão" vão para acções de formação pagas pela empresa e que encaram essas formações mais pelo aspecto "lúdico" desse tempo na vida da empresa do que uma componente relevante para a sua evolução no seio da empresa e fora dela. Vejo quão escassos são os colaboradores que tomam a iniciativa de se autoformarem ou frequentarem cursos por sua própria iniciativa.
Por último, porque gosto de ser realista, gostaria de saber o que falta para que a atitude dos colaboradores seja mais pró-activa e participante, em seu próprio benefício. Também gostaria de saber porque é tão ineficaz a formação que já "comprei" para a minha empresa e colaboradores. Porque foram ou são tão ineficazes as toneladas de escudos e Euros que por esse Paíz se têm gasto em formação desde o primeiro QCA (Quadro Comunitário de Apoio) e porque é que daqui em diante será diferente?
O que me fará acreditar que a aposta no conhecimento, na formação, na educação, feita por este governo, conduzirá Portugal a um novo paradigma de desenvolvimento, quando foi precisamente o gasto em formação um dos nossos maiores e recentes fracassos?
Tenho algumas ideias do que poderá fazer a diferença, mas gostaria de ouvir a opinião deste fórum antes de arriscar a minha.
Não posso terminar sem congratular este fórum pelos seus objectivos, atitude e esforço, algo que gostaria de ver mais na minha empresa.

Henrique Abreu disse...

Estimado Senhor Empresário,

Muito Obrigado pelas suas palavras de apoio e também pela extraordinária exposição que fez do panorama da formação profissional em Portugal os principais desafios e os maiores obstaculos.
Em primeiro lugar tem de haver por parte dos empresários um particular cuidado no sentido de motivar os colaboradores para a necessidade de formação, mostrar que esta lhes pode trazer um beneficio ( fazer melhor e com mais facilidade o seu trabalho diário )e que ao melhorarem o seu "rendimento " esta melhor prestação lhes pode trazer " recompensas", (melhores condições financeiras , perspectivas de evolução de carreiras , reconhecimento pessoal etc, etc, etc, ),ou seja a formação é uma oportunidade e não uma ameaça .
Em segundo lugar , trata-se de encontar no mercado uma empresa ( ou um formador individual ) que possa fazer a cada empresa uma detecção das necessidade de desenvolvimento de cada trabalhador ( em conjunto com a direcção da empresa ), ou seja , é aqui que deve residir a parte importante e chave do trabalho a realizar,... esqueça , os folhetos com módulos de formação ( estilo pronto a vestir ), depois certifique-se de que o formador que vai ministrar as formações é um excelente comunicador capaz de motivar e inspirar os seus colaboradores ( evita que os formandos estejam horas fechados numa sala a ouvir dissertações sobre determinados temas num método, chato, aborrecido e expositivo , infelizmente o pão nosso de cada dia). Finalmente certifique-se de que há um acompanhamento pós formação da empresa formadora no sentido de monitorizar e avaliar as melhorias de desempenho de cada formando no seu dia a dia laboral, para que efectivamente, haja para a empresa, um beneficio palpável do investimento realizado na formação, ou seja o formador deverá ser em primeira linha um " personal trainer " de cada formando e a formação tem de ser ongoing e "on the job".
Irei preparar oportunamente um artigo sobre a minha perspectiva de um modelo de formação profissional mais efectivo para Portugal.