Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

sexta-feira, novembro 04, 2011

As boas notícias



Temos hoje a realçar a boa notícia transmitida através de um dos seus directores adjuntos, segundo a qual o FMI está disponível para discutir o programa de ajustamento da economia portuguesa. Tal notícia não poderia surgir em melhor data e não poderia ser mais acertada. Em especial porque irá decorrer uma missão de avaliação da implementação do programa a partir do próximo dia 7 de Novembro. Faz todo o sentido que o FMI perceba a necessidade de tal ajustamento. Significa que está a acompanhar na perspectiva certa os problemas globais europeus e a actuar em conformidade.

Foquemo-nos então nas razões da defesa desta tese. Quando o programa de ajustamento foi negociado há mais de 6 meses, a Europa estava diferente, com taxas de crescimento superiores às actuais e onde a crise da dívida soberana não tinha atingido o ponto crítico actual. Neste momento, a crise da dívida soberana agudiza-se, com países como a Espanha e Itália a pagarem juros cada vez mais elevados (a Itália pagou ontem mais de 6% por dívida a 10 anos) e a França a entrar neste rol de aumentos no custo do financiamento. As últimas notícias dizem aliás que a Itália estará já em vigilância formal por parte do FMI, o que foi confirmado pelo governo de Berlusconi que garantiu ter pedido ao FMI que monitorizasse as suas contas. Esta situação, agravada pelos casos mais recentes das dificuldades da Grécia, em especial pelo pânico criado pela hipótese de referendo à permanência na zona euro, leva a que as previsões para o crescimento económico na zona euro apontem para uma taxa de 0,2% em 2012. Ora este crescimento é praticamente zero.

Assim sendo, se todas as teses apontam para que o crescimento económico em Portugal apenas seja conseguido através do aumento das exportações, havendo, infelizmente ainda, apenas uma pequena percentagem de empresas exportadoras (serão à volta de 10%) será de prever que tal crescimento seja profundamente prejudicado e dificultado pois uma Europa que concentra 70% das nossas exportações a crescer zero, certamente que impedirá uma boa performance nesta vertente exportadora.

E como a Europa está diferente, sendo igualmente diferentes os principais pressupostos e fundamentos económicos que estiveram na base da assinatura do primeiro memorando ou plano de ajustamento, faz agora todo o sentido que este seja revisto à luz dos novos desenvolvimentos políticos e económicos observados na zona euro.
Isto sem nos referirmos ao facto de que a pesada factura da implementação do duro plano de austeridade que está a ser exigido aos portugueses, estar a atingir um limite, para além do qual é muito difícil resistir.



São por isso de saudar tais notícias.

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