Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, setembro 16, 2009

Sacar os filhos da Internet

É hora de jantar e o chamamento repete-se; “Meninos, venham jantar !”

Após repetidas chamadas os miúdos lá largam os portáteis ligados à internet, e aparecem, não para comer mas para engolir o jantar e rapidamente voltarem aos seus portáteis onde os esperam mais horas na net a sacarem jogos, filmes e músicas.
Entre conversas simultâneas com vários amigos e amigas, nas várias salas de chat, messengers, facebooks, twitters, hi5s e outros que tais, lá vão fazendo os seus downloads.
Enquanto isso, os pais que trabalharam todo o dia e contavam com aqueles minutos ao jantar ou a seguir ao jantar, lá terão de tratar sozinhos da louça, da comida para o dia seguinte e do resto que será necessário para a escola dos miúdos ou para os seus trabalhos.
Terminadas essas tarefas e apesar de cansados, têm ainda vontade de conversar um bocado com os filhos.
Infelizmente a tecnologia dos computadores já está bastante avançada mas ainda não inventaram um programa que permita “arrancar ou sacar os filhos da internet”.
E nem se pode acusá-los de não saberem comunicar.
Eles comunicam e bastante, com os seus amigos, no seu mundo.
De tanto evoluirmos, criamos vários mundos dentro do nosso próprio mundo.
Não me lembro bem da frase mas ouvi algo que diz “Solidão não é não termos ninguém à nossa volta. Solidão é estarmos rodeados de pessoas e sentirmo-nos sozinhos”.

4 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante!

EfeitoCris disse...

Brilhante é a nossa capacidade de nos isolarmos!

Problemático é a falta de capacidade para voltarmos a sermos o que éramos, quando se perder a habilidade da comunicação e da socialização!

Mário de Jesus disse...

É mesmo assim. É tal e qual.

Mas se é verdade não deixa de ser igualmente verdade que cumpre aos pais a responsabilidade de fomentar esse diálogo e partilhar com os filhos, alguns (ainda que poucos) momentos de conversa.

O jantar em família pode e deve ser o momento ideal (e talvez único) para isso.

Alguns desses minutos serão preciosos para ir fortalecendo a relação familiar.

Isabel Teixeira disse...

Sem duvida um verdadeiro retrato do quotidiano e de época (esperemos que seja uma época de pouca duração).

Como sempre as mudanças que ocorrem na sociedade motivadas pela evolução, seja ela tecnológica ou de ideias, são encaradas à priori como um mal que vai estragar tudo.

De facto estraga tudo a que estamos habituados e nós humanos somos animais de hábitos.

Neste caso é fundamental que cada familia encontre a melhor maneira de incorporar esta evolução sem que simplesmente se demita de existir como tal e passe a ser apenas um conjunto de pessoas que habitam na mesma casa.

Diria que existem 2 pontos fundamentais para que tal aconteça:

1. os pais têm de acompanhar a actividade dos filhos na internet tal como deveriam acompanhar a actividade dos filhos na sociedade, sabendo quem são os seus amigos e a que actividades se dedicam no seu dia a dia. O facto de que estejam na internet em vez de estarem no parque publico não muda nada em termos de responsabilidade.
Vai obrigar os pais a saber como funciona a internet? Não me parece que seja propriamente algo de negativo... muito haveria que dizer sobre as vertentes positivas.

2. os pais, na sua obrigação de educadores e formadores de personalidade, têm obrigatoriamente que exercer uma função disciplinar junto dos seus filhos.
Não é agradável ser disciplinado? Não, não é para ninguém. E no entanto, todos nós necessitamos de disciplina e sempre nos ressentimos na falta dela, desde crianças mas até mesmo em adultos.

É aborrecido ser disciplinador quando desejaríamos ter uns minutos de diversão com os nossos filhos? Concordo.

Mas isto de ter filhos tem muito mais que se lhe diga.

Introduzam-se regras de utilização da internet, compensem-se com conversas interessantes adaptadas à criança (também aqui, tanto haveria para dizer sobre o tipo de conversas ao jantar que podem motivar que a internet fique em 2º plano...) e os resultados serão outros.