Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

domingo, outubro 29, 2006

Educação e Formação no mercado de trabalho global-Mudança de paradigma

Na sexta-feira passada dia 27 de Outubro decorreu no hotel Embaixador em Lisboa um encontro do FRES onde se abordou a temática dos sistemas de educação e em que três membros da direcção do FRES expuseram ao público assistente três case studies de sistemas de educação: 2 europeus Alemanha e Islândia e um não europeu que foi o caso da India.
As pessoas podem perguntar ? porque é que estes oradores vêm falar de outros sistemas de educação e não do português que é o que interessa resolver? interessante questão....Contudo, o que é que temos hoje? um Portugal numa europa alargada a 25 estados-membros e a partir de Janeiro de 2007 a 27 Estados (Bulgária e Roménia) e talvez num futuro a 28 com a adesão da Turquia.

E este cenário coloca-se as gerações presentes e vindouras de Portugal: Como melhorar o nosso sistema de educação e formação num mercado de trabalho a escala global? Qualquer jovem saido do liceu ou da Universidade no minimo ( integrado no Sistema de Bolonha) vai ter que concorrer a partir de 2007 no mercado de trabalho com jovens de 27 países se cingir geograficamente apenas a União Europeia. Mas se quer entrar no mercado global tem que ter em conta países como: China, India, Singapura, Malásia, Rússia, Ucrânia, Turquia,Estados Unidos e Brasil forte emissores de mão de obra qualificada para serem trabalhadores globais.

Numa interessante obra dos cientista politicos alemães Hans Peter Martin e Harald Shumann
"A armadilha da globalização" os autores citam uma quadro dirigente da Sun Microsytems que numa conferência realizada em São Francisco consagrada ao tema: "Tecnologia e trabalho na economia global" afirmou o seguinte: " Na nossa empresa, cada um pode trabalhar quanto queira" e também não precisamos de visto para o pessoal estrangeiro. Segundo ele, os governos e as regras por estes impostas ao mundo do trabalho perderam todo o significado. Por agora são de preferência "bons cérebros da india" que trabalham quanto podem. A empresa diz esse quadro, recebe por computador eloquentes candidaturas do mundo inteiro. "Contratamos os nossos empregados por computador, eles trabalham por computador e são despedidos por computador". A mundialização da economia, as altas tecnologias de comunicação, o baixo custo dos transportes e a globalização do comércio mundial tranformaram o mundo num mercado único o que conduz a uma concorrência global no mercado de trabalho.

A maioria das empresas europeias estão a criar postos de trabalho nos mercados onde se estão a internacionalizar e não nos mercados de origem nacional. Por exemplo na alemanha os empresários dizem que os alemães trabalham muito pouco, têm rendimentos demasiado elevados, tiram férias demasiado longas e gozam demasiadas baixas por doença e os empresários quando tomam decisões de investimento olham para o leste da europa e para a Ásia onde a ética no trabalho tem valores diferentes dos europeus e os custos sociais são mais baixos.

Este é um exemplo de um cenário que Portugal deve estar atento, pois, se não melhorarmos os nossos sistemas de educação e formação as nossas gerações futuras não serão competitivas no mercado de trabalho global.

As empresas globais procuram novo tipo de trabalhadores: os chamado knowledge workers que como dizia Peter Drucker " A sociedade do saber é uma sociedade de grandes organizações - Governos e Empresas - que funcionam necessariamente com o fluxo de informação" As oprtunidades de carreira citando ainda o autor " requerem cada vez mais um diploma universitário, pois, o centro de gravidade deslocou-se para o trabalhador do conhecimento, no entanto, nenhuma instituição educativa - nem mesmo as escolas superiores de gestão - tenta equipar os alunos com as competências elementares que lhe permitiriam tornar-se membros efectivos de uma organização: a capacidade de apresentar ideias oralmente e por escrito; a capacidade de trabalhar com outras pessoas; a capacidade de moldar e orientar o trabalho pessoal, a sua contribuição e a sua carreira. A pessoa educada deveria ser o novo arquétipo da sociedade pós-empresarial.

Portugal e os trabalhadores portugueses para serem competitivos no mercado global deverão ter sistemas de educação e formação tendo em conta modelos de economias do conhecimento e não modelos de economias de mão de obra intensiva como foi implementado no passado. Se não mudarmos este paradigma estamos a comprometer as gerações presentes e futuras.

Devemos preparar as pessoas para a possibilidade de abraçarem carreiras globais e para isso as escolas devem proporcionar programas de educação e comprensão global de outras culturas e modos de viver. A chamada educação para a tolerância e global awareness.

Segundo especialistas em RH internacionais os futuros trabalhadores globais devem ter o seguinte perfil: " A estamina de um corredor olimpico, a agilidade mental de um Einstein; os skills de comunicação de um professor de linguas, a capaciade de discernimento de um juiz, o tacto de um diplomata e a preserverança de um construtor egipcio de pirâmides". E se esses trabalhadores globais vão medir as exigências de viver num país estrangeiro, deverão ter uma sensibilidade a cultural local, o julgamento moral não deverá ser muito rigido e deverão fundir-se com o ambiente local e não mostrarem sinais de preconceito".

Ao preparamos a nossa sociedade para este novo tipo de realidades no mundo laboral estamos a preparar jovens competentes e abertos ao mundo. Portugal sempre cresceu quando foi aberto ao Mundo. Vejamos a era dos descobrimentos. As novas elites que se formarem nos bancos das escolas devererão ser formadas nos principios da compreensão do : Nós e os Outros de forma a quando se depararem com situações de dificuldades não afirmarem: " o Inferno são os outros" mas somos nós próprios (Portugueses no geral: Estado, Sociedade e Empresas) que não melhoramos os nossos sistemas de educação e formação usando modelos antigos em situações novas (nova realidade internacional).

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