Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

segunda-feira, julho 10, 2006

O Pessimismo Português

Segundo o último Eurobarómetro realizado entre Março e Abril últimos, os portugueses sentem-se muito pouco realizados com a vida que levam e a larga maioria não acredita que a sua situação financeira vai melhorar nos próximos 12 meses.
Segundo este estudo, 44% dos portugueses está insatisfeito com a vida que leva. Só os húngaros estão mais insatisfeitos, com 46%. Já os nórdicos vivem a felicidade plena, a acreditar nas sondagens que revelam: 97% dos dinamarqueses e 94% dos finlandeses, estão satisfeitos e avaliam positivamente a vida que levam. Também 94% dos suecos, 92% dos luxemburgueses e belgas e 90% dos irlandeses, avaliam também positivamente a vida. Como tal é possível? Não têm o nosso sol! Nem o nosso clima, as nossas praias, a nossa gastronomia ou o nosso mar! Têm nevoeiro, humidade, chuva e frio. O suficiente para nos deixar a todos, portugueses, deprimidos. Mas eles não. Se nos compararmos com os espanhóis, esses sim, nossos verdadeiros e mais directos competidores, 88% dos espanholitos estão satisfeitos e optimistas com a vida.Já percebemos que o problema aqui não é apenas de contexto climático, geográfico ou gastronómico. É de carácter económico e psico-sociológico. Aumentemos o ordenado em 20% a todos os portugueses! E o pessimismo? Desaparecerá? Nós gostamos de viver com o fado e para o fado, de falar do nosso destino e de chorar nos funerais dos vizinhos. Falta-nos a atitude positiva, o optimismo, a energia positiva, a vontade de ser vencedor e de acreditar nas nossas forças, combatendo as fraquezas. Deve o país (as famílias e os outros grupos sociais) combater este negativismo. Acreditar que é possível, contribuir para crescer melhor, aprender melhor, ser melhor, conhecer e saber mais e melhor. Isto devemo-lo, todos, aos nossos filhos. Ensinar-lhes de pequenos a serem positivos, enérgicos, optimistas. Ensinar-lhes a combater, enfim, as estatísticas negativas. Ensinar-lhes a serem bons estudantes porque um dia valerá a pena. Fazer-lhes acreditar em Portugal e nas cores da nossa bandeira. Sim, como no futebol. Como iremos crescer mais e melhor, ser mais competitivos, mais profissionais, mais enérgicos e dedicados, se nos falta a atitude? A motivação? Se não acreditamos em nós mesmos? É verdadeiramente impressionante analisar que apenas 0,3% dos dinamarqueses, 0,5% dos holandeses, 0,6% dos suecos e dos finlandeses ou 0,8% dos belgas estão insatisfeitos com a vida que levam nos seus países. Nós, portugueses, sem termos feito absolutamente nada para com eles competir, partimos logo desde o início, com uma distância abismal desfavorável… em motivação e certamente em atitude.

2 comentários:

Henrique Abreu disse...

Mario,

Em parte é uma questão de atitude , a velha história de que para alguns o copo ainda está meio cheio, para os outros já está meio vazio........

Um abraço e um obrigado pela partilha destes dados.

João Mateus disse...

A atitude é tudo, mais importante que o passado, porque define o futuro - os "marketeers" sabem-no, sabem que não vale a pena estudar o comportamento passado para aferir comportamentos futuros. O comportamento futuro depende essencialmente da atitude no presente, como melhor estimador.
Isto tem implicações, especialmente na avaliação de recursos humanos. O que conta mais, perceber a atitude de um candidato àquela vaga na empresa ou ver o currículo do mesmo? Sim, o currículo interessa, mas apenas como previsor indirecto, como previsor da atitude passada que por sua vez é um previsor da atitude presente e que por sua vez é um previsor da atitude e comportamento futuros.