Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

segunda-feira, março 27, 2006

Desenvolvimento, interesse nacional e cultura

Sabemos já que não vale a pena copiar modelos económicos! Cada povo, cada cultura, um modelo. É desta adequação que nasce o desenvolvimento e o progresso. É algo que os economistas tentam compreender e que é tb fonte de crítica ocasional do público em geral. O enquadramento da análise económica em modelos diferentes dá origem a visões diferentes e aparentes desacordos na interpretação do presente e estimação do futuro.
A diferença de opiniões é saudável, principalmente quanto a assuntos para os quais não existem soluções exactas e absolutas! Os economistas não são nem têm que ser uma espécie de partido de classe que precise de se preocupar com uma imagem de coerência para o exterior - imaginem-se reuniões periódicas da ordem dos economistas, cujas deliberações fossem vinculativas, em que se decidisse a corrente de pensamento, interpretações sobre o estado da economia e estimativas a adoptar por todos os economistas membros - absurdo! No entanto, também é verdade que a situação conjuntural das economias pode ditar a maior ou menor adequação de determinada corrente de pensamento.
A tendencia de defesa do "interesse nacional" na economia através da "protecção" dos centros de decisão nas grandes empresas também já não convence. Olhemos para outras economias, e outras culturas, abertas e cosmopolitas, e atente-se ao seu desenvolvimento, patente nos níveis de rendimento, produtividade, de criatividade institucional e de inovação tecnológica. São a justificação do foco na relação equilibrada entre os agentes económicos nos mercados, em detrimento da defesa deste ou daquele "centro de decisão", nacional ou não. A relação equilibrada entre os agentes garante o poder ao mercado como um todo, num lugar onde a procura (o consumidor) tem a possibilidade de escolher entre ofertas alternativas que concorrem pela sua atenção, pelo seu dinheiro, pelo seu voto. Ganha a melhor oferta, ganha o consumidor, ganha uma economia onde sobrevivem as melhores empresas, não as mais subsidiadas, ganha o Estado que recebe mais impostos e concede menos subsídios, ganhamos todos!
Quanto à cultura, parece-me útil o autoconhecimento para enquadramento no que seria um modelo mais "adequado" a Portugal. Sempre com a ressalva de que é sempre possível mudar, mesmo a cultura. Um bom ponto de partida para esse autoconhecimento, numa perspectiva de comparação com o resto do mundo é o estudo de Hoefstede, onde os portugueses aparecem com traços culturais que podem ter tido alguma alteração desde o tempo em que o estudo se efectuou, mas que ainda assim nos dão uma visão da nossa posição no mundo. As diferenças entre portugueses e espanhóis são gritantes! Atente-se às semelhanças com algumas culturas Norte-Europeias ...

1 comentário:

Henrique Abreu disse...

Boa iniciativa João,

Penso que o nosso desafio é mesmo esse, o de potenciar as vantagens da nossa mentalidade e cultura, desenvolvendo/adaptando nós um modelo nosso que tenha futuro e traga mais valia ( a nossa célebre e comprovada capacidade de improviso e adaptação, por exemplo )