Fórum de Reflexão Económica e Social

«Se não interviermos e desistirmos, falhamos»

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Tá quase...

A todos os que gostam da quadra natalícia ( como eu ), aqui vão os votos de Boas Festas e Feliz Natal.

Mas como o Natal é tempo de solidariedade, não posso deixar de apoiar todos os que não gostam do Natal, por isso também para todos eles, o meu abraço solidário.

Um dos gestos em que me solidarizo com os que não gostam do Natal é na irritação ao ouvir ano após ano a Canção Last Christmas de George Michael.

No primeiro ano ( há mil anos atrás ) até achei graça.

Agora, ter de aturar a mesma música, ano após ano, é dose de Leão e como eu sou mais amigo das penas…

Enfim, tranquilizem-se amigos, quem gosta, aproveite bem o Natal.

Quem não gosta, fica a saber que daqui a 3 dias vamos ficar 11 meses sem ouvir o Last X´mas do George Michael.

Tá quase…

sábado, dezembro 19, 2009

Acordo e Consenso


O chamado "Acordo de Copenhaga", alcançado esta sexta-feira à noite entre os Estados Unidos, a China, a Índia e a África do Sul com o envolvimento de outros países como o Brasil e países da União Europeia, não reúne o consenso de todos os países representados na Cimeira do Clima, em Copenhaga. Alguns países já garantiram mesmo que não votarão favoravelmente o documento.

A Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas decorreu em Copenhaga (Dinamarca) de 7 a 18 de Dezembro, e tinha como principal missão chegar a um acordo sobre metas de diminuição das emissões de carbono (CO2). O novo documento deveria substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012, e foi discutido por cerca de 15 mil delegados de 192 países, incluindo alguns chefes de Estado. Além das novas metas de redução das emissões, tanto para os países industrializados como para os em vias de desenvolvimento, eram necessários compromissos sobre o financiamento dos esforços de adaptação às alterações climáticas por todos, mas sobretudo nos países mais pobres.
Entretido a comer filhoses e outras delícias da quadra natalícia, ainda não tive tempo de aprofundar minimamente os resultados da cimeira.

Mas uma coisa chamou-me logo a atenção.

A Cimeira foi um sucesso pois chegou-se a um acordo, mas foi um fracasso porque não houve consenso.

E não é que pode estar aqui uma das maravilhas da vida ?

Sejam as populações sejam os países , todos temos consciência de que existem problemas a enfrentar ao longo da vida. E então estamos de acordo, os problemas existem.

A seguir, passamos à fase da resolução dos problemas e aqui é que são elas.

Fazemos mil e um encontros, cimeiras mundiais com representantes de todas as partes interessadas ( ? ) e no final deveríamos chegar a um acordo.

Não sei se entretanto o significado de acordo mudou, mas para mim estarmos de acordo é dizermos todos que sim senhor é assim, ou sim senhor é assado.

Se uns disserem que é assim e outros que é assado, não estamos de acordo.

Quanto ao consenso ele estabelece-se quando duas ou mais partes chegam a um ponto comum de decisão durante uma negociação.

Mas o ser humano, o mais brilhante ( ? ) de todos os seres que habitam neste planeta, consegue uma coisa ainda mais maravilhosa; consegue chegar a acordos globais sem que haja consensos.

Também assim o fazemos no nosso dia-a-dia. Vítimas do nosso orgulho ou egoísmo, vamos estabelecendo sucessivos acordos onde o que mais importa é que a nossa opinião se sobreponha à dos outros.

Mas como estamos em tempos de tréguas natalícias, vamos descansar um pouco, desejar que tudo corra bem a todos e esperar que o ano novo, traga novas ideias às nossas mentes.

sábado, dezembro 05, 2009

A 19ª Cimeira Ibero - Americana. E Portugal?


Realizou-se no Estoril, em Portugal, no passado dia 30 de Novembro e dia 1 de Dezembro, a 19ª Cimeira Ibero-Americana.

Tive a oportunidade de acompanhar um pouco dos trabalhos e a forma, até algo informal e em directo, em como decorreram alguns trabalhos e como se tomaram algumas decisões e negociações.

Observo em simultâneo o mapa mundo e a localização dos países ibero-americanos e interpretando e reflectindo sobre as relações económicas entre Portugal e estes países. O potencial de cooperação, de comércio internacional, de crescimento de negócios com vantagens mútuas do ponto de vista económico entre todos os países participantes, são imensas. A posição geo-estratégica de Portugal como porta da Europa poderá ser essencial para virmos a desempenhar um papel fundamental na relação com estes países. Portugal não soube aproveitar ainda as oportunidades que a integração económica com estes países lhe pode proporcionar nem a riqueza de uma língua que, ainda que sendo diferente, pode ser no entanto considerada como uma lingua irmã.

Sempre defendi a adopção de uma política estratégica internacional desenvolvida através de Portugal (como eixo central) para a América Latina (em especial com o Brasil) com a Europa Comunitária onde estamos integrados não só geográficamente mas como membros de pleno direito, reféns em parte de uma política económica (e dependência financeira) quase comum, e tendo como terceiro eixo a África Lusófona.

Este terá que ser o caminho. Disse-o e escrevi-o em alguns artigos publicados 2003 após ter assistido a uma conferência em Portugal onde esteve Lula da Silva e depois de desempenhar funções profissionais no contexto da África Lusófona sendo esta hoje uma ideia defendida por muitos.

A relação com o Brasil e com a Venezuela não são de hoje, vêm de há muitas décadas e muito antes de se falar da integração de Portugal neste eixo e do advento da globalização.

Este é um tema estratégico que nos pode favorecer como país, se o aproveitarmos com visão de futuro.

Gostaria de salientar que mantenho a convicção, tal como em 2003, que parte do nosso caminho de futuro se deve direccionar para o Brasil.

É verdade que o Brasil pouco precisa de Portugal. Mas precisa. Revejamos os investimentos importantes de Grandes Grupos Empresariais Nacionais como a PT, a Cimpor, o Grupo de Pereira Coutinho (SAG) o Grupo Espírito Santo, ou a família Champalimaud ou Pestana. Estes fazem parte dos grandes investimentos estrangeiros no Brasil, os quais o Brasil agradece. Ainda por mais falando português que mais vantagens lhes trará em termos da criação de emprego local. E estes mantêm-se com sucesso.

Relembro o que disse muito recentemente Paul Krugman, o americano Prémio Nobel da economia do ano passado: desconfia da pujança actual do país (não é o meu caso) quando afirma que o perigo está eminente uma vez que "os investidores estão a gostar demasiado do Brasil" - SIC.

Mas sendo o líder mundial na produção de petróleo em águas profundas, o Brasil descansa hoje sobre uma almofada confortável para os próximos anos (mas não sabemos quantos), em especial se considerarmos que as jazidas futuras de petróleo estão, a maioria delas e das maiores, em águas profundas. Isto para não falar do café, do gado ou do açúcar onde são igualmente líderes mundiais. Como eu, sei que tu também atribuis à língua um dos mais altos valores/activos de uma Nação, como é o caso da nossa, em especial o da nossa, falada por 200? milhões de pessoas. Esta é sempre a mais forte âncora entre dois ou mais países.

Falando da Venezuela, diria o seguinte: Portugal não apresenta relações comerciais de qualquer significado com o Paraguai, o Uruguai, a Argentina, o Chile ou a Bolívia, para referir apenas alguns exemplos de países da América Latina. Porém o mesmo não se aplica à Venezuela, e de que maneira: importamos há décadas petróleo em grande quantidade.

A Venezuela não começa nem acaba com Hugo Chavez. Se é verdade que hoje é um país refém de uma espécie de ditadura moderna, o país não se confina à realidade de hoje mas também à de ontem e do amanhã. Chavez passará e o movimento de nacionalizações acabará. Assim os Venezuelanos acordem a tempo. O que importa é manter boas relações com o mundo empresarial que darão certamente frutos no futuro. Conheço (poucos é verdade) casos de empresas portuguesas que têm parcerias com empresários locais e que há 10 anos fizeram um bom trabalho no país, que estão hoje a ser de novo chamados para novas parcerias, novos trabalhos e novos projectos. Não se esqueceram de quem trabalhou bem! É disto que falo. Semear hoje para colher amanhã. E acredito que o caminho estará por aí.